Há muito que se aguardava a decisão sobre o que aconteceria aos implicados no acidente de 5 de dezembro de 2020 na Autoestrada 1 (A1), no sentido Lisboa-Porto, que resultou na morte de Sara Carreira, filha do cantor Tony Carreira. Hoje, 12 de janeiro de 2024, são finalmente conhecidos os vereditos de um caso que a própria juíza considerou "um dos mais difíceis de julgar", no Tribunal de Santarém.
Tudo terá acontecido num choque em cadeia, que envolveu pelo menos quatro viaturas. Paulo Neves conduzia alcoolizado e abaixo do limite de velocidade permitido por lei, Cristina Branco chocou contra a sua viatura, o cantor Ivo Lucas embateu, por sua vez, no carro da fadista, e Tiago Pacheco acabou por chocar com o carro de Ivo Lucas, onde seguia Sara Carreira.
O cantor Ivo Lucas era então namorado de Sara Carreira, e um dos nomes mais mediáticos do caso porque ia a conduzir, foi quem teve a maior sanção. Acusados do crime de homicídio por negligência grosseira, Ivo Lucas foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão e Paulo Neves a três anos e quatro meses - em ambos os casos a juíza Marisa Dias Ginja determinou a suspensão das penas. Cristina Branco - que desde então tem mantido o silêncio sobre o caso e que foi uma das primeiras a sair da viatura com a filha -, foi acusada do crime de homicídio por negligência, e tem uma pena suspensa de 1 ano e 4 meses. Tiago Pacheco, acusado de condução perigosa, foi condenado a pagar uma multa de 150 dias à taxa de 7 euros por dia.
O que significa a suspensão de execução da pena de prisão? "Uma vez determinada a culpa do agente e encontrada a medida concreta da pena de prisão (não superior a 5 anos) o tribunal suspende a sua execução se concluir que a simples censura do facto e a ameaça da prisão realizam de forma adequada e suficiente as finalidades da punição" lê-se, na Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
Ivo Lucas fica proibido de conduzir por nove meses, Paulo Neves por dois anos, Cristina Branco por um ano e Tiago Pacheco por cinco meses. "Todos eles, com as suas condutas, criaram as condições que levaram à morte de Sara [Carreira]", afirmou o procurador no Tribunal Judicial de Santarém, durante as alegações finais do julgamento, citado pelo Expresso.
"Não custava nada aos arguidos dizerem a verdade, que era o que pretendia" disse Tony Carreira, à saída do tribunal, à imprensa. "Na vida real, toda a gente vai para casa, isto é a vida real. Na vida real ninguém vai preso e está tudo certo, não era isso que eu pretendia. Que Deus lhes dê muita sorte e os abençoe."
"Não custava nada aos arguidos dizerem a verdade, que era o que pretendia" disse Tony Carreira, à saída do tribunal, à imprensa. "Na vida real, toda a gente vai para casa, isto é a vida real. Na vida real ninguém vai preso e está tudo certo, não era isso que eu pretendia. Que Deus lhes dê muita sorte e os abençoe."