Celebridades

Excertos inéditos do diário de Amy Winehouse revelados pelos pais

A cantora estaria prestes a celebrar o 40º aniversário. Em sua memória surgem, agora, documentos físicos que mostram reflexões e sentimentos de Amy, quando era jovem, sobre a felicidade por ser diferente.

Foto: Getty Images
18 de agosto de 2023 Ângela Mata
A poucos dias daquele que seria o 40º aniversário de Amy Winehouse (a 14 de setembro), os pais da cantora recordam a infância da filha, com a publicação de excertos e fotografias nunca antes vistas, pertencentes aos diários privados da cantora. Janis Winehouse-Collins e Mitch Winehouse mergulharam nos diários de Amy para reviver momentos dos primeiros anos de vida da artista.

Muitos dos excertos, agora publicados em exclusivo no jornal britânico The Telegraph, provêm de textos escritos durante a adolescência de Amy. Mitch e Janis Winehouse decidiram revelar parte dos escritos, com reflexões e sentimentos da jovem britânica, para marcar o ano em que ela completaria 40 anos. Amy morreu aos 27, em 2011, na sua casa de Londres, em decorrência de intoxicação por álcool.
Amy Winehouse, com os pais, Janis Winehouse-Collins e Mitch Winehouse.
Amy Winehouse, com os pais, Janis Winehouse-Collins e Mitch Winehouse. Foto: Getty Images
"Após a morte de Amy, começámos a analisar os rascunhos e desenhos que juntou desde a infância e começámos a entender melhor como, por detrás da sua atitude desinteressada, Amy já vinha aprimorando cuidadosamente o seu talento há anos. Enquanto crescia, o quarto era o seu refúgio e um lugar onde se recolhia sempre para trabalhar. Não sabíamos na época, mas ela enchia caderno atrás de caderno com listas e desenhos, mapas e plantas, que ela revia e atualizava constantemente, muitas vezes enquanto trabalhava no quarto até às primeiras horas da manhã. Nos anos que se seguiram, onde quer que Amy morasse ou viajasse, ela tinha sempre um caderno com ela, anotava constantemente os pensamentos, sentimentos e ideias", revelaram Janis Winehouse-Collins e Mitch Winehouse ao The Telegraph.

"Ainda é difícil para nós acreditar que a nossa menina travessa foi da Osidge Primary School, no norte de Londres, ao ponto de ganhar um prémio Ivor Novello. Enquanto ia crescendo, ela estava sempre a cantar e a dançar, a desaparecer ou a aleijar-se, mas apesar de ser um turbilhão, ela também tinha um lado tranquilo. Era quando se retirava para o quarto e escrevia e desenhava nos seus cadernos", contaram os pais.
Nos Grammy Awards de 2005, em Londres.
Nos Grammy Awards de 2005, em Londres. Foto: Getty Images

O pai recorda também as várias discussões acaloradas que teve com a filha quando ela era adolescente e conta que, muitas vezes, ela interrompia-o a meio da discussão para pegar num papel e numa caneta e anotar o que pai tinha dito e depois voltar ao debate: "Desculpa pai. Aguarda um minuto. Só preciso de escrever isto", revelou Mitch. A sua música mais famosa, "Rehab", foi escrita após uma conversa que teve com o pai, provavelmente rabiscada num desses cadernos. Basicamente, segundo conta o pai, ela chegou a casa com os seus então agentes que estavam preocupados com os problemas que ela tinha com a bebida e queriam levá-la para um tratamento profissional e terá dito: "Eu não quero ir, pai. Eu não tenho 90 dias!". 

No diário, Amy revela gostar de ser "diferente" dos outros adolescentes e questiona-se se algum dia "o amor vai cruzar o caminho" dela: "Estou feliz por ser diferente. Não adoraria ser como todo o mundo. Eu adoro ter o meu próprio estilo. Adoro falar alto e falar mal das pessoas. É assim que eu sou".

Amy chegou mesmo a escrever uma lista à qual deu o nome de "Fame Ambitions" e na qual enumerou o que gostava de um dia ter ou fazer, se fosse famosa. Ser fotografada por David La Chappelle, fazer um filme onde pareça feia, ser a melhor amiga de Sarah Jessica Parker, Stella McCartney e de Eddie Izzard, colaborar com a Missy Elliot e o Timbaland, ter uma coleção de sapatos com mais de 300 pares e comprar uma casa em South Beach eram algumas das coisas que estavam no seu top 14.

Nos rascunhos, ela também conta o tipo de companheiro que sonhava encontrar: "Às vezes penso, pergunto-me se há alguém. Algum rapaz por aí que seja tão louco como eu? Um rapaz cool de cabelo escuro, que use óculos para ler e seja um verdadeiro rapaz indie? Piercings opcionais, sotaque escocês ou irlandês, de preferência".

No diário, ela também questionou por que é que "todos os amigos" do seu irmão se encaixavam nessa descrição, sendo que ela era "muito jovem para fazer algo a respeito". "Será que o amor vai cruzar o meu caminho ou estou destinada a sair com rapazes do metal ou giros sem cérebro? (Algo que eu desprezo)", escreveu.
Amy com Blake, com quem se casou.
Amy com Blake, com quem se casou. Foto: Getty Images
Nestes seus desabafos, Amy nunca escondeu que lutava contra os seus sentimentos: "Odeio o meu temperamento. Às vezes, isso corrói-me tanto que fico fisicamente violenta com aqueles que amo. Por mais que diga que sinto muito, é algo que eles jamais podem esquecer".

Em 2005, Amy conheceu Blake Fielder-Civil, com quem se casou dois anos depois. A relação foi marcada por relatos de abuso de drogas e álcool. Acabaram por se divorciar após seis anos, mas a artista nunca escondeu a paixão que mantinha por ele. Numa apresentação nos Grammy Awards, a artista chegou a dedicar a atuação a ele - "meu Blake, encarcerado" - porque ele estava preso por ter atacado o dono de um pub.

Amy chegou a internar-se para reabilitação e a deixar as drogas pesadas, mas nunca se recuperou totalmente do vício. Blake estava preso por outro crime, um assalto à mão armada, quando descobriu que Amy tinha morrido, em 2011, após passar por um período de abstinência.
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