O que se sabe, e o que se vê no vídeo que circula, é que Claudia Sheinbaum - a atual Presidente do México, que é também física e engenheira ambiental (de formação), escolheu caminhar durante o dia com a sua equipa para um evento público, evitando fazer o percurso de carro e ficar parada no trânsito de uma cidade com cerca de nove milhões de habitantes. Enquanto cumprimentava e a conversava com várias pessoas na rua, no meio de algum aparato, aproxima-se um indivíduo desconhecido, que coloca um braço por cima do ombro da Presidente e o outro na sua anca. Depois, o homem vai subindo com as mãos até ao peito da Presidente, ao mesmo tempo que tenta beijá-la no pescoço. Tudo isto, claramente, sem o consentimento de Sheinbaum. No momento em que a presidente compreende que está a ser agarrada, afasta as mãos do homem com uma certa delicadeza e surge um segurança que afasta o indivíduo. Claudia Sheinbaum, de 63 anos, manteve um sorriso firme durante todo o episódio.
Após o incidente, a primeira mulher no mais alto cargo do governo mexicano afirmou em conferência de imprensa que iria proceder legalmente - apresentando queixa contra o homem que a abordou de forma inapropriada enquanto cumpria compromissos oficiais.
O México enfrenta dados alarmantes no domínio da violência de género. O assédio contra mulheres é, em muitos casos, negligenciado. Este caso expôs a persistência do assédio sexual nos espaços públicos e ultrapassa a agressão individual, colocando no centro da discussão pública mexicana (e internacional) a realidade de que nenhuma mulher está imune ao assédio ou aos abusos, independentemente da sua posição ou estatuto.
Na mesma conferência de imprensa, a Presidente reflete: “Decidi apresentar queixa porque isto não é só algo que eu vivenciei enquanto mulher, mas é algo que todas as mulheres do nosso país vivenciam. Se isto está a acontecer à Presidente enquanto caminha pela rua, então o que acontecerá com todas as outras mulheres e jovens do país? Então não podemos deixar isto passar como se fosse nada. É um assunto de dignidade das mulheres e do reconhecimento dos nossos direitos. É um assunto de defesa de todas as mulheres mexicanas, especialmente jovens mulheres que experienciam isto nas ruas do nosso país.”
A sua tomada de posição compreende-se também como uma afirmação de responsabilidade democrática. Claudia Sheinbaum aproveitou o episódio para defender que o assédio seja criminalizado em todas as regiões do México, e apelou à unidade nacional para rever legislações e mudar a cultura de permissividade do país.