‘Branca como Neve’ e a nova liberdade sexual feminina

O novo filme da realizadora francesa Anne Fontaine inspira-se no conto infantil para relatar a descoberta sexual e conta com a participação de Lou de Laâge e Isabelle Huppert.

25 de outubro de 2019 às 07:00 Aline Fernandez

O feminino parece estar sempre no centro da filmografia da realizadora francesa Anne Fontaine. É o confronto entre o desejo da mulher e a forma como é vista. "E de como a sociedade a julga", acrescenta a realizadora. "Trabalho com personagens femininas que são fortes, diferentes, que querem ser experientes e querem encontrar a sua própria maneira de expressar-se e expressar o seu desejo."

Claire (Lou de Laâge) é mais uma dessas personagens. A protagonista de Branca Como Neve, acabado de estrear nos cinemas, é uma jovem rapariga de enorme beleza que trabalha na estalagem do falecido pai, e provoca irreprimíveis ciúmes à sua madrasta, Maud (Isabelle Huppert), ao ponto de a fazer premeditar o seu homicídio quando percebe que o recente noivo só tem olhos para Claire. "À Isabelle não é preciso dizer nada. Ela é como um Rolls-Royce, aperta-se um botão e está. Ela tem uma cumplicidade comigo e tem a habilidade de expressar sentimentos contraditórios – ser cruel, mostra tristeza, ser perversa e comovente – ela é incrível", elogia Fontaine.

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Salva da madrasta por um desconhecido que a leva para a sua quinta, Claire decide ficar por lá, deixando-se levar pelo desejo e acaba por se envolver com vários homens. "Ela descobre que a sexualidade pode expressar um sentimento e uma emoção", adianta-nos Anne Fontaine, que também co-escreveu o argumento, e ainda contrapõe: "E não como numa história de amor, onde tem de estar apaixonada e programada para encontrar o amor da sua vida."

A similaridade com o conto Branca de Neve e os Sete Anões, originário da tradição oral alemã e compilado pelos Irmãos Grimm, surge no filme pelos sete homens atraídos pela jovem. "No início, havia esta ideia de uma personagem que passava por experiências com homens diferentes. Contei quantos eram e deu sete. O que me fez lembrar o conto – então decidi unir as duas coisas – e, claro, subvertendo-o", explicou à Máxima, falando da possibilidade de unir fantasia com contemporaneidade sem julgamentos. Cada homem, que no filme são descritos como "príncipes", expressa uma forma de se envolver num relacionamento e tem diferentes personalidades eróticas.

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A realizadora de títulos como Coco Avant Chanel (2009) – "O que me atraiu na Chanel foi o facto de ela libertar as mulheres através da roupa" Agnus Dei –As Inocentes (2016) e Como Matei o Meu Pai (2001) passou parte da infância em Portugal por causa do pai. "Portugal é a minha raiz, mais ou menos. Lisboa é uma cidade forte", sorriu. Anne Fontaine estudou música e dança no Conservatório de Lisboa e dança na Fundação Calouste Gulbenkian, antes de se tornar atriz, em 1978, e realizadora e argumentista, em 1993.

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Foto: Vítor Chi 53 de 55 Anne Fontaine em Lisboa
Foto: Vítor Chi 54 de 55 Anne Fontaine em Lisboa
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