A arte do ballet em exposição
O ballet e a moda têm uma relação de décadas a inspirarem-se mutuamente. O Museu do FIT, em Nova Iorque, acaba de abrir ao público uma grande exposição que conta esta história de amor. Enquanto em Paris, o Centre National du Costume de Scène, dedica uma exposição às colaborações entre criadores de moda e companhias de bailado.

Da Rússia com amor… à dança. Assim viajaram para a Europa ocidental vários protagonistas da arte do bailado, no início do século XX, dos quais se destacam o coreógrafo Michel Fokine e o produtor Serge Diaghilev. Quando os dois uniram forças e talentos para um espetáculo em Paris, em 1912, mudaram o bailado europeu numa só noite e deram a esta arte a oportunidade de renascer e de se reinventar. Na década de 1920, os Ballets Russes, companhia criada por Diaghilev, viriam a deixar a sua marca nas artes performativas, não só pela dança, como também pela forma como envolveram as artes plásticas. Pablo Picasso foi um dos responsáveis pela produção do bailado El Sombrero de Tres Picos, assim como Matisse e Braque com outras peças, e Gabrielle Chanel desenhou os figurinos de Le Train Bleu. Juntaram-se ao grupo mais dois talentosos russos: o jovem compositor Igor Stravinsky e o coreógrafo George Balanchine, e este último viria a ser cofundador e diretor artístico do New York City Ballet.
A bailarina americana Isadora Duncan dizia que "a dança é o movimento do universo concentrado numa pessoa" e, nos anos entre as duas guerras mundiais, esta expressão artística conquistou um lugar destacado na cultura ocidental e tem sido, desde então, uma fonte de inspiração para outras artes, especialmente para a moda. O Museu do Fashion Institute of Technology (MFIT), em Nova Iorque, rende homenagem a esta relação de décadas com a exposição Ballerina: Fashion’s Modern Muse, de 11 de fevereiro a 18 de abril. Estão reunidas 90 peças datadas entre as décadas de 1930 e de 1980, com peças da coleção do próprio museu, assim como com empréstimos de diferentes museus e de companhias de bailado, como Victoria & Albert Museum, o Museum of London, o Fashion Museum Bath, o New York City Ballet, Dance Theatre of Harlem e a coleção privada do editor de moda da Vogue Americana Hamish Bowles.

Esta exposição explora a influência na moda do ballet clássico e das bailarinas e coloca, lado a lado, figurinos de bailados com criações de Alta-Costura de criadores como Gabrielle Chanel, Christian Dior, Pierre Balmain ou Charles James, assim como criações de prêt-à-porter inspiradas nas roupas de treino. Os corpetes, as saias de tutu, o tule, as plumas e a paleta de rosas pálidos são os elementos mais reinventados nas coleções de moda, mas a exposição reserva espaço para abordar o papel das bailarinas enquanto ícones de estilo, como foi o caso de Dame Margot Fonteyn, uma cliente assídua de Christian Dior e de Yves Saint Laurent, que tem várias peças do seu guarda-roupa pessoal nesta mostra.
O bailado serve também de inspiração à exposição Dance and Fashion Designers no Centre National du Costume de Scène, em Paris. A mostra presta homenagem a colaborações entre criadores de moda, companhias de bailado e coreógrafos através de 120 figurinos acompanhados de fotografias e de vídeos. Patente até 3 de maio.
Ballerina: Fashion’s Modern Muse

Onde? Museu do Fashion Institute of Technology (MFIT), Nova Iorque
Quando? De 11 de fevereiro a 18 de abril de 2020
Dance and Fashion Designers Onde?

Quando? De 30 de novembro de 2019 a 3 de maio de 2020
