Beatriz Costa volta à televisão portuguesa já em janeiro
Estreia na RTP2 o documentário 'A Alegria é a Minha Religião', sobre a vida e obra deixada por uma das mais carismáticas e aplaudidas atrizes nacionais.
Foto: IMDb02 de janeiro de 2022 às 15:43 Máxima
O palco e a cultura popular portuguesa não seriam os mesmos sem Beatriz Costa. A emblemática artista nascida no início do século XX, marcou uma geração e deu o seu contributo de peso para o teatro de revista e para os anos de ouro do Cinema em Portugal.
Agora, ainda que por breves instantes – 47 minutos mais precisamente – regressa à televisão portuguesa, no dia 2 de janeiro às 15h54, através do documentário biográfico A Alegria é a minha Religião da autoria de Paula Castelar e Henriques Mateus e realização de Laurent Filipe, que estreia na RTP2 e fica depois disponível na RTP Play. Uma bonita homenagem que surge no 25º aniversário da sua morte e que pode bem ser a mote perfeito para juntar toda a família numa viagem pelo passado.
A obra, perspicaz e cheia de ritmo como a própria atriz, apresenta-se sempre sob um ponto de vista auspicioso, mesmo quando a vida é mais dura consigo. Beatriz Costa nasceu na pequena freguesia do Milharado, em Mafra, a 1907, numa família pobre. Na infância serviu de modelo ao pintor José Malhoa e aprendeu a ler e escrever sozinha aos 13 anos, mantendo o gosto pela aprendizagem a vida toda.
Estreou-se na Revista Chá e Torradas aos 15 e desde aí nunca mais parou, entre os palcos de Portugal e Brasil. Do lado de lá do Atlântico o seu talento também não passou despercebido, sendo que aí viveu várias temporadas. O apogeu da sua carreira dá-se, muito provavelmente, com o filme A Canção de Lisboa, ao lado de Vasco Santana. Na memória dos portugueses, ficará para sempre, no entanto, A Aldeia da Roupa Branca, aquela que seria a sua última película. Mais tarde, dedicou-se à escrita, estreia que atribuiu a Jorge Amado, tendo publicado várias obras.
Pelo caminho, teve muito tempo para viajar, e tornar-se amiga de gigantes nacionais como Gago Coutinho, Miguel Torga ou Agostinho da Silva e também internacionais, como Marlene Dietrich, Salvador Dalí ou Pablo Picasso. Os amores e desamores da sua vida também são contemplados no filme, mas sobretudo fica a imagem de uma alma generosa, muito atenta ao próximo, como é referido por amigos e família. Faleceu aos 88, no hotel Tivoli, no quarto número 600 do sexto andar, onde viveu por mais de 30 anos.
Foto: D.R.
Foi aliás, no Tivoli Avenida Liberdade, situado na zona nobre da capital, que aconteceu a antestreia deste documentário, no dia em que celebraria o seu 114º aniversário, a 14 de dezembro. O quarto original desapareceu com a reformulação do hotel em 2017 mas, atualmente, é possível hospedar-se na Suíte Beatriz Costa. São 77m2 decorados com peças exclusivas do seu espólio pessoal, seja mobiliário de época e objetos vários, que o farão recordar um dos maiores ícones do Cinema português.