Novos talentos da joalharia portuguesa: Andreia Lima
A tradição da joalharia em Portugal não é o que era. A uma arte antiga no masculino juntou-se a energia de uma nova geração feminina com ideias novas. O resultado são estimulantes projetos de empreendedorismo e de criatividade. Convidámos joalheiras a posarem com as suas peças e a partilharem as suas histórias. Andreia Lima é uma delas. Fotografia de Ricardo Lamego. Styling de Marina Sousa
23 de novembro de 2019 às 07:00 Carolina Carvalho
"Eu estava no Porto a assistir a um concerto dos Clã e a Manuela Azevedo cantou a música O Sopro do Coração. Fiquei por ali." Andreia Lima procurava um nome para a sua marca de joias e foi assim que o encontrou: Sopro. "Por tudo o que simbolizava, eu penso que funcionou muito bem. É fácil. É um sussurro." Hoje, a Sopro está presente em nove países (incluindo a longínqua Austrália), mas a criadora descobriu a joalharia por acaso. Quando estava a fazer a licenciatura em escultura, na Faculdade de Belas-Artes do Porto, foi a Florença para frequentar um curso e tendo a oportunidade de explorar várias áreas, escolheu cerâmica, gravura, fotografia criativa e porque havia uma vaga na aula de joalharia aproveitou-a. Era algo que jamais lhe teria passado pela cabeça, mas quando começou a ir a essas aulas, confessa, tudo era estranhamente fácil e natural.
Se antes de ir para Florença, Andreia sentia-se perdida sem saber o que queria fazer, a mística da cidade italiana e a descoberta da arte de criar joias mudaram-lhe a vida e definiram o caminho que iria seguir. De regresso a Portugal, terminou o curso e partiu para um curso técnico de joalharia para aprender a fazer as peças. Tem sido joalheira desde então. "Nós estamos habituados a comprar barato e bonito e, por isso, a joalharia pode ser competitiva e também podemos oferecer design a todos. O que me apetecia era ver as pessoas bonitas." Primeiro trabalhou por conta própria e explica que gosta de servir o cliente por isso. Quando ao início trabalhou com várias lojas, Andreia adaptava as suas criações ao local onde estariam à venda. Também tinha clientes que lhe permitiam fazer criações muito exuberantes, mas agora sente-se melhor com o estilo atual, mais simples. Esteve a viver no Alentejo, depois regressou para o Porto e começou a aventura da Sopro. Andreia Lima começou a marca, há seis anos, com uma sócia com quem dividia também uma escola de ourivesaria. Há três anos separaram-se, Andreia ficou com a marca e tornou-a mais sua.
Andreia tem 43 anos e declara: "A Sopro é uma parte muito grande daquilo que eu sou e de uma forma muito genuína. Eu identifico-me a 100 por cento com o que faço. Adoro o meu trabalho e ele faz-me feliz todos os dias. É um esforço enorme. Sou muito perfecionista." Andreia tem a filha Beatriz, com um ano e meio, um cão bebé e refere que tendo um marido que é surfista, as "escapadelas" que o casal faz são, muitas vezes, para junto do mar ou para hotéis rodeados de árvores. Como filha única, reconhece que isso contribuiu para que as brincadeiras de infância tivessem sido com animais, com flores e com amigos imaginários e é daí que parte a natureza como principal fonte de inspiração do seu trabalho. "Eu vou coletando coisas. Adoro andar de carro. Adoro a luz ao fim da tarde." Recorda as margaridas nos muros de xisto e o anel da avó que representava os sete dias da semana e com o qual gostava de brincar em criança. A prata é o seu material de eleição. Andreia gostaria de trabalhar com ouro, mas considera que ainda não é a altura certa para isso. Confessa-se uma compradora compulsiva. "Comprei, agora, corais ressequidos porque estou a pensar numa coleção relacionada com o fundo do mar. Sou fanática por pedras. Adoro livros de botânica." O ateliê é, por isso, "uma confusão de coisas empilhadas umas em cima das outras", como admite. Andreia Lima não desenha. Vai para a banca esculpir. Tem um escritório fechado, no Porto, e gosta que este seja um sítio recatado, quase como um cofre pessoal. O contacto com o público resume-se às feiras, mas gosta de falar sobre o seu trabalho e receber o feedback necessário. "Eu tenho um artista que me grava as peças porque as minhas texturas são todas gravadas à mão. É um artesão daqueles que já quase não existem. Tenho também um joalheiro que é incrível e que trabalha tudo à mão. Tenho a Rita que é o meu braço-direito na oficina. Eu sou muito ‘chata’." A produção das peças mais simples está entregue a uma empresa em Portugal. As mais complicadas é a própria Andreia que faz à mão na oficina. "O mundo está diferente em termos do consumo rápido e isso é um pouco assustador. Mas eu estou fascinada com o que está a acontecer em Portugal. Há criadores fantásticos. São muito mais o reflexo do que é ser mulher, hoje em dia." (soprojewellery.com)
Maquilhagem: Elodie Fiuza. Cabelos: Luzia Fernandes. Assistente de fotografia: Ana Viegas. A Máxima agradece o apoio do Teatro Thalia
Isto não é um assalto, mas é um texto sobre os roubos de joias mais mediáticos das últimas décadas. Ficamos por aqui, pois, caso contrário, teríamos de publicar um outro número só acerca do assunto. O tema desperta curiosidade porque junta pedras preciosas, realeza, celebridades, museus, marcas de prestígio, polícias e ladrões. E, por vezes, as notícias da realidade confundem-se com histórias de ficção.
Peças históricas ou acessórios de luxo? As tiaras combinam o peso da herança com a graciosidade de uma peça de joalharia. As princesas são as principais trend-setters, mas, embora tenham regras próprias, não se limitam ao interior dos palácios. As tiaras estão na moda? Fomos investigar.