O que mudou no mundo, em 30 anos?
Três décadas são suficientes para mudar um país. E nós damos exemplos de mudanças simples, mas marcantes, que alteraram o nosso quotidiano e o nosso sempre bom comportamento desde 1988.
Um estudo da revista médica Clinical Anatomy concluiu que o clítoris desempenha um papel importante na reprodução. O orgasmo feminino, para o qual o órgão contribui, ativa no cérebro uma série de repercussões que alteram o sistema reprodutor. São estas o melhoramento do fluxo sanguíneo vaginal, aumento da lubrificação, oxigénio e temperatura, assim como a alteração do posicionamento do colo do útero, aumentando a mobilidade do esperma. O psicólogo Roy Levin, autor do estudo, disse ao The Guardian que "o mantra tão repetido de que a única função do clitóris é induzir o prazer sexual está desatualizado. O (novo) conceito muda uma grande crença sexual, e as provas fisiológicas são óbvias".
Esta afirmação pode parecer bastante controversa, já que a existência do clitóris levanta questões quanto ao seu contributo para a função primária do sistema reprodutor: a procriação. Se recuarmos até aos anos 70, os orgasmos femininos eram considerados importantes para a fertilização do óvulo, graças ao efeito de sucção das contrações musculares, garantindo que o esperma seguisse na direção certa, sem a distração de qualquer bolha de ar. Tal foi desacreditado no fim do século passado, e o debate ficou prometido ao desprezo científico: era uma "hipótese zombie", acrescentou Levin; "não estava viva mas recusava-se a morrer".
A outra face da moeda é o facto de, quando tentamos caracterizar o prazer sexual nas mulheres como um meio de ajudar a fertilidade, estamos a transformar qualquer tipo de prazer numa mera forma de servir a espécie. Também há quem defenda que o mesmo acontece quando se tentar espelhar essa ideia no percurso reprodutivo masculino (ter orgasmos, produzir esperma, produzir um filho). Posto isto, explorar a sexualidade feminina talvez signifique vê-la como o seu próprio elemento, considerando a possibilidade de o prazer trazido pelo clitóris existir só porque sim e não apenas associado à reprodução.