Celebridades

O que se sabe sobre a discípula de Charles Manson, libertada ao fim de 53 anos

Aos 73 anos, Leslie Van Houten, a mulher que esteve envolvida nos crimes cometidos pela Família Manson, em agosto de 1969, sai em liberdade condicional.

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13 de julho de 2023 Rita Silva Avelar

Leslie Van Houten faz parte de uma das mais famosas e sangrentas histórias mediáticas da América. Trata-se, pois, da ex-discípula do satânico Charles Manson - membro da ficou para sempre conhecida como a "Família Manson" -, e que foi libertada - estando agora em liberdade condicional - na terça-feira, 11 de julho, após 53 anos a cumprir pena na prisão. Quem viveu os áureos anos 50 e 60 do século passado nos Estados Unidos da América, sabe que foi o verão de 69 que mudou para sempre o mood celebrativo e livre que vinha desses anos, pondo fim a uma época, mudando para sempre este país. Falamos do duplo homicídio cometido a 9 de agosto de 1969 por membros desta seita satânica, que já vinha a espalhar o terror em Los Angeles há vários meses, tendo sido responsável por pelo menos nove crimes de sangue. 

Entre as vítimas do episódio de 9 de agosto de 1969, que levou à morte da atriz e modelo Sharon Tate, então casada com o cineasta Roman Polanski, que estava grávida, e Leslie Van Houten foi uma das principais motoras desta "operação", mas curiosamente não estava lá, tinha ficado na sede da seita a cuidar das crianças. O pior viria depois.

Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Leslie Van Houten caminham lado a lado ao longo de um corredor em direção à sala de audiências onde o juiz William Keene marcou para 20 de abril a data do seu julgamento com o outro suspeito, Charles Manson.
Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Leslie Van Houten caminham lado a lado ao longo de um corredor em direção à sala de audiências onde o juiz William Keene marcou para 20 de abril a data do seu julgamento com o outro suspeito, Charles Manson. Foto: Getty Images

Leslie Van Houten, que na altura tinha 19 anos e agora sai com 73, nasceu em Monrovia, Califórnia, a 23 de agosto de 1949, Leslie Van Houten cresceu numa típica família americana de classe média. Em adolescente, e depois da separação dos pais, tornou-se consumidora de erva e de LSD, tal como de cogumelos alucinogénicos. Revoltada com a mãe, que a obrigou a abortar aos 17 anos, atormentada e um tanto hippie, a jovem cruzar-se-ia em 1968 com Bobby Beausoleil, um dos braços direitos de Charles Manson, com quem logo teve um caso. "Enfeitiçada pelo carismático líder da seita, ela rapidamente se junta a seu amante no Rancho Spahn, terreno baldio servindo como um antigo set de filmagem e refúgio da Família Manson" recorda a Madame Figaro. O plano do sinistro Charles Manson é bem conhecido: a sua ideia era matar os brancos para que os negros fossem acusados e assim criar uma guerra civil. Fanático, era impiedoso e tinha um espírito de líder revoltado, usava o cabelo desgrenhado e marcava um "X" na testa, sinal que os seus seguidores também adotavam.

A 9 de agosto de 1969, Tex Watson (23), Susan Atkins (21), Linda Kasabian (20) e Patricia Krenwinkel (21) rumavam à casa de Polanski com ordens para "destruir totalmente quem estiver lá, da maneira mais cruel que puderem". Mataram as cinco pessoas presentes na casa, incluindo Sharon Tate que estava grávida de oito meses, e ainda a herdeira milionária Abigail Folger, o escritor polaco Wojciech Frykowski, o cabeleireiro de celebridades Jay Sebring, e Steven Parent, um amigo de Polanski (que por sua vez estava na Europa). 

Curiosamente, Leslie Van Houten permaneceu no rancho para cuidar dos filhos da seita, dizem, mas no dia seguinte foi ela a autora de um dos crimes mais horrendos: foi ela a responsável pela morte do casal Leno e Rosemary LaBianca – esta, Leslie esfaqueou-a 16 vezes, numa casa escolhida ao acaso, a 10 de agosto de 1969.

Foi presa e acabou por ser julgada em 1971. Na altura, tornaram-se ainda mais famosas as fotografias em que aparecia a rir, ao lado de Susan Atkins e Patricia Krenwinkel, as outras duas mulheres envolvidas nos casos, e com o famoso "X" marcado no rosto.
Leslie Van Houten, hoje.
Leslie Van Houten, hoje. Foto: Reuters
A notícia da sua libertação foi dada pela administração penitenciária da Califórnia à AFP em comunicado. Ao longo dos anos a reclusa foi descrita como cumpridora, formou-se em Literatura Inglesa e fez um mestrado em Humidades, e liderou grupos de mulheres na prisão, focados em auto-ajuda. A ex-presidiária deve agora passar "um ano num centro de reintegração para adquirir as competências necessárias para fazer face a um mundo que mudou muito nas últimas cinco décadas", disse a sua advogada, Nancy Tetreault, em comunicado de imprensa, citado pela Madame Figaro.
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