Fuja para Coimbra e prove o novo menu do restaurante Arcadas
O chef Vítor Dias preparou novas sugestões para o outono/inverno que são de encher os olhos e o estômago.
O restaurante Arcadas encanta logo pelo facto de estar dentro da Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Construído no século XVIII, o palácio ficou para sempre ligado à lendária história de amor de D. Pedro e Inês de Castro. Afinal, era nestes jardins que os eternos apaixonados se encontravam secretamente e foi também aqui que Inês foi assassinada pelos três validos de Afonso IV. "A minha inspiração para cozinhar vem do dia a dia, através dos comentários dos clientes e da Quinta das Lágrimas: a história da casa, a história envolvente das matas e dos jardins", conta Vítor Dias.
O chef explica-nos que troca a carta duas vezes por ano, para a primavera/verão e para o outono/inverno. "Damos valor aos produtos da nossa região e usamos tudo o que temos na nossa horta, dos legumes às ervas aromáticas", explica. No Arcadas, a opção à la carte voltou após cinco meses, mas sem tirar o brilho dos menus degustação, que são quatro: o Menu Região (€120, composto por 9 momentos), o Menu Pedro & Inês (€85, com 7 etapas) ou o Menu Temático (€60, com seis momentos) ou o Menu Vegetariano (€60, com seis estapas). Provámos o primeiro e fomos recebidas com o espumante Quinta do Valdoeiro Chardonnay DOC Bairrada 2014 e uma tentadora seleção de pães, entre os quais destacamos o Viana, típico da região, para molhar no azeite virgem extra Casa Anadia.

O primeiro amuse-bouche foi uma papada de bacalhau panado com mostarda Dijon, ananás infusionado em chá de hibiscos com wasabi mais um snack de redução de licor Beirão com lima e manteiga de cacau. "Adoro bacalhau. É um produto que me fascina. Dá para ser feito de mil e uma maneiras. Pela história e pelas raízes que nós temos e agora que estamos mais perto do Natal, o bacalhau está sempre muito presente", diz o chef. O segundo amuse-bouche foi o delicioso caracol em vinho "Baga" e orégãos, em goma de arroz do Mondego. Textura no ponto e um típico sabor português, o que só fez aumentar as expectativas para o jantar.
Já com o vinho Pedro e Inês Branco 2016, um dos pontos altos da refeição foi, sem dúvida, o carabineiro e o seu gaspacho, com maçã, gel de coentros e um "falso tomate", que era feito de manteiga de cacau recheado com pimentos e camarão da costa. O prato, que não é típico da estação fria, torna mais leve esta etapa da carta e o estômago agradece.
Assim que o ovo a baixa temperatura se aproximou da mesa sentimos-lhe imediatamente o cheiro.

Cozinhado em creme de queijo do Rabaçal DOP (leite de ovelha e de cabra), cogumelos e castanha, é finalizado com presunto de javali da Lousã. A fartura continuou com o polvo com ostra e arroz de algas na tinta de choco e com o peixe do dia, a Garoupa com sauce Thai, molho à base de coentros e manjericão, salada de pepino, emulsão de pico-de-gallo e bivalves, como amêijoa e berbigão. O peixe veio acompanhado de um shot de Leite de Tigre aromatizado com maracujá para limpar o palato para os pratos de carne a seguir.
Com as carnes vermelhas, trocamos para o vinho Pedro Inês tinto 2014 e fomos recebidas com um carrinho e carregar dois troncos de árvores e alecrim, que deram um cheiro especial a todo o ambiente. Em cima dos troncos vinham as peças do pombo, que foram cortadas à nossa frente e depois servidas com puré de maçã, emulsão de baunilha, redução de vinho da Madeira e figo em conserva. "A combinação da baunilha com a maçã e o pombo, para mim, são os sabores perfeitos", revelou o chef quando questionado sobre o seu prato preferido do menu. Antes da sobremesa, ainda houve tempo para provar o delicioso cabrito glaceado com cuscos de Bragança, carqueja e mel, a maneira perfeita de encerrar a refeição.
A sobremesa chegou no formato de uma árvore. A floresta doce é feita de chocolate, pistáchio e algodão doce. Caso não goste de chocolate amargo – que é o meu caso – pode deliciar-se e apaixonar-se ao mesmo tempo pelo coração e aromas de outono e inverno, uma ganache com mousse de avelã e gelado de caramelo. Tão deliciosa quanto bonita, como o romântico cenário da Quinta das Lágrimas.

Ararate: uma estreia nacional na cozinha arménia
No número 70 da recém-renovada Avenida Conde Valbom, em Lisboa, o Ararate é o primeiro restaurante arménio na capital - e no país.