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Moda / Tendências

Já ouviu falar do modest movement?

Há uma nova revolução cultural e social a estilhaçar os preconceitos e os estereótipos da indústria, agora que o hijab deixou de ser símbolo exclusivo da cultura islâmica.

Halima no editorial publicado na edição de julho da revista Allure
Halima no editorial publicado na edição de julho da revista Allure
05 de julho de 2017 às 16:25 Carlota Morais Pires

Fala-se de um novo feminismo, de uma nova geração de mulheres que quer mudar o mundo. "O conceito do que é uma mulher poderosa está a mudar. Estamos a assistir à abertura da definição de poder", avança Iza Dezon, investigadora de tendências na Peclers Paris, em entrevista à CNN. Dezon fala de uma tendência emergente, que está a ganhar cada vez mais força e visibilidade – aquilo que as redes sociais chamaram de modest movement, um termo que está a tornar-se viral e que já chegou às capas da Vogue Arábia e da edição norte-americana da Allure com uma das suas principais figuras, Halima Aden.

Com apenas 19 anos, Halima foi a primeira mulher a usar hijab num concurso de beleza norte-americano, em novembro do ano passado, quando concorreu ao prémio de Miss Minesota. Esta estação, já foi convidada para desfilar em Milão para a Max Mara, para Alberta Ferretti e para a Yeezy, a marca de Kanye West, em Nova Iorque. Também em 2016 a Dolce & Gabbana causou polémica ao lançar uma coleção de hijabs e abayas de luxo (a DKNY teve a mesma ideia dois anos antes e também a H&M fez uma campanha com uma modelo a vestir o hijab), mas há uma nova fase com maior dimensão e impacto, um movimento que não se reduz a coleções ou campanhas pontuais, nem à religião islâmica.

Nas passerelles temos assistido à criação de comprimentos maiores, a tocar o chão, e silhuetas mais largas, que não marcam o corpo. "As túnicas estão a substituir os tops curtos e as culottes são fotografadas mais vezes do que as saias coladas ao corpo. Mas a maior surpresa chegou com a coleção da designer Anniesa Hasibuan, da Indonésia, a primeira criadora a vestir todas as suas modelos com hijabs. Este desfile é o primeiro sinal evidente de que o modest movement está a chegar à indústria da moda e que não a vai deixar tão cedo", escreve a jornalista Azadeh Valanejad no artigo More is More: The Rise of The Modest Fashion Movement, que assina para a Vanity Fair.

Ainda que o termo modest movement tenha alguma conotação negativa, associada à desigualdade de género e a polémicas instauradas nos media relativamente ao uso (ou não) da burka islâmica, hoje a indústria parece estar a dar a volta aos preconceitos e a esquecer o passado para começar de novo. Não só por força das mulheres determinadas a fazê-lo mas também ? não sejamos ingénuos ? para seduzir um novo mercado em franca expansão. De acordo com um estudo publicado pelo State of the Islamic Economy Report, citado pela Vanity Fair, só em 2015 a comunidade islâmica gastou mais de 230 mil milhões de euros em moda. Não será por acaso que a Condé Nast acaba de lançar a Vogue Arábia e é natural que as marcas de luxo comecem a investir cada vez mais nestes mercados, que criem flagship stores nos Emirados Árabes Unidos e que alarguem as suas coleções, para que também as mulheres muçulmanas as queiram vestir.

Com as voltas que a indústria tem dado, sejam quais forem as razões que a move, as redes sociais já fizeram da tendência uma verdadeira revolução – há uma maior aceitação e diversidade. Tapar o cabelo e a cara com o hijab pode deixar de ter um significado cultural e religioso, transformando-se num acessório de moda, o que viria desmistificar (ainda mais) o seu uso.  

Wihelmina Cooper, 1964, via @voguearabia
1 de 20 / Wihelmina Cooper, 1964, via @voguearabia
Christy Turlington em Christian Dior, 1994 via @voguearabia
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Gigi Hadid para a primeira capa da Vogue Arábia
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Halima Aden na capa da última edição de julho da Allure norte-americana
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Halima na capa da Vogue Arábia
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Halima Aden na Allure
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