Quem é Claudia Sheinbaum, a nova presidente do México

Esta é a primeira vez que uma mulher ascende ao mais elevado cargo do governo nacional. Claudia Sheinbaum, 61, nasceu na Cidade do México e é filha de Annie Pardo Cemo, bióloga e professora emérita da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), e Carlos Sheinbaum, engenheiro químico. Sheinbaum cresceu, assim, num ambiente que valorizava a educação e a ciência. Por outro lado, a sua ascendência judia, com avós maternos oriundos da Bulgária e avós paternos da Lituânia, fugidos do regime nazi, também foi, desde sempre, uma parte importante da sua identidade. 

Claudia Sheinbaum manteve a tradição familiar, formando-se em física pela UNAM - local onde decidiu prosseguir os estudos com um mestrado e um doutoramento em engenharia energética. Mas foi no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, da prestigiada universidade californiana, que decidiu concluir a sua investigação sobre os padrões de consumo de energia no México, tornando-se especialista em alterações climáticas. Esta formação científica e o seu trabalho na defesa de políticas em matéria de eficiência energética, sustentabilidade e ambiente conquistaram-lhe o reconhecimento internacional, sendo um dos membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, que foi laureado com o Prémio Nobel da Paz em 2007.

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De ciência climática até à política foi um inesperado, mas rápido passo. Sheinbaum iniciou esta carreira no início dos anos 2000, ao lado de Andrés Manuel López Obrador (ex-presidente mexicano, com um mandato de 2018-2024), conhecido como AMLO. A relação profissional e de amizade entre ambos começaram quando Obrador a convidou para ser a Secretária do Meio Ambiente na Cidade do México, logo após AMLO ter sido eleito presidente da Câmara em 2000. Essa posição deu a Sheinbaum a plataforma para combinar o seu conhecimento científico com políticas públicas, especialmente em áreas de sustentabilidade e urbanismo.

Com um pé à porta, Sheinbaum deu um salto. Em 2015, foi eleita presidente da câmara do distrito de Tlalpan, na Cidade do México. Durante o mandato, focou-se em questões de justiça ambiental e direitos à água, embora tenha enfrentado críticas após um terramoto em 2017 que resultou em mortes devido a falhas em infraestruturas sob a sua supervisão. No entanto, a sua carreira política continuou a ascender, e em 2018, foi eleita presidente da Câmara Municipal da Cidade do México, a primeira mulher e a primeira judia a ocupar este cargo. A sua administração foi marcada por esforços significativos para melhorar o transporte público, gerir os resíduos de forma sustentável e expandir a recolha de águas pluviais. Também iniciou um programa ambicioso de reflorestamento urbano.

A eleição presidencial de 2024 foi um marco na história do México. No dia 2 de junho, os mexicanos foram às urnas e elegeram Sheinbaum com 58% a 60% dos votos, uma vitória esmagadora sobre a sua principal adversária, Xóchitl Gálvez. Este resultado destacou a popularidade de Sheinbaum, mas também uma mudança cultural significativa num país que luta contra o machismo e a violência de género. No seu discurso de vitória, Sheinbaum enfatizou a importância de sua eleição para todas as mulheres mexicanas, declarando: "Pela primeira vez em 200 anos de república, tornar-me-ei a primeira mulher presidente do México. E, como já disse noutras ocasiões, não cheguei sozinha. Chegámos todas, com as nossas heroínas que nos deram a nossa pátria, com as nossas antepassadas, as nossas mães, as nossas filhas e as nossas netas."

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A vida pessoal de Sheinbaum também reflete a sua dedicação e disciplina. A ex-bailarina descreve-se como "obsessiva" e "disciplinada", características que provavelmente contribuíram para a sua trajetória. Foi casada com Carlos Ímaz Gispert, um político e académico, de 1987 a 2016, e juntos tiveram uma filha, Mariana Imaz. Em 2022, Sheinbaum revelou estar noiva - agora casada - de Jesús María Tarriba Unger, um analista de riscos financeiros, com quem havia retomado o relacionamento em 2016, depois de se conhecerem na universidade.

Como presidente, Claudia Sheinbaum enfrenta o desafio de ser uma líder por mérito próprio enquanto navega a expetativa de continuar o legado de seu mentor, Andrés Manuel López Obrador. A sua eleição é um símbolo de progresso e esperança e as suas políticas prometem trazer uma nova perspectiva para o futuro do México, especialmente em áreas críticas como o clima, a justiça social e as infraestruturas urbanas. A presidência de Sheinbaum representa uma nova era para o México, com potencial para impactar não só o país, mas também a dinâmica política e social da região.

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