Cinema: a estreia da semana

Mais de trinta anos depois da estreia, a reposição do filme-concerto Stop Making Sense vem lembrar-nos porque é que os Talking Heads sempre foram uma banda à frente do seu tempo.

David Byrne em Stop Making Sense, de 1984
31 de agosto de 2017 às 15:43 Carlota Morais Pires

O filme-concerto Stop Making Sense foi lançado em 1984, mas volta hoje às salas de cinema, numa reposição que recupera a música dos Talking Heads e também uma das mais relevantes e importantes produções musicais do nosso tempo. 

Com realização de Jonathan Demme (distinguido com o Óscar pelo seu trabalho em O Silêncio dos Inocentes), o filme-concerto mostra um novo olhar, completamente diferente de outros vídeos da década de 80 e que ainda hoje inspira extravagância e novidade. "Não queríamos clichés. Não queríamos nenhum close-up das nossas mãos durante um solo da guitarra. Queríamos que a câmara demorasse, para que as pessoas ficassem a conhecer os músicos de alguma maneira", contou Chris Frantz, baterista dos Talking Heads, em entrevista à Rolling Stone.

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Gravados em dezembro de 1983, os três concertos aconteceram no Hollywood Pantages Theater durante a tour de promoção do disco Speaking in Tongues. Num dos momentos do filme, há uma fase de transição, que ganha forma com o funk e avança para a pop com Little Creatures e True Stories. Essa evolução acaba por ser desvendada pela encenação teatralizada e a coreografia exagerada pelo jogo de luzes. David Byrne, o vocalista, começa por tocar Psycho Killer sozinho. Depois, durante a atuação, os músicos vão subindo gradualmente ao palco, que vai "ganhando corpo e cenário, com o concerto a terminar quando todos os elementos estão presentes, como um puzzle que só faz sentido uma vez montado", acrescenta a descrição do filme.

A Rolling Stone destacou Stop Making Sense na lista dos melhores concertos filmados de sempre e, além da música, da coreografia, dos planos e da forma peculiar como a câmara viaja pelo palco, vale a pena vê-lo pela linguagem estética dos Talking Heads. Hoje, mais de trinta anos depois da estreia, não podia fazer mais sentido. 

 

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