No atelier de Juliana Bezerra, a designer de joias que conquistou Portugal

A oficina-loja no Páteo Bagatela, em Lisboa, encanta pela apresentação das joias e pelas prateleiras com recordações de viagens, frascos com folhas secas, livros de botânica e muitos postais.

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03 de abril de 2019 às 07:00 Aline Fernandez

Quem entra nesta oficina-loja no Páteo Bagatela, em Lisboa, encanta-se com a apresentação das joias e também com a exposição das peças com as quais Juliana Bezerra trabalha. São prateleiras com recordações de viagens, frascos com folhas secas, livros de botânica e muitos postais. "Sabe, é esta mistura", diz a meio da nossa conversa sobre as suas inspirações, a mistura inevitável do Brasil com Portugal nas suas peças. A joalheira é brasileira e vive em Lisboa há 15 anos, mas o cruzamento de culturas não se restringe às terras lusitanas. "Fui de viagem ao Vietname e trouxe uma planta de lá, mas aquela mesma planta tem no Brasil. Pronto, está lá, mesmo sem querer surge", confessa Juliana sobre as suas raízes.

O seu trabalho é reconhecido pela inspiração na Natureza, nas formas das folhas e flores e também de frutos e animais. Hoje, a botânica faz muito parte do trabalho – os nomes das peças, por exemplo, são jasmim, magnolia, carambolas, bétula, flor de arroz… – mas no início não foi assim. "Quando eu saí da escola [Escola de joalheiros Contacto Directo], eu queria ter uma linguagem própria, fazer uma coisa diferente – e não sabia o que fazer, não é? E como gosto muito de história de joalharia e história da Arte, comecei a pesquisar o que faziam noutras épocas e a tentar reproduzir aquilo da minha maneira. Lembro de uma alianças [como das] da Cartier que eu não fazia certinhas, eram todas orgânicas e pareciam imperfeitas, eram superinacabadas e as pessoas gostavam, porque estava cravada com brilhantes e rubis. Eram os opostos, sabe?", conta-nos. Foi descobrindo aos poucos o que gostava e aquilo com o que se identificava. A arte com que Juliana transforma as suas peças pode levar entre três horas a um ou dois dias cada.

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Em 2016, Juliana foi citada na seleta compilação do Lisbon City Guide da Louis Vuitton. "A sua joalharia tem uma qualidade vegetal ou vulcânica, com relevo, imperfeições e padrões intrigantes. As suas coleções parecem ilustrações botânicas ou de ciências naturais", descreve o guia. A indicação foi considerada pela própria designer de joias como um "selo de qualidade". Não que fosse preciso para quem já conhecia o trabalho artesanal de Juliana.

O sucesso das joias encanta também mulheres que buscam algo especial para o dia do casamento. "Foi meio que sem querer que a marca e as minhas peças se tornaram muito procuradas por noivas. Eu nunca fiz nada direcionado e sempre tive muita procura. Já fiz muitas alianças e faz mais ou menos um ano e meio que deixei de fazer. Só que como quase todo dia têm pessoas perguntando eu voltei a fazer. E nas últimas coleções já tem um brinco ou outro que eu digo ‘ah, esse vai ficar bem numa noiva’ e realmente funciona. Queria antes do verão fazer uma coleção cápsula pensada para vários tipos de noiva", adianta Juliana.

E já que falamos de casamento, quisemos saber quem desenhou a aliança de Juliana. A própria, claro – e apenas dois dias antes da cerimónia. "Lembro-me como se fosse hoje, estava aqui sozinha, peguei no carvão, pesei o ouro, coloquei e ela começou a ganhar forma e era tal como eu tinha imaginado, como eu já tenho alguma experiência em trabalhar em prata fina, sabia mais ou menos como ela ia ficar. Eu nem acreditava. Tanto que ela não ficou tão redonda e eu disse ‘eu nem vou mexer, porque ela está perfeita’. Já tentei fazer de novo para a minha filha e não resultou, é mesmo única."

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As novidades contudo não se vão ficar pela linha de noivas. E ainda bem. "Quero fazer uma coleção bem verão, cheirando à maresia, que as pessoas olhem para as peças e pensem em viajar e tomar umas caipirinhas por aí", partilha Juliana entre risos. A contar pelo que vemos, não duvidamos que será mesmo esse o resultado.

Enquanto o verão não chega, as próximas novidades da marca chegam com a coleção Clara, cujo nome é homenagem à filha de Juliana Bezerra, mãe há um ano. Novos elementos entraram no seu universo criativo, como os animais dos livros de histórias. O resultado é uma confeção mais fantasiosa, que dá espaço a uma criação que a designer ainda não tinha explorado.

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