Que tendências retemos das semanas da moda? Uma stylist enumera-as
Agora que algumas das principais semanas da moda mundiais apresentaram as mais recentes novidades na moda, Liliana Correia, diretora da LC Fashion Consultancy, aborda as tendências para a próxima estação.
Foto: Chanel @ Getty Images25 de fevereiro de 2025 às 07:00 Liliana Correia
O ano mal começou e já assistimos a desfiles que reforçam o poder da moda como reflexo do presente e antecipação do futuro. De Paris a Nova Iorque, passando por Copenhaga ou Berlim, cada cidade trouxe narrativas distintas, mas todas com um ponto em comum: a necessidade de inovar, emocionar e transformar através de novas coleções que ditam as tendências para os próximos meses.
A Semana da Alta-Costura de Paris continua a ser o epicentro da sofisticação, com a técnica e o savoir-faire a falar mais alto. Da capital francesa dois desfiles clássicos continuam a merecer o nosso destaque: Dior e Chanel.
Na Dior, Maria Grazia Chiuri voltou a explorar a força feminina através de uma visão "cheia de alegria, sonhos e brincadeira". A designer procurou inspiração na história da maison, por isso, as silhuetas etéreas, os bordados delicados e os tons neutros confirmaram uma abordagem refinada, mas nada previsível.
Já a Chanel, sob a direção da equipa Chanel (entre a saída de Virginie Viard e a entrada de Matthieu Blazy), apresentou um desfile que evocou o espírito da alta sociedade parisiense, com alfaiataria impecável e propostas que combinavam tradição e modernidade. O uso de tweeds reinventados e a paleta de cores suave mostraram que o ADN da maison permanece intocável, mas sempre em evolução.
Foto: Getty Images
Não pude deixar de pensar em alguns dos looks utilizados pelas nossas portuguese girlies ao observar estas duas coleções. Em ambos os casos, comprovamos que o estilo clássico feminino reinventado nunca sai de moda, mas que existe espaço para arriscar. Os tecidos tweeds continuam a ser um must e cores pastel uma aposta segura.
Se antes era vista como um evento alternativo, a Semana da Moda de Copenhaga consolidou-se como uma referência mundial. A capital dinamarquesa está a ditar tendências, a redefinir o conceito do que se deve vestir e a promover a sustentabilidade.
Por aqui, dois desfiles mostraram essa força: Birrot e Stine Goya. O primeiro apostou numa estética minimalista, onde cortes precisos e materiais inovadores falaram mais alto. A tendência oversized é outro dos destaques, ainda que feita com elegância. Os corpos não desaparecem sob as roupas, mas estas ganham alguma fluidez.
Já Stine Goya trouxe uma explosão de cor e fluidez, provando que o design escandinavo pode ser arrojado sem perder a sofisticação. Por aqui destacamos o equilíbrio perfeito na construção de looks clean com peças de relevo, através da utilização de um padrão numa peça que dá vida ao restante conjunto. Esta coleção revela-nos a importância de optar por boas peças-chave, pois estas podem transformar todo um look.
A verdade é que a moda nórdica deixou de ser apenas um nicho cool. Hoje, inspira marcas globais e muda a forma como pensamos o consumo e a estética no dia a dia.
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Berlim: Criatividade, Sustentabilidade e Novos Talentos
Menos mainstream, mas incrivelmente relevante, a Semana da Moda de Berlim mostrou que há espaço para a experimentação e para um discurso mais consciente. A sustentabilidade não é um tema pontual, mas um compromisso de longo prazo.
Entre os nomes que brilharam, Horror Vacui destacou-se pelo maximalismo inteligente. Volumes, camadas e uma mistura vibrante de padrões criaram um universo que desafia a monotonia e celebra a individualidade. Mais uma vez, relembrei-me da estética portuguese girlie, que promove a mistura de peças que, à partida, poderiam não ser escolhas evidentes.
Esta tendência está claramente para ficar, ainda que não seja opção para todos os estilos pessoais. Berlim continua a ser um laboratório de inovação, onde novos talentos encontram espaço para crescer e desafiar o status quo da moda tradicional.
Nova Iorque: Sofisticação Contemporânea
Fechamos esta ronda de desfiles em Nova Iorque, onde marcas como Norma Kamali, Theory, Khaite e Simkhai, mostraram que a moda americana continua a ser um reflexo da mulher moderna, elegante e confiante.
Theory apostou numa coleção minimalista e sofisticada, comprovando que existem certas peças, como uma boa camisa branca, um par de calças de alfaiataria ou um polo cinza, que nunca saem de moda e devem estar em qualquer armário.
No outro extremo, Norma Kamali apresentou uma coleção inspirada na floresta com padrões que transmitiam a ideia de camuflado. Apresentou várias peças em pele sintética e terminou com o chapéu fedora em vários looks, prova de que os acessórios como os chapéus serão outro dos destaques das próximas estações.
Khaite, por sua vez, apresentou uma coleção que equilibra sensualidade e poder – pele sintética e padrões de pele animal, como o leopardo, continuam em voga -, enquanto Simkhai trouxe texturas e cortes estruturados que elevam o guarda-roupa contemporâneo – houve espaço para brilhos e texturas, que mais uma vez reforçam a importância da escolha de peças-chave icónicas para completar um bom look.
Foto: Getty Images
A Semana da Moda de Nova Iorque assegurou-nos que a sofisticação não precisa de ser rígida e que o verdadeiro luxo está na confiança que uma peça transmite.
Moda Como Declaração de Poder
O que todas estas passarelas têm em comum? Um desejo crescente de expressar identidade, quebrar padrões e ressignificar o luxo. A moda deixou de ser apenas um espetáculo visual para se tornar uma ferramenta de empoderamento.
Seja na alta-costura parisiense, na irreverência escandinava, na ousadia berlinense ou na sofisticação nova-iorquina, a mensagem é clara: vestir-se é uma forma de afirmação. E, no mundo atual, não há espaço para sermos menos do que extraordinárias em cada visual que construímos no dia-a-dia.