Alerta pais: 60% dos alimentos para bebés não cumpre recomendações nutricionais
Um estudo recente revelou que a maioria dos alimentos processados para bebés, nos estados unidos, não cumpre as recomendações nutricionais essenciais, expondo os mais pequenos a riscos de saúde. A nutricionista Rita Azevedo esclarece os perigos destes produtos e dá conselhos para escolhas alimentares mais saudáveis.

"Um número impressionante de 60% dos alimentos para bebés e crianças pequenas não cumprem as recomendações nutricionais e nenhum apresenta os requisitos promocionais estabelecidos pelas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS)", de acordo com uma nova investigação publicada no The George Institute sobre alimentos para bebés e crianças encontradas nos supermercados dos Estados Unidos. O estudo ressalta ainda que "entre todos os produtos, 70% não cumpriam os requisitos em matéria de proteínas e 44% excediam os requisitos em matéria de açúcar total. Um em cada quatro produtos não satisfazia os requisitos calóricos e um em cada cinco excedia os limites de sódio recomendados." Estes níveis elevados são preocupantes, como conta a nutricionista Rita Azevedo, é nesta idade que os mais pequenos desenvolvem as suas preferências e gostos alimentares, "podendo o consumo de alimentos processados influenciar negativamente as escolhas alimentares futuras, devido à habituação de sabores artificiais e menos saudáveis."
O impacto destes dados é alarmante, apesar de ter sido realizado "lá fora". A infância é uma fase crítica no desenvolvimento, tanto físico como cognitivo, e os alimentos que os bebés consomem desempenham um papel determinante nesse processo. O consumo regular de alimentos processados, ricos em açúcares, sal e aditivos, não só interfere com o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis como também pode ter efeitos negativos a longo prazo na saúde das crianças.

De acordo com a nutricionista Rita Azevedo, "os alimentos processados, devido ao seu elevado teor de açúcar e sal, podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão." Além disso, estudos apontam para a possibilidade de os bebés habituados a sabores intensos, artificiais e adoçados terem mais dificuldade em aceitar alimentos naturais, como vegetais, à medida que crescem.
A relação entre os primeiros anos de vida e as escolhas alimentares ao longo da vida é evidente. "Os primeiros anos são cruciais para moldar o paladar das crianças. Uma dieta pobre nesta fase pode influenciar negativamente as suas preferências alimentares futuras", alerta a nutricionista. Assim, se os bebés forem expostos frequentemente a alimentos ricos em açúcar e sal, a probabilidade de desenvolverem um gosto por alimentos processados será maior, levando a hábitos alimentares menos saudáveis na adolescência e na vida adulta.
Além dos excessos referidos, muitos destes produtos para bebés também falham em fornecer nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e minerais. "O ferro, por exemplo, é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e motor, e a sua deficiência pode ter impactos sérios no crescimento da criança", refere Rita Azevedo. A nutricionista alerta ainda para a importância de outros nutrientes, como a vitamina D, o cálcio e os ácidos gordos ómega-3, todos essenciais para o desenvolvimento cerebral e físico. Por outro lado, nutrientes como o sódio e os açúcares adicionados, comuns nos alimentos processados, devem ser rigorosamente evitados na alimentação infantil. "O excesso de sódio pode aumentar o risco de pressão alta no futuro, e os açúcares adicionados contribuem para o desenvolvimento precoce de cáries e aumento de peso", sublinha a especialista.

Outro aspeto problemático relacionado com os alimentos para bebés é o marketing agressivo. As embalagens frequentemente utilizam termos como "nutritivo", "fortificado" ou "saudável", induzindo os pais em erro. A nutricionista Rita Azevedo alerta que "muitos pais confiam cegamente nas alegações das embalagens, sem perceber que estas não estão sempre alinhadas com as reais necessidades nutricionais dos seus filhos." Mesmo quando estes produtos são fortificados com vitaminas ou minerais, isso não compensa o elevado teor de açúcar e sal que podem conter.
Com a crescente preocupação com o tempo e a conveniência, muitos pais optam por alimentos processados pela facilidade de preparação. No entanto, Rita Azevedo sugere alternativas saudáveis que podem ser igualmente rápidas e práticas. "Preparar e congelar refeições caseiras em porções pequenas, como purés de legumes ou papas de aveia, pode ser uma excelente solução. Além disso, a inclusão de frutas frescas e legumes na dieta diária é fundamental para assegurar a ingestão de nutrientes essenciais", aconselha.
É importante que os pais se eduquem sobre a leitura de rótulos e a escolha de alimentos verdadeiramente nutritivos, evitando o apelo enganoso do marketing de produtos processados. A recomendação é simples: sempre que possível, optar por alimentos frescos e minimamente processados, garantindo que a alimentação dos bebés é equilibrada e rica em nutrientes.

A crescente evidência sobre os riscos dos alimentos processados para bebés deve ser um alerta para pais e cuidadores. Embora a conveniência e o marketing possam tornar estes produtos atrativos, é crucial garantir que as crianças estão a receber a nutrição adequada para o seu desenvolvimento. Como enfatiza Rita Azevedo, "os primeiros anos de vida são fundamentais para criar hábitos alimentares saudáveis que irão moldar a saúde futura da criança. Investir numa alimentação saudável desde o início é investir no futuro."

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