Os altos e baixos da vida de Ângelo Rodrigues
O ator é um rosto conhecido da televisão portuguesa, mas a sua vida vai muito além dos papéis que desempenha. Entre o sucesso nos ecrãs e os desafios que a fama traz, enfrentou momentos de dor e superação. Após uma grave infeção em 2019, voltou a ser hospitalizado este ano devido a uma pneumonia por aspiração.
Primeiro queria ser cowboy, depois jogador de futebol, mas acabou por descobrir o amor pela representação, como o próprio descreveu num programa de televisão. Ângelo Rodrigues teve o seu primeiro contacto com a vida artística através do teatro na escola, onde participou em A Lamentação da Mula (2003), a sua primeira experiência semi-profissional. A partir daí, não parou mais. Teve a sua estreia televisiva na telenovela Doce Fugitiva (TVI) aos 19 anos. Em 2008, conquistou o público ao interpretar Luís na quinta temporada da série juvenil Morangos com Açúcar. Um ano depois, fez a transição para o grande ecrã, integrando os filmes A Esperança Está Onde Menos Se Espera, A Bela e o Paparazzo, e a curta-metragem Algo de Bom.
A presença constante na televisão pode levar à busca incessante pela perfeição. O ator viveu um dos momentos mais difíceis da sua vida em 2019, quando foi hospitalizado devido a uma infeção grave, alegadamente provocada pela toma de hormonas usadas para melhorar a forma física. Este episódio levantou questões sobre as pressões que recaem sobre as figuras públicas para corresponder a padrões estéticos idealizados. Num artigo publicado na Máxima na altura, o sociólogo Bernardo Coelho, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, referiu: "Nas sociedades contemporâneas ocidentais, o corpo passou a ser percebido como objeto de investimento e dedicação." Esta reflexão aplica-se tanto a homens como a mulheres. Se, para eles, o ideal é um corpo esculpido e musculado, para elas, a magreza continua a ser o padrão. Estamos no século XXI, mas a celebração da diversidade corporal ainda enfrenta resistências, e o "pequeno monstro" da perfeição continua a assombrar muitos.
A hospitalização em 2019 tornou-se um ponto de viragem na vida de Ângelo Rodrigues. O processo de recuperação foi longo e marcado por desafios físicos e emocionais. Durante esse período, Ângelo começou a partilhar a sua experiência, expondo a vulnerabilidade que muitos escondem. Em 2020 volta aos ecrãs quando decide contar a sua versão em Ângelo Rodrigues - Toda a História (SIC). Três anos depois, trabalha na série da Netflix Olhar Indiscreto (2023). As cicatrizes no corpo são hoje um símbolo de superação, algo que o ator não esconde e que transformou numa mensagem de força e resiliência.
Em janeiro de 2025, Ângelo Rodrigues enfrentou um novo desafio de saúde. Foi encontrado inconsciente no seu quarto de hotel e rapidamente transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde foi diagnosticado com uma pneumonia por aspiração. A gravidade da situação levou os médicos a induzirem o coma para estabilizar o estado. Após alguns dias nos cuidados intensivos, o ator foi desentubado e já não necessita de ventilação artificial, apresentando sinais de recuperação.
A repetição de problemas de saúde graves sublinha a importância de uma abordagem cuidadosa e preventiva em relação ao bem-estar físico e mental. A experiência de Ângelo serve como um lembreteda necessidade de valorizar a saúde acima de quaisquer pressões externas ou padrões estéticos impostos pela sociedade.
A sua jornada é um exemplo de como os tropeços e quedas podem ser superados, e como a vulnerabilidade pode ser transformada numa força poderosa. A mensagem que deixa é clara: há beleza na imperfeição e na luta para aceitar a nossa humanidade, mesmo num mundo em que se pressiona para sermos sempre mais do que já somos.
