“Toda a vida tive diários onde registava as minhas inquietações, ilustradas com desenhos a tinta da China”, revela à Máxima Joana Machado, cantora de jazz, que acaba de lançar a canção Very Short Story do álbum Life Stories. Leia a entrevista.
Very Short Story - Joana Machado.mp4
07 de abril de 2017 às 11:37 Rita Silva Avelar
É um dos nomes portugueses mais proeminentes no jazz. Quem ouve Joana Machado fica imediatamente estonteado com o tom doce e ritmado entoado num inglês perfeito. Será portuguesa? É, com certeza. Acaba de lançar o singleVery Short Story, incluído em Life Stories, o seu segundo trabalho de originais, editado em setembro passado. "Baseado em muitas histórias pessoais, é fruto do trabalho com os músicos que a acompanham e da pesquisa de sonoridades e grooves tão própria da cantora e compositora. Em suma, é o resultado da afirmação de uma estética onde o jazz é o playground perfeito para reunir as suas variadas influências musicais ? da soul ao rock and roll", pode ler-se na descrição do álbum. Prestes a atuar na Festa do Jazz do S. Luiz, entrevistámo-la para saber mais sobre o seu universo musical.
Acho que sempre quis ser cantora, no fundo. Canto desde que me lembro e a música tem sido uma constante na minha vida. Formei-me em Design Industrial e claro que, enquanto crescia, quis ser cabeleireira, advogada, artista plástica e outras coisas, mas sempre soube que seria cantora.
Como surgiu a paixão por contar histórias?
Sou uma "melodramática". Toda a vida tive diários onde registava as minhas inquietações, ilustradas com desenhos a tinta da China. Li muito, os filósofos e os poetas, sobretudo os mais reflexivos. As minhas histórias eram, até há bem pouco tempo, só minhas. Recentemente (há coisa de uns anos), tornei-me uma pessoa mais suave e as minhas histórias são agora mais fáceis de contar. Gosto de partilhá-las através das canções.
PUB
E pela música?
Nem sei, porque, como referi acima, a música faz parte da minha vida desde sempre. Ajuda-me nos vários estados de espírito, torna-me mais forte e melhor. A música é uma grande coisa, tem poderes mágicos.
Lembra-se do momento em que juntou as duas?
Em adolescente, aos 15 anos, tive uma banda de rock na Madeira. Fomos pseudo-famosos na "nossa aldeia". Eu escrevia as letras e compunha algumas melodias. Depois parei, algures com 19 anos, quando entrei no jazz. Passei a ser só intérprete. Em 2012, na sequência de um episódio marcante na minha vida, resolvi voltar a escrever canções. Fiquei feliz, foi libertador e tive a aprovação da minha banda, o que foi fundamental para que eu continuasse a saga. Posso dizer que escrevo canções há cinco anos.
PUB
Em que se inspirou neste novo álbum, Life Stories?
Tantas coisas! Em muitos casos, a música surge primeiro, ou seja, o plano mais abstrato. Depois tento perceber que história conta. No fundo, todas as minhas canções falam sobre o amor. O amor é o mais importante em tudo na vida!
Qual a maior expectativa para este grande evento de jazz que é a Festa do Jazz do S. Luiz?
É tão bom poder fazer (novamente) parte da programação deste evento exclusivamente dedicado ao jazz português! Carrego ainda a responsabilidade de ser a única mulher líder no cartaz. A Festa do Jazz reúne anualmente toda a comunidade do jazz português e ainda os curiosos e amantes desta música. Estou feliz por poder partilhar as minhas canções e exibir os meus maravilhosos colegas e todo o trabalho que desenvolvem comigo para que a minha música faça mais sentido.
PUB
A artista atua no dia 8 de abril, às 18h30, na Sala Mário Viegas do Teatro Municipal S. Luiz.