Celebridades
A última princesa da Europa
Aquilo que nas outras princesas causa sérios danos na imagem a ela acrescenta glamour. Aquilo que obriga as outras casas reais a pedidos de desculpa a ela nem a toca. Ela é Carolina do Mónaco e no dia em que celebra 63 anos, recordamos o artigo publicado na revista Máxima quando chegou aos 60.

Note-se que para toda uma geração que cresceu a ver os vestidos de Carolina, os namorados de Carolina, os cortes de cabelo de Carolina... perceber que ela vai fazer 60 anos é um exercício mais complexo do que possa parecer à primeira vista. Afinal, se Carolina vai fazer 60 anos que idade temos nós? Alguma, obviamente. Não será grande prémio de consolação, mas, no caso de Carolina, envelhecer libertou-a da cara de bolacha da adolescência, dos paparazzi, dos boatos e daquela mania de processar jornalistas pela devassa da sua vida privada que ela mesma não preservava.
Para quem só agora tiver chegado à conversa sobre esta figura que encheu capas e capas de revista na era pré-famosos, convém explicar que a vida pessoal de Carolina é uma espécie de três casamentos e um funeral: casou aos 21 anos com Philippe Junot, 17 anos mais velho e, sem nos alongarmos mais em pormenores inconvenientes, um homem com muita vida vivida. Carolina divorciou-se aos 23. Não se sabe quantos meses lhe foram necessários para concluir que Junot não tinha de modo algum um perfil recomendável, mas os fotógrafos não deixaram de registar as idas e vindas da sua mãe a caminho dos advogados que trataram do seu divórcio. Especulava-se sobre quanto custou aos Grimaldi o silêncio de Junot sobre a sua intimidade com Carolina mas fosse pelo que fosse Junot nunca abriu a boca e pouco a pouco ele e aquele seu bronzeado canastrão caíram no esquecimento. Para tal, ou seja, para o esquecimento de Junot nas capas de revista e no principado do Mónaco, também terá contribuído a animada vida de jovem divorciada de Carolina, que assim em poucos meses se cruzou com Guillermo Vilas e Robertino Rossellini. O primeiro era argentino e um destacado jogador de ténis. Mas até Junot se tornou apresentável quando em junho de 1982 a Paris Match fez capa com Carolina e Guillermo Vilas numa praia bem distante do Mónaco: nem todo o autocontrolo da antiga estrela de Hitchcock que o casamento tornara Sua Alteza Sereníssima Grace do Mónaco terá sido suficiente para evitar mais uma das célebres discussões entre mãe e filha, a propósito do perfil dos seus acompanhantes.

Para felicidade de todos, Carolina pôs fim à relação com Guillermo Vilas e, em 1983, passou a fazer-se acompanhar por Robertino Rossellini, um jovem certamente com melhor gosto que Guillermo Vilas para fazer poses em calções de banho mas cujo papel na vida se parecia resumir a ser filho de Ingrid Bergman e de Roberto Rossellini. Mas digam as más-línguas o que disserem, Robertino Rossellini teve um papel importante na vida de Carolina: apresentou-a a um seu amigo. Como se chamava esse amigo? Stefano Casiraghi. E assim, ainda não se tinham desvanecido das retinas as imagens de Carolina ao lado de Robertino Rossellini (pareciam estar sempre a viajar), eis que, no fim de 1983, Carolina, de casaco de peles (estávamos nos anos 80, logo celebrava-se o corpo humano! O dos animais não era chamado ao assunto), surge radiante ao lado de Stefano Casiraghi. Casaram a 23 de dezembro de 1983. Tal como no casamento com Junot, ela recorreu à Casa Dior para se vestir. O segundo casamento ganha esteticamente aos pontos ao primeiro e não só porque Junot ao pé de Stefano Casiraghi parece um ator de telenovelas bolivianas. Na verdade, a própria Carolina, mesmo que no segundo casamento apenas tenha celebrado cerimónia civil – ou talvez também por causa disso –, estava bem mais elegante e sobretudo desembaraçada daquelas flores enroscadas que, aquando do casamento com Junot, Marc Bohan, certamente confundindo a princesa Carolina com a princesa Leia, lhe aplicara na cabeça.
Carolina e Stefano se não foram felizes pelo menos assim o pareceram até 3 de outubro de 1990, dia em que Stefano morreu numa competição náutica. Nos sete anos do seu casamento tiveram três filhos – Andrea, Carlota e Pierre. Protagonizaram fotos que fizeram suspirar republicanos e monárquicos e tornaram-se uma espécie de casal real do Mónaco, pois Grace morrera em 1982, Rainier, viúvo, desempenhava sem alegria as suas funções, Stephanie ainda não vivia em roulottes de circo mas já mostrava uma assinalável alergia ao bom gosto e ao bom senso e Alberto, enfim, era Alberto: um príncipe que encantamento algum consegue que deixe de ser sapo.

A morte de Stefano levou Carolina e os seus três filhos até à Provença. Cabelo curto, vestidos de flores em tecidos da região, alcofas de palha e óculos são os seus adereços desta época. Até que chega Vincent Lindon, um ator proveniente de uma abastada e reputada família judia que mantivera uma relação com a filha de Chirac. Vincent Lindon ora levava os filhos de Carolina ao futebol ora vestia smoking e participava com um charme de aristocrata clochard naquelas galas em que o Principado do Mónaco é pródigo. Será, aliás, numa dessas galas, em 1996, que aconteceu uma tremenda discussão entre Carolina e Vincent. Porquê? Não se sabe. Mas tudo isto ocorre numa fase em que se multiplicavam os boatos sobre o casamento já celebrado ou a celebrar entre Carolina e Vincent Lindon.
Se sobre a rutura com Lindon se sabe pouco, muito menos se sabe quais as razões que terão levado Carolina a apaixonar-se por Ernst de Hannover. É certo que o amor é cego, mas o ar de alcoólico de Ernst de Hannover tresanda a quilómetros. De qualquer modo, fosse por doença, pela angústia de deixar Lindon, por se apaixonar por alguém tão problemático quanto Ernst de Hannover, para mais casado com uma sua grande amiga, a verdade é que Carolina do Mónaco ficou sem cabelo. Literalmente falando, ficou careca. E foi então que se percebeu que fosse como fosse ela manteria sempre o que não é bem elegância, também não é charme nem chic. Chama-se racée. Há quem tenha e quem não tenha. E como o caso das filhas de Carolina bem ilustra esse "não sei quê" pode herdar-se, mas não necessariamente de forma igualitária: Charlotte, a filha que Carolina teve com Stefano, transforma o mais horrível trapo num acessório fabuloso, já Alexandra, nascida do casamento de Carolina com Ernst de Hannover, pode ser aparentada com a rainha de Inglaterra e com os desaparecidos czares de todas as Rússias, mas não há casaco que lhe assente em condições.
Sim, eu sei que ainda temos a Carolina mãe (tanto quanto se sabe cuidadosa); a Carolina sogra (aparentemente impecável); a Carolina avó (babada); a Carolina irmã (intratável com Stephanie); e muito particularmente a Carolina cunhada que nem disfarça o enfado que lhe causa Charlene, a antiga nadadora que uma vez saída das piscinas leva na terra o ingrato papel de ser mulher de Alberto. Mas antes de aí chegarmos temos de falar de um outro casamento. Não de Carolina, porque depois de em 1999 se ter casado com Ernst de Hannover não mais passou pelo registo civil ou pelo altar (após inúmeras diligências, Carolina consegui a nulidade do seu casamento com Junot), mas sim do casamento de Felipe e Letizia, cerimónia à qual Carolina acudiu com Ernst, mas onde acabou sozinha pois o estado alcoólico de Ernst era tal que não conseguiu sair da cama. Valha a verdade que nenhuma mulher está completamente sozinha quando veste os fabulosos modelos Chanel que Carolina envergou nesses dias, mas os jornalistas que tão más relações mantinham com o chefe da casa de Hannover ao verem Carolina sozinha logo decidiram que aquele era o escândalo do ano. Carolina pareceu dar-lhes razão e rapidamente se separou de Ernst. O estatuto de separada mas não divorciada assenta-lhe como um modelo de Alta-Costura.

"Portanto e em conclusão, Carolina do Mónaco chega aos 60 anos de bem com a sua vida. A que junta a sorte de os seus filhos serem, comparados consigo, um exemplo de bom comportamento."
Livre de especulações sobre as suas relações com homens, Carolina continua a alimentar rumores sobre a sua má relação com algumas mulheres. Mais propriamente com a sua irmã Stephanie que passou de uma paixão desatinada pelos artistas de circo e guarda-costas para um amor sem limites pelos animais (dos circos e não só). A isto acresce que Stephanie se obstina em aparecer vestida nas cerimónias oficiais como se tivesse regressado de ir passear o cão, nem lhe falta o casaquinho a tapar aquela roupinha de trazer por casa. Em resumo, Carolina levou a vida que quis porque se considera aristocrata, já Stephanie levou também a vida que quis, mas acontece que Stephanie sempre quis ser como o povo. E assim as duas irmãs e respetivas famílias parecem provenientes de mundos opostos nas raras fotografias em que têm de aparecer juntas. Contudo, o verdadeiro espinho na vida de Carolina não é a sua irmã Stephanie, que nunca pretendeu disputar-lhe o lugar de primeira-dama do Mónaco e cujos filhos parecem relegados para uma discreta segunda fila nas fotos e nos negócios dos Grimaldi. A mulher que alterou a vida de Carolina veio da África do Sul e chama-se Charlene. A nadadora olímpica sul-africana não só acabou a casar com Alberto como teve dois filhos com ele (por enquanto). Isto numa fase em que Carolina já via o seu filho Andrea a suceder a Alberto. Rezam as crónicas mundanas que Alberto se vê em apuros para conseguir que as duas pouco se cruzem em público e que nos momentos em que tal tem mesmo de acontecer mantenham as aparências. No caso de Carolina isso é fácil, o que não quer dizer que se comporte com lealdade: basta-lhe aparecer como fez no batizado dos gémeos de Charlene e Alberto, onde, em vez de optar por um look discreto que deixasse a mãe dos bebés brilhar, apareceu com um fantástico chapéu de abas largas sob o qual o seu perfil lembrava o da desaparecida Grace. Quanto a Charlene, aquele ar de constante nevralgia não se sabe se se deve à irritação com a cunhada ou com o marido. Ou talvez com ambos. Aceitam-se apostas sobre o dia em que deixará de passear aquele olhar triste e mortiço pelo Mónaco.
Creio ter apresentado elementos suficientes para que se perceba que a vida amorosa e familiar de Carolina é um livro aberto. Na verdade, acontece o mesmo com os outros Grimaldi: vemo-los a apaixonarem-se nas capas das revistas, a traírem e serem traídos via objetiva dos fotógrafos. A chorarem, destroçados, os seus mortos: os funerais de Grace, Stefano e Rainier pareciam ter sido coreografados por Coppola (a Stefano nem faltou uma profanação do túmulo). Só há uma coisa de que os Grimaldi não falam nem gostam que os outros falem: do seu dinheiro.

O principado do Mónaco, além de um regime fiscal que muito irrita a vizinha França, é uma espécie de grande empresa onde, seja qual for o movimento do dinheiro, uma comissão acabará sempre nos bolsos (malas no caso de Carolina) dos Grimaldi. Dos helicópteros que transportam para o principado os passageiros que aterram no aeroporto de Nice até aos mais simples recuerdos, tudo acaba a levar a empresas, participações, sociedades, fundos... de que os Grimaldi são sócios, via uma remota Sociedade dos Banhos de Mar. No caso de Carolina, há ainda que juntar à sua fortuna pessoal o que tem em comum com Ernst de Hannover (pois nunca se divorciaram e Ernst, apesar de beber muito e de ter entregue a gestão dos bens ao filho mais velho, ainda terá uma conta bancária de várias centenas de milhões de euros!).
Portanto e em conclusão, Carolina do Mónaco chega aos 60 anos de bem com a sua vida. A que junta a sorte de os seus filhos serem, comparados consigo, um exemplo de bom comportamento. A nora Beatrice, mulher de Pierre, devolveu ao Mónaco o estilo dos melhores tempos de Grace Kelly (tudo aquilo com Alberto estava a ficar com um ar um pouco estância balnear ultrapassada!) e Tatiana, casada com Andrea, além da originalidade no modo de vestir, tem ainda a particularidade de fazer parte desse restrito grupo que compõe a lista dos mais ricos do mundo. Das filhas, Alexandra de Hannover e Charlotte, a mais parecida consigo, ainda muita água correrá, mas, como diria a avó Grace, ao pé da mãe são um modelo de sossego. Carolina parece, aos 60 anos, ter fortes razões para sorrir, gesto que lhe acentua as rugas. Mas também por não as apagar de vez e ficar luzidiamente igual aos outros rostos da realeza (conseguem distinguir Rania da Jordânia de Letizia de Espanha?) as mulheres devem-lhe desejar muitos anos de vida neste seu aniversário.
*Originalmente publicado na revista Máxima, edição nº340

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