Exclusivo. Tudo sobre o look de Fernanda Torres nos Óscares
Conversámos com Antonio Frajado, stylist responsável pelos looks da atriz na campanha de premiação de “Ainda Estou Aqui”.
Foto: Getty Images02 de março de 2025 às 22:22 Clara Drummond
Em 1999, quando foi indicada ao Óscar de Melhor Atriz por Central do Brasil, Fernanda Montenegro comparou a exaustiva campanha que antecede o prémio com uma viagem a Júpiter. Agora, 25 anos depois, Fernanda Torres, sua filha, repete a façanha ao interpretar Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui. De lá para cá, as campanhas tornaram-se ainda mais intensas, mas o cinema brasileiro ganhou mais estrutura. O tapete vermelho é parte fundamental do processo, e é nesse quesito que Fernanda Torres conta com a ajuda do Antonio Frajado, seu stylist há mais de 15 anos. "É como ir a Júpiter, mas com uma aeronave melhor", brinca a atriz.
Em tempos de "method dressing", em que as atrizes se vestem para os eventos promocionais com roupas que remetem para a temática do filme – os exemplos mais notáveis são Margot Robbie em Barbie e Zendaya em Dune e Challengers – Fernanda e Antonio decidiram pela sobriedade a fim de honrar a memória de Eunice Paiva. Afinal, Ainda Estou Aqui conta a história da viúva do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado em 1971 pela ditadura militar no Brasil. "O tapete vermelho é um trabalho que acontece em duas camadas, porque exige que você seja um personagem, mas sendo você mesmo", explica Antonio. "A Fernanda é uma mulher muito experiente, muito segura de si, tem a mesma naturalidade na prova de roupa e em frente às camaras. Ela não se perde no personagem".
Minha relação com a Fernanda foi um verdadeiro encontro. Há 15 anos, eu era assistente da Cláudia Kopke – que, aliás, é a responsável pelo figurino de Ainda Estou Aqui. E a Cláudia trabalha com a Fernanda desde que as duas fizeram Casa de Areia, em 2005. Mas, nesse dia, a Cláudia estava ocupada, então ela não só indicou meu nome, como generosamente me vendeu como se eu fosse a última Coca-Cola do deserto! E, de repente, uma prova de roupa de vinte minutos veio a se tornar a minha carta de abolição do cargo de assistente. A Fernanda estava com muita visibilidade porque era a época de Tapas e Beijos [comédia romântica de 2011]. Nós fazíamos umas três campanhas publicitárias por mês, de clientes diferentes. Antes, já assinava algumas campanhas menores de moda, mas não era o suficiente. Através da Fernanda, ganhei outras seis clientes, num espaço de seis meses, e assim eu me tornei stylist de celebridades. Isso me deu estrutura financeira suficiente para seguir carreira a solo e voar.
A Nanda foi a pessoa com quem eu mais falei nos últimos seis meses, ela gosta do diálogo. A celebridade é uma marca, mas essa marca também se confunde com quem a pessoa é de verdade. É mais importante o cliente se sentir confortável, do que eu ir adiante com a imagem inicial que eu tinha em mente, prefiro dar o passo atrás, encontrar algo no meio do caminho.
Qual a diferença do seu trabalho anterior com a Fernanda para esse, em específico, do filme?
O meu trabalho com a Fernanda é sob demanda, focado em eventos e prémios. Não existia necessidade de desenvolver uma ideia com fio condutor, pois eram situações isoladas. Mas, quando surgiu o filme, a Fernanda me chamou, e passou o seguinte briefing que foi crucial para a narrativa: eu não quero distanciar-me do personagem, e sim honrar e respeitar a memória da Eunice. Ainda Estou Aqui é uma história contada de forma muito minimalista, não existe aquele momento arrebatador do melodrama, pelo contrário, a emoção vai crescendo, e, quando você vê, está chorando.
Foto: Mariana Maltoni
Foi difícil equilibrar o glamour do tapete vermelho com a sobriedade da história?
O look não pode ser maior que o personagem nem que a pessoa. É preciso passar uma mensagem que esteja de acordo com o filme. Há várias coisas lindas, mas que é preciso dizer: não, obrigada. Eu sou um profissional de moda apaixonado pela minha profissão, às vezes, me animo, fico eufórico, quero algo mais extravagante. E a Fernanda diz: ok, eu posso provar, mas você enlouqueceu! A moda é um ambiente de fantasia, existe uma liberdade para ir adiante, mas o ideal é encontrar algo que tenha impacto, mas que seja simples, o equilíbrio perfeito entre o glamour e o severo. No caso do Óscar, que é a fronteira final, considerámos que podíamos ir um pouco além. A roupa escolhida é Chanel, e funciona porque é um exagero controlado, tem um excesso permitido, tem brilho, mas é fechado, é justo, mas não tem volume. É a Eunice em dia de festa.
O que mudou do início da época de prémios para agora, com o Globo de Ouro e o Óscar?
No início, já tínhamos marcas internacionais, mas queríamos usar marcas brasileiras, então escolhemos o Alexandre Hercovitch para o Festival de Veneza. A Fernanda tem uma relação de longa data com o Alexandre - e ele é um talento absoluto! Depois do Globo de Ouro, a coisa foi para outro patamar, marcas que no início não tinham sido tão recetivas vieram até nós. No início, era um trabalho de convencimento, afinal, trata-se de um filme brasileiro de baixo orçamento, ninguém sabia do que se tratava. Eu insistia para que as marcas entendessem que estávamos falando de obra grandiosa que iria entrar para a História. Para a estreia em Londres, conseguimos a Phoebe Philo através de um amigo em comum que explicou a ela toda o contexto do filme e da Fernanda. A Phoebe não veste ninguém, mas é inteligentíssima, e tem uma narrativa parecida, então entendeu de imediato. Depois que o filme ganhou o mundo todo esse processo ficou mais fácil.
Num mundo ideal, é lógico que a minha preferência seria pela moda nacional, mas existe uma logística complicadíssima para usar marcas que não tenham algum tipo de base na cidade onde acontecem os eventos. A Fernanda só voltou ao Brasil uma vez desde outubro, então tenho feito syling à distância, por isso precisei priorizar as marcas com maior disponibilidade física.
No início, a marca mostra as fotografias do desfile, e então verificam se a roupa escolhida já foi usada por alguém, já que a preferência é sempre por uma peça que ninguém nunca usou, em seguida veem em que parte do mundo está a roupa, e enviam para o hotel. Eu tenho vinte anos de trabalho, sei como a roupa vai vestir só de olhar a fotografia, mas existem imprevistos, então é sempre bom ter várias possibilidades, sobretudo se não for sob medida. No Globo de Ouro, embora tivéssemos mais dez opções na arara, eu soube de primeira que seria Olivier Theyskens. O vestido é muito bem construído, não confunde o simples com o banal. É Eunice na veia, nas artérias, nos órgãos. A moda é importante porque a roupa tem a capacidade de iluminar uma pessoa, a roupa te preenche, e eu acho isso incrível. É um desses momentos mágicos da profissão.
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