Os tablets estão a prejudicar a visão das crianças? Verdades e mitos descodificados
O uso prolongado de aparelhos eletrónicos por crianças pode levar a problemas de visão? O oftalmologista Ricardo Portugal esclarece os factos e desfaz mitos sobre os reais impactos destes dispositivos na saúde ocular infantil.

Com a crescente adoção dos tablets e computadores nas escolas, surge uma questão importante: estarão estes dispositivos a prejudicar a visão das crianças? Para muitos pais, a preocupação é legítima, especialmente com o aumento do tempo que os mais novos passam diante dos ecrãs. No entanto, de acordo com o oftalmologista Ricardo Portugal, do Hospital Trofa Saúde Gaia, as verdades e os mitos são fáceis de distinguir.
De facto, o oftamologista alerta que "o uso prolongado da visão de perto é um fator de risco para a miopia". Passar demasiado tempo a focar nos objetos de perto, como acontece ao usar tablets ou ler livros, pode aumentar as probabilidades de as crianças virem a necessitar de óculos para ver ao longe. Este risco é especialmente acentuado em jovens e crianças que estão em fase de crescimento e cujos olhos ainda estão a desenvolver-se. Porém, Ricardo Portugal salienta que "não é verdade que o tablet, computador ou telemóvel seja mais prejudicial à visão que a leitura em papel". O problema não está nos ecrãs em si, mas sim na curta distância a que se focam os olhos e no tempo que se passa nessa atividade.

Os fatores cientificamente comprovados que aumentam o risco de miopia são claros, alerta o médico. Para além da "história familiar de miopia" – o fator genético – destaca-se o uso prolongado da visão de perto e a "pouca exposição à luz natural". Crianças que passam muito tempo em ambientes fechados, com pouca luz solar, têm maior probabilidade de desenvolver este problema visual. Por isso se deve encorajar as atividades ao ar livre e limitar o tempo em frente aos ecrãs.
Há outros efeitos a ter em conta. O uso prolongado de equipamentos digitais pode causar fadiga ocular. "Cansaço nos olhos, secura e dificuldade em focar" são sintomas comuns associados ao excesso de tempo passado em frente a ecrãs, explica o médico. "Segundo a Associação Americana de Optometria, entre 50% e 90% das pessoas que trabalham em frente a um computador apresentam algum desses sintomas. Isso ocorre devido ao esforço constante para focar em ecrãs próximos e à redução da frequência do pestanejo, que pode levar à secura ocular", acrescenta um artigo do Institutoptico acerca do tema em análise.
Além disso, a má postura – resultado de segurar o tablet ou estar inclinado sobre ele – pode levar a desconfortos físicos como dores no pescoço e nas costas. Ainda assim, é importante perceber que estes sintomas não são exclusivos dos dispositivos eletrónicos. "Ler um livro por longos períodos na mesma posição também pode provocar desconforto", sublinha o médico. O segredo está no equilíbrio e na moderação.

Outro ponto preocupante é o impacto que o uso excessivo de tablets pode ter no desenvolvimento social das crianças. O contacto humano, essencial para o desenvolvimento de competências comunicativas, cognitivas e emocionais, não pode ser substituído pela interação digital. O oftamologista adverte que "as crianças precisam de um envolvimento presencial para desenvolver empatia e compreender as normas sociais". O isolamento causado pelo uso excessivo de dispositivos pode, assim, prejudicar estas capacidades cruciais.
Por outro lado, nem tudo é negativo. O uso moderado de tablets pode trazer benefícios educacionais. "O acesso a uma variedade de materiais educativos é uma vantagem que não deve ser subestimada", afirma o profissional. Jogos e aplicações educativas podem estimular o desenvolvimento visual e cognitivo das crianças, promovendo a coordenação mão-olho e a perceção visual.
Resumindo, o uso de tablets e outros dispositivos eletrónicos por crianças não é inerentemente perigoso para a visão, desde que seja feito com moderação. O verdadeiro risco reside no tempo prolongado em atividades que exigem foco de perto e na falta de exposição à luz natural. Como defende o especialista, "os tablets podem substituir alguns livros, mas não substituem as bolas de futebol, as bicicletas ou as brincadeiras ao ar livre".

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