Morreu Julião Sarmento, o artista que sempre admirou as mulheres
"Admiro as mulheres, não o nego", disse à Máxima em 2015. Julião Sarmento tinha 72 anos e morreu esta terça-feira, vítima de cancro.
Foto: Pedro Bettencourt04 de maio de 2021 às 11:18 Máxima
Tinha 72 anos e um percurso artístico como poucos. Julião Sarmento, pintor e artista plástico, estava internado na Fundação Champalimaud, em Lisboa, onde morreu esta terça-feira, depois de lutar contra um cancro.
Começou o seu percurso nos anos 70 e sempre olhou para a Arte nas suas múltiplas formas, trabalhando com suportes tão diferentes como a pintura, a fotografia ou o vídeo, sem fronteiras e sempre à frente do seu tempo.
O artista, que desde cedo teve reconhecimento internacional, tem obras espalhadas um pouco por todo o mundo, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, ao Guggenheim de Nova Iorque, para além de fazer parte de inúmeras coleções privadas. Foi distinguido várias vezes ao longo da sua carreira e em 1997 representou Portugal na 46ª Bienal de Veneza.
Foto: Pedro Bettencourt
Em 2015, foi um dos homens a calçar saltos altos em nome da igualdade de género, uma iniciativa da Máxima que juntou 100 personalidades masculinas. Nessa ocasião, em entrevista a Isabel Stilwell, falou da omnipresença feminina em muitas das suas obras: "Admiro as mulheres, não o nego", confessava. "As pessoas são todas iguais, se há atropelos, são atropelos aos direitos humanos, e não aos direitos das mulheres, e devem obviamente ser corrigidos".
"Tudo corria tranquilo, até que ele tirou do bolso uma caixinha de comprimidos que despejou na palma da mão. "Vês?", perguntou, enquanto me punha a mão debaixo do nariz, "não está aqui nenhum comprido azul", relata Joana Emídio Marques sobre o jantar com Manuel Alberto Valente que aconteceu há 10 anos. O editor já negou as acusações.
É um voyeur que tem as mulheres no centro da narrativa. As telas de Julião Sarmento são elíticas, brancas, aparentemente simples. A simplicidade dá muito que pensar... O sexo, a morte, a passagem do tempo, também. Recordamos esta entrevista ao artista Julião Sarmento, em junho 2012, por Anabela Mota Ribeiro.
Autor de delicadas esculturas que representavam as formas do corpo feminino, mas também de outras mais megalómanas como o Monumento ao 25 de Abril no Parque Eduardo VII ou o Lago das Tágides, que construiu para a Expo'98, João Cutileiro tinha 83 anos.
Acabamos de perder, aos 72 anos, um dos maiores, mais modernos, diversos e internacionais artistas portugueses. O seu legado atravessa a pintura, o desenho, a escultura, a fotografia, o filme, a instalação e a performance. E mais houvesse, Julião Sarmento era um exemplo de generosidade e abertura ao mundo. "Era muito intenso, tinha um lado emocional muito forte que ocupava em nós um grande espaço emocional também" lembra Delfim Sardo.