Sandra Casimiro, cientista: "Podemos aumentar o tempo de sobrevivência das doentes com cancro”

A propósito da iniciativa de saúde Hair Fashion Weeks, uma sinergia entre a Jean Louis David e o Fundo iMM-Laço, conversámos com quatro dos investigadores que, ao minuto, cooperam na luta contra as doenças oncológicas.

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09 de março de 2018 às 11:37 Rita Silva Avelar
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Célia Carvalho, professora Auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Investigadora, Laboratório Maria Carmo-Fonseca, RNA e Regulação Génica (Instituto Medicina Molecular João Lobo Antunes): Uma mulher que investiga o cancro tem o seu dia a dia muito semelhante ao de qualquer outra mulher trabalhadora: além do trabalho, cuida dos filhos, da casa, do marido, dá apoio a uns e outros. Quando chega ao laboratório vai ver como estão as células que tem em cultura na estufa. As células tumorais em cultura são um instrumento fundamental para investigar mecanismos alterados no tipo tumoral em estudo e para testar alternativas terapêuticas que ajudem a eliminar seletivamente as células tumorais. Como controlo existem as culturas de células mais semelhantes às células normais que devem sofrer o mínimo com as terapias em teste. Outras atividades incluem a realização de testes moleculares a extratos de tecidos tumorais resultantes de cirurgias, a análise dos resultados e o desenvolvimento de novas metodologias para que estes testes possam dar os resultados mais fidedignos e informativos. Não é possível desenvolver todo o projeto isoladamente e é obrigatória a colaboração com colegas com especialização em áreas complementares. Existe também a componente formativa e estudantes a quem se orienta no trabalho de investigação. Existe a componente de estudar o que outros cientistas de todo o mundo publicaram em revistas científicas e a de participação em conferências internacionais da nossa área de interesse apresentado os nossos trabalhos e assistindo às apresentações dos pares.  

CC: Podemos dizer que a cura para o cancro não está no horizonte, mas atualmente a abordagem clínica já dispõe de tratamentos mais eficazes e com menos efeitos secundários, com uma manutenção apreciável da qualidade de vida do doente com cancro, em numerosos casos. Ao nível molecular, os tratamentos têm vindo a evoluir devido à aplicação de novas tecnologias em investigação que permitem sequenciar em grande escala numerosos tumores e que permitem detetar ácidos nucleicos com cada vez maior sensibilidade e precisão. A grande acumulação de conhecimentos tem permitido otimizar terapias dirigidas a mutações específicas de tumores que possam contribuir para uma eliminação seletiva das células tumorais: terapia mais eficazes e com menos efeitos secundários. Em grande desenvolvimento estão as metodologias de caracterização molecular dos tumores, que procuram contribuir para um melhor diagnóstico e seleção da terapia mais adequada, chamamos a isso identificação de biomarcadores de prognóstico e de previsão de resposta a terapias. 

CC: Eu faço investigação básica, ou seja, procuro saber o porquê das coisas, procuro a caracterização molecular e funcional das células tumorais. A investigação básica é muito importante, é um pilar fundamental para construir o conhecimento e é a base de toda a ciência aplicada e de todos os avanços com aplicação clínica, mas o seu efeito não é mensurável. Podemos comparar a um agricultor que semeia o seu campo. Muitas sementes são atiradas ao campo, muitas nascem e o agricultor cuida com cuidado das pequenas plantas, mas nem todas chegarão a ser adultas e a dar fruto. Podemos ter a certeza, sempre que olhamos para uma árvore grande e frondosa, cheia de suculentos frutos, que um dia foi pequenina e bem cuidada, mas quando olhamos para uma plantação de pequenas plantas sabemos que nem todas se tornarão um dia possantes e poderosas, é essa a lei da vida. 

1 de 6 / Sandra Casimiro, investigadora pós-doutorada, Laboratório Luís Costa, Oncobiologia Translacional (Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes)
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2 de 6 / Catarina Silveira, estudante de Doutoramento em Empresa na GenoMed-iMM (Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes)
3 de 6 / Sérgio Dias, investigador principal no Laboratório de Biologia Vascular & Microambiente do Cancro (Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes)
4 de 6 / Lynne Archibald, responsável pelo Fundo iMM-Laço.
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5 de 6 / Laboratórios de investigação Fundo iMM
6 de 6 / Hair Fashion Weeks 2018
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