Isto. é a marca masculina que queremos vestir agora
Três portugueses juntaram-se para criar uma nova marca de essenciais para o guarda-roupa. Exigentes com o corte e com a escolha dos materiais, têm a mão na consciência e os olhos postos no futuro: mais do que peças de roupa, dizem que querem fazer da indústria um lugar melhor. Ou, pelo menos, mais transparente e sustentável.

Nem sempre a Moda vive de excentricidade. As linhas direitas, geométricas e depuradas, o minimalismo, a obsessão pela execução e pela qualidade dos materiais chegaram com os anos 90 (depois da explosão de glitter e do exagero dos eighties) e fizeram-nos perceber a importância dos básicos no guarda-roupa.
De olhos postos nesta estética minimalista e nas referências clássicas (mas não sem sede de futuro), três portugueses juntaram-se para criar uma marca de peças básicas em algodão orgânico e com um objetivo maior: o de criar uma relação de transparência com o consumidor (no site, especificam-se dados como o preço ou o local de produção), além de acrescentar à indústria uma nova dose de realidade e uma maior consciência ambiental.

A Máxima falou com Vasco Mendonça, Pedro Palha e Pedro Gaspar para saber o que move a Isto. e o que os levou a dar forma à marca masculina portuguesa que as mulheres também querem vestir.
Como surgiu a ideia de lançar a Isto.?
Enquanto conversávamos descobrimos que gostávamos do mesmo estilo de roupa, mas que partilhávamos a mesma frustração quando a comprávamos, ou seja, a dificuldade em encontrar básicos com uma ótima qualidade a um preço razoável. Pareceu-nos também que havia aí uma oportunidade para criar uma marca, especialmente em ambiente de e-commerce, que tivesse uma relação mais transparente com os consumidores. Víamos e vemos o retalho tradicional a ser penalizado pela mudança de comportamento dos consumidores e pela sua crescente procura de novas referências e, por isso, decidimos correr atrás desse objetivo.

Qual é a vossa formação e qual o papel que cada um de vocês na criação e desenvolvimento da marca?
Neste momento todos participamos ativamente nas diferentes vertentes da marca e sentimos que isso enriquece todo o processo. Primeiro, o Pedro Palha estudou gestão e passou pela Rocket Internet no México, esteve em São Paulo e trabalhou também na Uniplaces. Está dedicado ao projeto em full-time e lidera toda a vertente operacional, financeira e de produção. O Pedro Gaspar é designer de formação, passou por diferentes agências de publicidade portuguesas e é responsável pelo trabalho de identidade da marca e pelo desenvolvimento dos materiais de comunicação, incluindo a nossa publicação digital (que terá edição impressa no terceiro trimestre deste ano). A liderança da comunicação da empresa e da implementação técnica do website está nas mãos do Vasco Mendonça, que estudou sociologia e trabalha há dez anos em publicidade e marketing.
A direção criativa da marca (desde o design à identidade gráfica) resulta de um trabalho conjunto e de grande proximidade entre todos. Todos dão o seu input: o produto final é resultado de uma reflexão amadurecida sobre o que queremos e porquê.

Dizem no site que a vossa marca surge também como resposta à vossa própria necessidade enquanto consumidores. Porque é que a Isto. é diferente das outras marcas e em que medida é que vem preencher essa lacuna no mercado?
Em primeiro lugar porque quer criar uma relação absolutamente transparente com o consumidor, partilhando no site os custos de produção de cada peça e o destino dos lucros das vendas. E a questão da transparência não se resume ao preço das peças ? os primeiros clientes têm sido convidados a partilhar o seu feedback, que vai influenciar a produção das peças já lançadas (T-shirt e camisa Oxford), assim como o desenvolvimento de novos produtos.
Estamos também a trabalhar com uma rede de influencers em diferentes partes do mundo (Holanda, Bélgica, França, EUA, Suécia, Brasil), ligados à indústria, que nos têm ajudado na produção e que vão participar também na publicação digital associada à Isto.

Depois também usamos apenas materiais orgânicos e trabalhamos com fornecedores certificados na indústria têxtil; e o preço final acaba por ser muito competitivo no mercado.
Criámos uma marca pequena, mas foi intencional ? queremos fazer muito bem em vez de fazer muito ao mesmo tempo. Olhamos à nossa volta e vemos espaço para crescer, especialmente, na relação preço-transparência-qualidade. Felizmente temos tido feedback de clientes que vão de encontro à nossa análise e nos desafiam a investir ainda mais na criação de peças essenciais, tanto para homens como para mulheres.
Para já a vossa primeira coleção vive de básicos. Estão a pensar seguir essa linha de design e investir essencialmente na qualidade dos materiais e na execução das peças?

Queremos ser cada vez melhores nos básicos, tanto em qualidade como em variedade, mas não excluímos a possibilidade de evoluir noutras direções. Qualidade dos materiais (sempre orgânicos) e execução serão sempre o fator mais importante para nós. Não temos coragem de vender uma peça em que não acreditemos. Se provocarmos essa desilusão no cliente seria fatal, principalmente porque as nossas peças estão disponíveis exclusivamente online. O e-commerce tem um desafio adicional face ao retalho: o momento de decisão do nosso cliente é diferente e não vive da interação e da persuasão na loja. Isso torna aquele primeiro momento de contacto com o produto ? quando abrimos a encomenda ? absolutamente decisivo. Queremos que o nosso cliente se apaixone por uma peça nossa ao primeiro toque e que não ponha em causa a sua qualidade. A nossa marca só faz sentido se continuar a ser fiel a estes princípios, independentemente de lançar básicos ou peças de outra natureza ou inspiração.
Quais são as vossas maiores referências estéticas? O que vos inspirou na criação da vossa marca?
Temos muitas referências diferentes, que encontramos em Moda mas também em outros universos, como o da publicidade, do design ou das artes. O que nos inspirou foi a nossa paixão por todas as coisas aparentemente simples, mas muito bem feitas. São essas que muitas vezes se tornam essenciais à nossa vida, independentemente da sua natureza mais funcional ou estética.

Que peças é que todos os homens deviam ter no armário? E as que nenhum devia ter?
Todos os homens devem ter um conjunto de peças no guarda-roupa que não transmitam a ideia de que se estão a esforçar demasiado. Falamos de clássicos que consideramos necessários, como uma excelente T-shirt e uma camisa.
Também nos parece que não há peças proibidas num guarda-roupa, desde que as pessoas as saibam usar, e há excelentes exemplos disso para qualquer peça que imaginemos. Há, isso sim, peças que nenhum dos três saberia vestir.
Qual é o homem que veste a vossa marca? Imaginaram alguém em concreto durante o processo criativo ou estão a criar, acima de tudo, as peças que querem vestir?
Um homem veste convictamente as peças da Isto. para conseguir um look mais clássico – ou não, quando combina estas peças de uma forma mais criativa. Além disso, gostamos de pensar que o homem que veste a nossa marca valoriza a sustentabilidade produtiva e ambiental.
Já pensaram em criar também uma coleção feminina?
Sim, estamos a pensar nisso. Existem mais desafios, mas queremos que tenha a mesma qualidade do que fizermos na nossa primeira coleção, a masculina.
Quais são os vossos planos para agora e para o futuro?
No imediato, queremos fechar os novos lançamentos para o terceiro trimestre. Em termos estratégicos, queremos estabelecer a marca a nível internacional, torná-la uma referência no nosso posicionamento, proporcionar a melhor experiência possível aos clientes e trabalhar o mais possível na nossa revista digital e impressa que, mais do que um instrumento de marketing da marca, é um projeto que nos está a deixar muito entusiasmados.
