10 livros para devorar em isolamento
Um roteiro literário de histórias que lhe darão uma nova perspetiva da situação atual.

Ficar em casa é algo que, mesmo para os introvertidos, se pode tornar desafiante a longo prazo. É, no entanto, uma excelente oportunidade para implementar novos hábitos ou pôr a leitura em dia, longe dos ecrãs e especialmente do alvoroço das redes sociais. Reunimos 10 livros que prometem mantê-la entretida.
1. Estação Onze, de Emily St. John Mandel

Este romance, vencedor do Prémio Arthur C. Clarke, conta-nos a história de Kirsten Raymonde que nunca esqueceu a noite em que Arthur Leander, ator famoso, morre em palco, e começa uma pandemia de gripe que viria a aniquilar a humanidade quase por completo. Vinte anos mais tarde, Kirsten é uma atriz num pequeno grupo que atua entre as comunidades de sobreviventes com música e representação. Tudo muda quando a trupe chega a St. Deborah by the Water. Alternando entre as décadas antes e depois da pandemia, o romance traz-nos uma história de perseverança através da arte, e os acasos do destino que ligam as suas personagens.
2. O Poder, de Naomi Alderman
"Vai abalar o seu mundo! E depois vai fazê-lo questionar tudo" foram as palavras de Margaret Atwood para descrever esta história que troca metaforicamente a sociedade patriarcal pela matriarcal, dando um superpoder às mulheres. Os papéis são assim invertidos quando o mundo se depara com este fenómeno e a sociedade que conhecemos se desmorona. A mulher torna-se numa espécie de "predador", enquanto os homens passam a ter medo de sair sozinhos de casa à noite. Alternando entre as histórias de vários protagonistas, de múltiplas origens e estatutos, nasce um romance que explora os efeitos desta inversão de papéis, o seu impacto na sociedade e a forma como reproduz as desigualdades do mundo atual.

3. Jane Eyre, de Charlotte Brontë
Publicada no século XIX por uma das irmãs Brontë, esta obra-prima da literatura inglesa trata-se, segundo se crê, de uma autobiografia ficcionada. Depois de uma infância severa e solitária, Jane Eyre torna-se preceptora em Thornfield Hall onde se apaixona pelo seu patrão, Mr. Rochester. Embora plenamente correspondida no seu amor, Jane enfrentará um dos seus segredos mais tenebrosos, levando-a a travar uma luta interior para se manter fiel às suas próprias convicções. Uma história intemporal sobre a força do querer de uma heroína em busca da igualdade e liberdade.
4. O Pintassilgo, de Donna Tartt
Este vencedor do Prémio Pulitzer em 2014 conta a história de Theo Decker, que aos 13 anos vive em Nova Iorque com a mãe, a sua única figura parental depois do divórcio dos pais e com quem partilha uma relação especialmente próxima. O começo do romance dá-se com uma tragédia no Metropolitan Museum onde os dois estavam, que o deixará órfão de mãe. Abandonado pelo pai, Theo vai para a casa da família de um amigo abastado, apesar de nunca se adaptar completamente. Neste contexto surge uma obsessão com uma pequena pintura que a mãe lhe tinha mostrado no dia fatídico, que mais tarde o levará a entrar no mundo do crime. Uma odisseia poderosa sobre o amor, perda e sobrevivência que não vai querer pousar.
5. A Peste, de Albert Camus
Sem querer alimentar o pânico existente, esta é uma obra que se enquadra à nossa situação atual por ser um símbolo clássico da sobrevivência humana. Intemporal e avassalador, este romance foi originalmente publicado em 1947, fazendo de Camus um nome de peso na literatura moderna. Retrata a década de 40 em que a personagem principal, Bernard Rieux, tropeça num rato morto , o primeiro sinal de uma peste que tomaria a cidade de Orão, na Argélia. A cidade, sujeita à quarentena, leva os seus habitantes a estados de sofrimento, loucura, compaixão e entreajuda.
6. 1984, de George Orwell
Considerado por muitos o livro mais influente do século XX, conta a história aos olhos de Winston Smith, um funcionário aparentemente insignificante que recebe a tarefa de passar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e dos livros de modo a agradar o governo, embora fique cada vez mais desiludido com o seu papel, iniciando uma revolta contra o mesmo sistema totalitário em que vive, que pede obediência absoluta e o observa constantemente. Na sua procura pela verdade e liberdade, Winston envolve-se com a sua colega Julia, mas depressa percebe que o preço da sua liberdade terá de ser a traição.
7. Em Busca Do Tempo Perdido, de Marcel Proust
A primeira parte de "Do Lado de Swann" tem, segundo Proust, "a forma do tempo". Uma narrativa nostálgica em que o passado se entrelaça com o presente, e a memória é a derradeira forma de reconstruir o passado. Num recurso à memória involuntária, Proust constrói um universo ficcional baseado nas vivências e desilusões da sua infância.
8. Como Evitar Preocupações e Começar a Viver, de Dale Carnegie
De leitura mais leve, este livro abre-lhe as portas para inúmeras soluções e sugestões para a ajudar a resolver situações difíceis, eliminar preocupações de todo o tipo, aumentar a sua produtividade, desligar-se dos medos da crítica alheia e manter uma atitude positiva enquanto aproveita ao máximo o seu dia-a-dia. Um guia prático ideal para novos começos e autorreflexão.
9. O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir
Mais de 50 anos depois da sua primeira publicação, este continua a ser um livro de referência que trata a condição da mulher, levantando questões infinitamente pertinentes que dão azo a um debate entre as mais variadas áreas do conhecimento, desde a Antropologia à Filosofia, revelando os desequilíbrios de poder entre os sexos e a condição secundária a que as mulheres são reservadas. Considerada uma obra essencial do feminismo, coloca questões quanto ao condicionamento social que perfaz as categorias de "mulher" ou "feminino", aceites nas nossas sociedades.
10. O Amor nos Tempos de Cólera, Gabriel García Márquez
Outra prova do poder da resiliência, este romance, considerado um marco na carreira do escritor colombiano, conta a história de amor entre Florentino e Fermina na América Latina do século XIX. Ambos conhecem-se através da profissão de telégrafo de Florentino ao pai de Fermina e trocam cartas durante dois anos, até este a pedir em casamento. Depois de 4 meses, Fermina aceita, até que Lorenzo, seu pai, descobre a relação e a manda para outra cidade. Anos depois, Fermina regressa e dá o nó com Juvenal, com quem fica 51 anos até à morte deste. Florentino vê assim uma oportunidade de declarar mais uma vez o seu amor, mas será que terá sucesso?
