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Vera Wang lança coleção de damas de honor. "Não são vestidos que iremos querer deitar fora ou esconder no fundo do armário"

Peças vibrantes e divertidas é a nova aposta da designer para a sua recente coleção de damas de honor, em parceria com a Pronovias. Em conversa com a Máxima via videochamada, Vera Wang conta-nos um pouco sobre o seu processo criativo, o local para onde foge quando fica assoberbada e a sua paixão por Lisboa.

Vera Wang no seu escritório, 2022.
Vera Wang no seu escritório, 2022. Foto: Getty Images
17 de março de 2023 Ana Filipa Damião
Uma chamada rápida por Zoom é o que basta para percebermos a paixão de Vera Wang pelas suas criações. Nome incontornável na indústria da Moda - Já vestiu de Michelle Obama a Victoria Beckham, de Ariana Grande a Mariah Carey -, aligeira de imediato a formalidade da conversa ao confessar que nunca foi a Lisboa, mas que a cidade está na sua bucket list. Com 73 anos, é mundialmente conhecida pelos seus icónicos vestidos de casamento e pelos coordenados que as celebridades usam e com que deslumbram na passadeira vermelha. Foi editora da Vogue durante 17 anos, até 1987, ano em que deixou a revista e se juntou a Ralph Lauren. Contudo, apenas decidiu embarcar no negócio do design enquanto preparava a própria cerimónia de união: tinha 40 anos quando abriu a sua própria boutique de noivas, virando do avesso a indústria nupcial. O início de uma nova etapa de sucesso, que hoje abrange couture, acessórios, artigos para o lar e coleções low-cost, em parceria com a Pronovias.

Conversámos com a designer a propósito do lançamento das novas peças dedicadas a damas de honor e convidados, da marca Vera Wang Bride, já disponíveis. 

A Vera inspirou-se em Nova Iorque para a nova coleção, e o resultado são 54 looks sensuais, vibrantes e intemporais. Como se desenrolou todo o processo criativo? 

São vestidos lindos e intemporais. A qualidade, o corte e os tecidos estão muito em consonância com o sportswear contemporâneo e com a roupa para sair à noite. Penso que o que torna esta coleção extraordinariamente diferente é que ninguém pensa em damas de honor neste contexto. Tentei trazer uma vibe mais fashion, mais arrojada, fixe, sexy e divertida ao que se tinha tornado bastante standard em termos de vestidos de noiva. Acho que as cores fortes e o néon têm um papel importante nisso, bem como as silhuetas que deixam ver um pouco de perna, com os ombros à mostra e as costas trabalhadas. Não são peças que iremos querer deitar fora ou esconder no fundo do armário, e esta foi a minha oportunidade de abanar esse mercado e conceito antigo. 

Quem imagina a usar as suas criações? 

Ambas as coleções são incrivelmente importantes em termos de diversidade. São pensadas para raparigas baixas, altas ou mais cheinhas. Há definitivamente algo para todas. [Elas] conseguem sentir a minha intenção no design, mas também podem encontrar uma silhueta que as favoreça. 

Que opinião tem da Moda em Portugal?

Tenho de ser honesta. Não sei muito sobre criadores portugueses, mas se Portugal tiver a mesma energia jovem, desejo e paixão pela Moda [que Nova Iorque], tenho a certeza que está a par dos outros países. E não me refiro apenas a Milão ou a Londres, mas também à Alemanha, Suécia, América do Sul, Austrália ou Ásia. Mas gostava de ir a Lisboa, porque ouvi coisas maravilhosas sobre a cidade. É o novo hotspot mundial, ouvi dizer. Está na minha lista de desejos. 

Qual foi o maior desafio com que se deparou ao desenhar as peças?

Não creio que tenha sido difícil nesse sentido. A parte mais desafiadora de trabalhar com a Pronovias prende-se com a sua produção em grandes quantidades. Quando crias coisas que têm de ser refeitas, modeladas/padronizadas (patterned) e em vários tamanhos, dimensionar isso tudo traduz-se numa quantidade enorme de trabalho, com certas modificações obrigatórias.

O que continua a motivá-la depois de tantos anos de carreira? 

A criatividade implica um enorme trabalho. Uma das minhas grandes frustações é que tenho muitos cargos. É muita coisa, mas o mais desconcertante (confounding) é que, para seres um designer, é preciso liberdade. O teu cérebro e o teu espírito têm de ser livres. E tens de ter calma. Eu não consigo passar uma manhã sem ter de responder a 30 emails. Por isso, talvez esta seja a minha maior frustação. Não se eu quero ou não continuar a desenhar. 

É um trabalho que exige muito da própria pessoa...

Sei o que se passa na indústria da Moda, e não de um ponto superficial. Sei o que é preciso para se fazer roupa e os seus materiais. Acredito que o conhecimento e experiência que arrecadei ao longo de 55 anos seja insubstituível e gosto do facto de ainda ser capaz de usar esse músculo. Mas se tenho o tempo suficiente para me dedicar ao design? Ninguém tem, e falo pelos meus colegas também. Mesmo com equipas, há um líder que tem de ser criativo, e que tem do dever de satisfazer necessidades em termos de diversidade, retalho e valores. A profissão de designer é complicada. 

Para onde foge quando sente essa frustração?

Não vou a lado nenhum, pego numa caneta e num bloco e penso. "Fujo" para o meu interior. 

Os vestidos desta nova coleção estarão disponíveis em todas as lojas Pronovias & Nicole Milano.

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