As conclusões são claras: 92% das mulheres espanholas, 86% das francesas, 83% das alemãs, 82% das britânicas, 79% das americanas e 72% das italianas inquiridas em outubro deste ano afirmaram que já foram vítimas de uma provocação ou violência sexista ou sexual em plena rua.
No que diz respeito aos assobios, são as espanholas que mais se manifestam, enquanto as queixas de toques sem consentimento são sobretudo feitas pelas norte-americanas. As alemãs tiveram uma maior percentagem de situações de perseguição "numa parte do seu trajeto". Em todos estes indicadores, Itália foi quem ocupou sempre o lugar mais baixo com menor percentagem de queixas.
Se a pergunta for feita tendo em consideração apenas o último ano, as percentagens diminuem, no entanto, as nacionalidades mudam de posição. As alemãs passam a ocupar o lugar da frente em relação à provocação ou violência sexista ou sexual, acusando uma percentagem de 44%, seguindo-se as espanholas com 35% e as francesas com 24%.
O inquérito internacional elaborado pela Fundação Jean Jaurés e pela Fundação dos Estudos Progressistas Europeus (FEPS) foi apresentado esta segunda-feira, 19 de novembro, em Paris, e revelado através do jornal diário francês Le Monde. Reuniu cerca de 6.005 respostas de mulheres, 1.000 de cada país envolvido, e os inquéritos foram realizados entre 25 e 30 de outubro. Conclui-se ainda que as vítimas de comportamentos masculinos indesejados são sobretudo mulheres com menos de 35 anos.
Relativamente a Portugal, as queixas de assédio sexual têm vindo a aumentar. Segundo uma notícia do jornal Expresso, desde 2015 até ao início deste ano, o assédio sexual terá aumentado 15,2%, sendo que em 2017 foram instaurados cerca de 875 inquéritos, mais 132 do que em 2016.
Segundo uma publicação de 2016 da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) sobre o Assédio Sexual e Moral no trabalho, em Portugal é mais frequente este comportamento ser de autoria masculina e mais afetar as mulheres. Um ano antes, a mesma comissão apurou que 12,6% das pessoas inquiridas foram alvo de assédio sexual ao longo da vida profissional.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebe cerca de 500 pedidos de ajuda, anualmente. As penas para este crime têm um máximo de um ano de prisão, caso a vítima tenha mais de 14 anos, se tiver menos, o limite são três anos.