Angelina Jolie: “Não sou perfeita”
O que faz de alguém uma estrela? Será a beleza, o carisma, o talento? Angelina Jolie tem tudo isso e tem tanto mais. Luz e sombra conjugam-se de uma forma singular no rosto de uma mulher multifacetada, apaziguada com a sua própria vulnerabilidade. A Máxima foi a Paris ver de perto a mulher, a atriz e a ativista que se bate pelos direitos humanos ao mesmo tempo que reclama o seu próprio direito a viver com suavidade.

9h00, Place de la Concorde. O habitual trânsito parisiense, intensificado por algumas obras, desvia ligeiramente a rota dos transeuntes, imersos nos seus pensamentos e de olhos postos nos ecrãs dos smartphones, a caminho de mais um dia de trabalho. Não é o meu caso. Naquela manhã luminosa, fui uma das primeiras convidadas da Guerlain – e a única jornalista portuguesa – a entrar no Hotel de Crillon, um dos incontornáveis cinco estrelas da capital francesa, instalado num belo e bem recuperado edifício de 1758, para a apresentação da nova versão de Mon Guerlain, perfume do qual Angelina é embaixadora. Mal transponho a porta de entrada, pedem-me que suba ao primeiro andar e que me dirija ao Salon Marie-Antoinette, uma sala assim denominada porque, em tempos, foi ali que a rainha Maria Antonieta teve as suas aulas de piano. Tempo para espreitar as tapeçarias, olhar o teto em gesso trabalhado e despachar algumas formalidades – entre elas a assinatura de um acordo de confidencialidade pelo qual me comprometia, entre outras exigências, a não fotografar, nem a divulgar informação antes da data acordada (no caso, o mês de setembro). Depois, um café. E outro. Os 60 metros quadrados da sala foram ficando cada vez mais escassos. Entre imprensa europeia, colaboradores da marca e influencers asiáticas (constantemente debruçadas no balcão da varanda à procura do melhor ângulo para a selfie do dia), o burburinho foi-se intensificando até às 11, hora marcada para a conferência de imprensa com a embaixadora da Guerlain. Angelina Jolie. As duas mais pronunciadas palavras do dia, a presença sempre evocada daquela manhã. "Ela já chegou?", "Já estiveram com ela?", "Como é que ela está?", "Como é que ela é?". Era visível, audível, quase palpável – e na altura até algo inexplicável – a ansiedade generalizada por ver chegar a atriz norte-americana. Não por ser uma das mais brilhantes estrelas de Hollywood, mas por ser ‘Ela’. A musa, a mãe, a realizadora, a ativista, a Embaixadora de Boa Vontade das Nações Unidas (e, sim, a ex-mulher de Brad Pitt). A pessoa em todas as suas camadas, fascinante a cada um delas, do passado mais negro à vida agora (aparentemente) refeita. "A Angie está muito bem-disposta", segredava-me Ann-Caroline Prazan, a diretora internacional de Marketing para Perfumes e diretora artística da Maison Guerlain, 68 Champs-Élysées, que tinha passado a véspera na companhia de Jolie, pela segunda vez escolhida como protagonista da campanha publicitária de Mon Guerlain, perfume agora reinventado na versão Eau de Parfum Intense. O tom da confissão era de pura satisfação, mas não era difícil intuir algum alívio. Se recuarmos a 2017, data da primeira colaboração entre a atriz e a marca, lembramo-nos de que a parceria, apesar de feliz, sólida e bem-sucedida, não deixou de ser atingida por alguns estilhaços do divórcio com Brad Pitt. Compreensivelmente, a disponibilidade da atriz não foi a mesma. Mas isso parece ter ficado no passado. Agora, com 44 anos, Angie está bem. Tranquila, bem-disposta, disponível. E, claro, linda como sempre.

11h00, Salon des Aigles, Hotel de Crillon. Não foi preciso pedir silêncio. Sala cheia (as cadeiras, afinal, não foram suficientes), plateia em suspenso. E Angelina entrou. Era fácil perceber que todos naquele instante se dedicavam ao mesmo exercício: avaliar se ela era tão bonita, alta e magra (introduzir todos os predicados que se considerem pertinentes) como parece. Do lado de lá apenas um sussurrado "Good morning, good morning", acompanhado de um ligeiro acenar de cabeça e do quase sorriso de quem está mais do que habituado a essa reação. E depois calma, muita calma, um mar de calma. Após a excitação, o deslumbramento e a admiração, é mesmo essa a sensação que prevalece: a da enorme tranquilidade que emana da atriz. Mas nem sempre foi assim. A verdade é que a quase consensualidade que hoje parece pairar em redor do seu nome é relativamente recente e, porventura, muito devida à faceta humanitária que foi ganhando expressão nos últimos anos. Talvez por isso muitos já não recordem a Angelina mais negra, mais polémica, mais difícil de adorar. A Angelina que usava o sangue do segundo marido, o ator Billy Bob Thorton, num pendente ao pescoço, que confessava a sua paixão por facas ou que beijava o irmão em público alimentando rumores de incesto. Tudo começou a mudar com uma viagem ao Camboja (cenário do filme Lara Croft: Tomb Raider, de 2001) seguida de um choque de realidade. "Encontrei pessoas tão generosas, calorosas e acolhedoras e, sim, muito complexas. Viajamos por aqui [pelo Ocidente] e vemos pessoas com muitas coisas, mas raramente expressam felicidade. Vamos lá e encontramos famílias com uma manta a fazerem um piquenique para ver o pôr do sol", recordou a atriz numa entrevista que à Vanity Fair americana. É com a mesma simplicidade feliz que nessa manhã, em Paris, fala daquele país que hoje também é o seu.
Depois de o primeiro filme publicitário para a Guerlain ter sido realizado (por Terence Mallick) na casa que a atriz tem em França, desta vez a equipa rumou ao sudoeste asiático. "Trabalho no Camboja há mais de 17 anos [através da fundação Maddox Jolie Pitt] e tenho lá a minha própria casa. Fazia todo o sentido filmar lá. Falámos muito sobre isso, sobre o ethos da Guerlain, sobre a ideia de explorar outras culturas, sobre o compromisso com a biodiversidade. A natureza desempenha um papel importante neste filme e é realmente inspiradora", explica quando questionada sobre o filme de 45 segundos realizado pelo mexicano Emmanuel Lubezki (já distinguido com um Óscar e colaborador regular dos realizadores Alfonso Cuáron e Alejandro González Iñarritu). A certa altura é interrompida por Laurent Boillot, presidente e CEO da Guerlain, sentado a seu lado e de frente para a plateia que, em jeito de curiosidade, acrescenta que durante as filmagens a atriz recebeu em casa a visita de um monge que abençoou o local. Foi também nessa altura que recebeu algo particularmente simbólico para ela: o passaporte cambojano.
"Quando eu fui pela primeira vez ao Camboja, lembro-me de ter visitado uma zona perto da fronteira com a Tailândia onde havia muitas minas terrestres..." Antes disso, numa das primeiras visitas a Siem Rep, Angelina recorda-se de ter comprado, por uns escassos dois dólares, o livro First They Killed My Father – A Daughter of Cambodja Remembers, o livro de memórias em que Loung Ung recorda o genocídio levado a cabo pelo regime dos Khmers Vermelhos. Pouco depois, no âmbito de uma das primeiras missões que fez na qualidade de Embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a atriz viria a conhecer a escritora que se tornaria uma das suas amigas mais próximas (e um apoio fundamental durante o processo de divórcio). Foi a partir deste livro que surgiu o argumento do filme com o mesmo nome. Realizado por Jolie, o filme (um original Netflix, de 2017) foi inteiramente rodado no Camboja, tendo sido a maior produção cinematográfica feita naquele país depois da guerra. Além da participação de atores locais, contou com a colaboração de Maddox, o filho mais velho de Jolie, creditado como produtor executivo, e de Loung Ung, coautora do argumento. "Num país como o Camboja, o respeito é muito importante. Respeito pelo outro, respeito pela cultura, respeito pela história, respeito pelos mais velhos. A Angie caminha pelo Camboja com esse respeito", disse a autora à Vanity Fair. Nesse mesmo artigo, publicado em 2017, evoca-se o momento em que Angelina se decidiu pela adoção de Maddox, adiantando que se havia comprometido a visitar apenas um orfanato, na cidade de Battambang. É a própria que lembra a angústia que começava a tomar conta dela à medida que avançava pelas salas sem sentir uma ligação especial com nenhuma das crianças. "E depois disseram-me: ‘Há mais um bebé.’" Maddox estava deitado numa caixa suspensa do teto. Foi esse o momento em que se conheceram. "E eu chorei e chorei…", disse Angie àquela revista.

Também nessa manhã, em Paris, a atriz lembra o momento em que o filho passou a fazer parte da sua vida. "Eu decidi que queria ter lá um lugar para ele, mas que também queria ajudar o país de alguma forma. Começámos a trabalhar nesse sentido, tentando proteger a terra e as suas gentes, investimos nelas, em escolas, em clínicas, tirámos as minas do chão, demos trabalho aos locais, aprendemos com eles." As conquistas são contadas com entusiasmo, mas sem excitação. As palavras são quase sempre ponderadas e os gestos suaves, tal como o sorriso. As mãos, magras, de dedos longos e esguios, agitam-se para reforçar uma ideia, mas logo regressam ao colo e as pernas permanecem suavemente cruzadas, escondidas debaixo do viés de um elegante vestido bege (que mais tarde haveria de ser trocado por um maxivestido de riscas criado pela Loro Piana). É inegável a sua aura. Angelina rodeia-a, emoldura-a e persegue-a como um rasto de perfume. Afinal (também) é por isso que ela ali está. Para falar de uma fragrância que em tempos descreveu como a sua tatuagem invisível, mas também das memórias sensoriais que cruzam a sua história pessoal com a da Casa francesa.
É público que Ms. Jolie só aceitou o desafio de se associar à Guerlain porque havia um passado afetivo a ligá-la à marca. "A minha mãe (Marcheline Bertrand, 1950-2007) não usava maquilhagem, nem cuidava particularmente dela própria", revela. A verdade é que tinha uma energia especial, interrompe a também atriz Jacqueline Bisset, a madrinha de Angie que, naquele dia, a acompanhou no evento e a ouviu entre a plateia silenciosa e atenta. "Ela tinha apenas um pó [Ladies In All Climates], da Guerlain, que só usava em ocasiões especiais. Eu, miúda, olhava-o e pensava nele como algo mágico, algo de outro mundo, vindo de Paris. Ela estava bastante ocupada a criar os filhos como mãe solteira e aquele era o seu objeto especial…" Por um instante parece que uma lágrima se vai desprender do canto do olho da atriz, mas o momento é rapidamente ultrapassado. Mestre em dominar emoções e em enfrentar a imprensa, a atriz recompõe-se num abrir e fechar de olhos. "Às vezes, o momento em que a mulher aplica o seu perfume é o único no seu dia em que tira um segundo para fazer algo por ela própria e isso permite-lhe lembrar-se de quem é e lembrar-lhe de que merece isso."
Mon Guerlain é um tributo às mulheres que têm várias vidas numa só. Às mulheres que fazem o melhor que podem em todas as frentes e que, de uma vez por todas, têm de se apaziguar com elas próprias, deixando de lado cargas desnecessárias que só elas insistem em carregar. Depois acaba por ser também um convite à reflexão sobre aquilo que para cada uma de nós é estruturante e essencial. No caso de Angelina, essa palavra-chave é fácil de eleger: liberdade. É por causa dessa vontade irreprimível de ser livre que no filme publicitário surge despida de artifícios, a caminhar no meio da selva, feliz, à chuva, ao som do clássico Wild Thing (que, curiosamente, foi escrito por Chip Taylor, tio da atriz e irmão do ator Jon Voight, de quem alegadamente Angelina se reaproximou depois do divórcio). "Mas este ‘wild’ de que a música fala não tem nada a ver com ser agressiva, sombria ou sexy e tem a ver com ser feliz", esclarece Angelina.

12h00. Últimas perguntas. Durante mais de meia hora, Angelina Jolie revelou-se disponível para responder a todas as questões colocadas pela moderadora da conferência. Quando, nos minutos finais, se abriu espaço para que também a audiência pudesse participar, a advertência foi incontornável: "Pedimos que se restrinjam aos temas que temos vindo a abordar." Ficava assim arredada alguma pergunta mais inconveniente sobre a esfera privada, mas a família haveria de continuar presente, não fosse ela a líder de um pequeno clã. Mãe adotiva de Maddox, de 18 anos (natural do Camboja), de Pax, de 15 anos (natural do Vietname), de Zahara, de 14 anos (natural da Etiópia), e mãe natural de Shiloh, de 13 anos (natural da Namíbia), e dos gémeos Vivienne e Knox, de 11 anos (naturais de França), Angelina encontrou nos filhos a estabilidade que lhe escapou a vida toda. Quando o The New York Times lhe perguntou, numa entrevista de setembro de 2017, se ela era uma espécie de treinadora de uma pequena equipa, ela respondeu que se sentia mais como parte de uma fraternidade. "Eles são os melhores amigos que eu alguma vez tive. Ninguém em toda a minha vida me apoiou tanto", disse àquele jornal. Foi a pensar no futuro dos filhos que, em 2013, tornou pública a sua decisão de fazer uma dupla mastectomia preventiva. Depois da morte prematura da mãe, com apenas 56 anos, vítima de cancro dos ovários, e após saber que era portadora do gene BRCA1, a atriz tomou a decisão de se submeter à cirurgia e explicou-a numa carta intitulada My Medical Choice, publicada no The New York Times, em maio de 2013. Dois anos mais tarde, recebeu uma chamada do seu médico, preocupado que estava com os resultados de umas análises sanguíneas que sugeriam a possibilidade de cancro. Depois de alguns dias de incerteza e com a chegada de um diagnóstico que a tranquilizou, Angelina tomou outra decisão radical e retirou os ovários, entrando num processo de menopausa precoce. "Na verdade, eu sinto-me mais mulher porque sinto que estou a ser inteligente no que respeita às minhas escolhas. E eu estou a pôr a minha família primeiro, estou no comando da minha vida e da minha saúde. Acho que é isso que torna uma mulher completa", disse àquele jornal. Consciente do seu lugar privilegiado no mundo, Angelina Jolie tem feito a sua parte. É uma cidadã combativa, uma mulher inconformada e uma ativista incansável, capaz de lutar nas mais variadas frentes, da ecologia ao drama dos refugiados, passando pelos direitos das mulheres. Acima de tudo, diz que tenta ser um bom exemplo para os filhos, tal como a mãe foi para ela. "Eu considero que devemos cultivar a humildade e lembrarmo-nos do lugar que ocupamos no mundo. Somos todos humanos, não vamos viver para sempre, somos uma pequena porção, um grão de areia neste grande universo. Tento ser responsável, mas não sou perfeita. E não é fácil sê-lo quando se é mãe de seis crianças. Converso com elas, tento explicar-lhes a importância que as coisas têm, viajo com elas, mostro-lhes o mundo, as diferenças. Mas não tenho respostas definitivas. Tento fazer o melhor, tal como acredito que todas as pessoas nesta sala tentam fazer aquilo que acreditam ser o melhor. Acima de tudo, digo aos meus filhos que sejam bondosos com os outros e com eles próprios. Há tanta coisa a acontecer no mundo… Acredito, acima de tudo, que temos de preparar os nossos filhos e tentar que a próxima geração tenha educação, conhecimento, força e apoio. Fizemos muitos avanços e cometemos muitos erros. Temos de partilhar isso com eles. Nunca na nossa história assistimos a tantas mudanças como neste último século. Veja-se, por exemplo, a forma como viajamos. A própria Internet. Mudou tudo muito repentinamente. Talvez esteja na hora de sermos mais brandos connosco de forma a gerir tudo isto."
Vinda de um período particularmente combativo, a atriz parece apaziguada. "Fala-se muito de empoderamento, mas não pode haver verdadeiro progresso no que diz respeito aos direitos das mulheres até que certas leis sejam alteradas e um determinado tipo de proteção tenha lugar, de forma a que as mulheres estejam realmente seguras. Mas, depois, para lá destes direitos essenciais – seja o direito de ir à escola ou o direito de chegar a casa em segurança –, há aspetos sobre os quais nunca chegamos a falar. Refiro-me ao direito de não ter de lutar todos os dias. Ao direito de não ter de provar a cada momento que somos capazes, que somos fortes, que podemos trabalhar e educar os nossos filhos. Ao direito de não termos de estar a ser constantemente desafiadas. Ao direito de ser suaves. Tenho pensado muito na ideia de suavidade e a verdade é que, muitas vezes, não nos é dado esse espaço."
A conferência de imprensa terminou e Angelina saiu como entrou. Ágil e silenciosa. Depois foi tempo de toda a comitiva se mudar do Hotel de Crillon para a Maison Guerlain, no número 68 Champs-Élysées, a fim de conhecer com mais detalhe as notas e processos criativos em redor do novo Mon Guerlain. Residia a dúvida sobre se a atriz se voltaria a juntar ao grupo. O mistério desfez-se quando uma pequena comitiva se concentrou em redor da escadaria. "Estão todos aqui por minha causa?", surpreendeu-se, particularmente eficaz na forma direta como abordava quem com ela se cruzava. Depois foi a nossa vez de nos surpreendermos com a sua disponibilidade. Passo a passo, revisitou o perfume, dos ingredientes à embalagem, sorriu e tirou fotografias (quase) sem dar mostras de cansaço. E por um instante também o meu olhar se cruzou com o dela. Não resisti em estender-lhe a mão. Olhando para trás, receio que a memória daquele instante possa estar ligeiramente deturpada pela admiração que passei a sentir por aquela mulher. Mas aquilo que recordo é de ela ter parado para me cumprimentar. Dei-lhe os parabéns pelas suas declarações. Disse-lhe que não deixou de ser surpreendente ouvir alguém como ela a assumir fragilidades e a falar de forma tão concreta daquela que é uma das tarefas mais importantes da sua vida: a educação dos filhos. E depois arrisquei: "E medo de falhar? Ou culpa? Também lida com essas emoções?" Na altura em que Angelina se preparava para responder, a agente deu-se conta de que Angie tinha ficado para trás e regressou para a resgatar. "No, no. It’s ok", respondeu, para logo me falar daquilo que para ela agora parece ser vital: a ideia de fazer as pazes. Não com os outros, mas connosco. Aceitarmos os nossos erros, relativizá-los, fazer o melhor o que se pode e seguir em frente. É essa a sua receita na intimidade. Ser ela própria em todos os momentos. E chorar, se for preciso. Estava eu ainda a tentar gravar cada palavra, cada expressão, quando Angelina Jolie voltou atrás: "Ah! E em relação a essa sensação de estar sempre em falta ou a sentir-se culpada, digo-lhe o que, um dia, também me disseram: a noção de tempo para uma criança é completamente diferente. Nós estamos umas horas fora e parece uma eternidade. Para eles é só um instante." Mas Angelina, como ninguém, parece saber fazer de cada instante uma pequena eternidade.
