Portugal tem um índice de violência contra as mulheres mais baixo que a média europeia

A Bulgária é o país com índice mais alto e abaixo de Portugal estão a Polónia, a Eslovénia e a Croácia.

Foto: Pexels
22 de novembro de 2017 às 15:49 Marta Carvalho

Segundo o Instituto Europeu de Igualdade de Género, Portugal é um dos países europeus menos afetados pela violência contra as mulheres. A agência, que fornece dados sobre igualdade de género, apresentou uma nova forma de medir a violência contra as mulheres que combina a prevalência, a severidade e a visibilidade do fenómeno em cada país e atribuiu-lhes uma pontuação. A escala vai de um a cem e quanto mais alta, maior é o índice de violência no país.

Segundo o relatório divulgado esta terça-feira, a média da União Europeia é de 27,5, com a pontuação mais alta atribuída à Bulgária. Portugal fica abaixo da média, com 24,5, e a Polónia (22,1), a Eslovénia (22,4) e a Croácia (23,2) são os países com pontuação mais baixa da lista.

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Embora esta pareça ser uma boa notícia para Portugal, Sofia Fernandes, da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, explicou ao jornal Público que há vários fatores a ter em consideração na altura de ler estes dados. Foram utilizados inquéritos feitos à população pela Agência dos Direitos Fundamentais, o que significa que mais que reportar atos de violência em si, as respostas refletem a perceção que cada um tem do que é ou não violência. "Tem a ver com consciência social", explica. A pontuação da Suécia, que foi mais elevada (29,7), não significa que exista mais violência nesse país, mas sim que há uma maior igualdade de género e melhor noção daquilo do que é violência, o que leva a que seja mais frequentemente reportada.

Em Portugal, uma em quatro mulheres admitiram ter sido vítimas de violência física ou sexual desde que fizeram 15 anos e 66% destas mulheres sofreram consequências a nível de saúde. No entanto, uma em cinco afirmou nunca ter contado a ninguém. Virginija Langbakk, diretora do Instituto Europeu de Igualdade de Género, garante que a violência contra as mulheres é tanto uma causa como uma consequência da desigualdade de género e que "nas sociedades que toleram a violência, nas quais não se punem os autores e se culpam as vítimas, as mulheres tendem a falar menos sobre isso. Para acabar com essa cultura de silêncio e culpabilização das vítimas, é preciso uma resposta mais forte dos governos, da polícia e da justiça. As mulheres devem saber que as suas queixas serão levadas a sério e a justiça será feita para que possam recuperar as suas vidas".

 

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