No atelier de Constança Entrudo, a designer que gosta de desarrumar a moda

A jovem designer, que acaba de sair da Balmain, apresentou pela primeira vez em nome próprio na ModaLisboa. Mas, antes, mergulhámos no frenesim criativo que é o interior do seu atelier no Príncipe Real.

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15 de outubro de 2018 às 10:15 Rita Silva Avelar

Assim que pomos um pé no interior do atelier de Constança, percebemos que estamos a entrar no seu fascinante, desarrumado e mutante universo criativo. De ideias disruptivas e uma energia que parece não se esgotar, Constança vai dando indicações aos costureiros (há tantas mulheres como homens debruçados sobre a máquina de costura – uma paridade que também é evidente na escolha nos manequins que desfilaram as suas peças no último sábado, na ModaLisboa) ao mesmo tempo que nos vai guiando pelo seu pequeno, mas largamente habitado, atelier. Entrar neste espaço onde tudo acontece é como ver uma explosão de cores, linhas desfiadas, botões de formas irregulares. Numa parede, o moodboard da coleção que acaba de apresentar em nome próprio, noutra, uma chuva de frases criativas e questionáveis, para que todos que por ali passem pensem à sua maneira sobre o que está escrito e se inspirem. Ainda noutra parede os manequins que Constança escolheu, todos com um denominador comum, anónimos ou já conhecidos nas passerelles da moda: "têm que ter pinta, algo diferente", explica-nos a jovem designer têxtil de apenas 24 anos.

Para Constança, tudo aconteceu muito rápido no que à concepção da sua marca diz respeito, mas a moda não é nova para ela, pelo menos desde que rumou a Londres, onde foi estagiária e assistente noutras marcas. Esteve dois anos com a dupla Marques’Almeida, de 2014 a 2016; no início 2016 passou pelo atelier de Amanda Kelly Studio, e nesse mesmo ano juntou-se como designer freelancer à Peter Pilotto. Tudo isto a par do curso de Design Têxtil que fez na reconhecida faculdade de moda Central Saint Martins. Constança Entrudo lançou a sua marca há um ano, na ModaLisboa, com a coleção de primavera/verão 2018 no espaço Wonder Room, e de imediato - porque tudo para a jovem designer o parece ser - mudou-se para Paris para trabalhar como assistente de designer têxtil e bordado de Oliver Rousteing, na casa Balmain. Ao longo dos anos, acabou por criar a seu própria identidade, que agora desfila em nome próprio, e pela primeira vez, na ModaLisboa.

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Entrudo desenha peças sem género e sem idade, tem como ponto de partida a "liberdade de ter ideias, sem restrições de quaisquer regras pré-existentes ou estrutura e de ser capaz de torná-las realidade através do processo de pesquisa e experimentação". A sua primeira coleção incorpora a técnica que marcou as suas primeiras peças: fios desfiados, um a um, por Constança, que os usa depois para criar novos materiais - de raiz. Leva horas nesta criação que diz ser terapêutica. Entre o espaço do atelier e a fábrica onde a coleção é produzida, em Almada, o certo é que Entrudo sabe que a moda, acima de tudo, é um monstro mutante que não obedece a regras.

Veja o vídeo e saiba mais sobre a coleção primavera/verão 2019 Constança Entrudo.

A Máxima agradece as imagens cedidas pela ModaLisboa.

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