Maria Luiza Jobim sobre António Zambujo: "O clique deu-se quando o vi em palco. Fiquei: meu Deus, que coisa mais linda"
A cantora faz sua terceira digressão em Portugal, agora com a participação do marido, António Zambujo. O primeiro single do novo disco, Rosa no Céu, sai esta sexta-feira.
Maria Luiza Jobim em digressão por Portugal com António Zambujo
Foto: DR17 de outubro de 2025 às 14:33 Clara Drummond
Faz mais de trinta anos que a então pequenina Maria Luiza Jobim veio a Portugal ver o seu pai, Tom Jobim, a realizar o épico espetáculo no Mosteiro dos Jerónimos, em 1992. No entanto, só recentemente retomou o contacto com o país: em 2015, a sua mãe comprou uma casa no Estoril; em 2023 fez a primeira série de concertos na Europa, para divulgar o seu disco Azul; e agora, outro grande marco: o seu casamento com António Zambujo. O casal conheceu-se em março, quando Maria Luiza foi assistir à apresentação do cantor no Circo Voador, no Rio de Janeiro. "Já fazia alguns anos que eu estava com a atenção voltada para Portugal. É o país fora do Brasil onde tenho mais amigos, amigos antigos, de infância."
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O novo disco, Rosa no Céu, já surge meio português, inspirado no pôr do sol que testemunhou juntamente com a amiga Mallu Magalhães na Caparica. A produção é de Marcelo Camelo, que também é coautor de várias canções, e conta com oito faixas em inglês e em português – "Portugal", que Camelo escreveu inspirado pelo romance de Maria Luiza e António, é em inglês, por exemplo. Em outubro, Maria Luiza fará apresentações em Lisboa, Porto, Madrid, Londres e Paris, que vão contar com músicas novas e antigas, algumas reinterpretações de clássicos, como "Dindi", e um dueto com Zambujo de "La Javanaise", que originalmente é de Serge Gainsbourg. “É um passeio pela minha história musical para que as pessoas possam me conhecer melhor”.
A entrevista que deu à Máxima teve lugar na semana anterior ao lançamento do primeiro single do disco, “Go Go Go”. Sai esta sexta-feira, 17 de outubro.
Maria Luiza Jobim em Portugal com o marido, António Zambujo, para uma nova digressão
Foto: DR
Em 2023 fizeste a tua primeira apresentação a solo em Portugal. O que mudou desde então? Na altura, eu estava a lançar o meu segundo disco, Azul. Agora, é a vez de Rosa no Céu: o primeiro single, "Go Go Go", vai ser lançado na próxima semana, embora o disco mesmo só no próximo ano. Rosa no Céu foi produzido pelo Marcelo Camelo. Eu e a Mallu Magalhães somos muito amigas. Eu já estava num momento em que queria vir para Lisboa: eu já tinha feito duas turnées aqui, estava a pensar na próxima, e já tinha algumas canções em mente. Foi o António (Zambujo) que sugeriu a possibilidade do disco ser produzido pelo Camelo. A Mallu estimulou que eu mandasse alguns rascunhos para ele, ele gostou, e iniciámos o processo.
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Como é a tua relação com o Marcelo Camelo? Eu sou da geração Los Hermanos. E o Marcelo sempre foi o meu "beatle preferido". Sou muito fã mesmo. Este primeiro single é uma música que surgiu muito naturalmente, já meio pronta. O Marcelo fez uma demo, sugeriu algumas coisas em relação ao arranjo, e quando ele ma mandou de volta, eu chorei. Foi muita emoção. Sempre tive uma relação muito específica com a música do Marcelo. A sua carreira a solo, sobretudo o disco Sou, é um grande norte na forma como componho as minhas músicas. Então ele pegar numa música minha, colocar o olhar dele, é um ciclo que se completa, porque ele está introjetado em mim, e aí ele vê-se em mim de volta.
O que mais podes contar de Rosa no Céu? É um disco bem autoral, curtinho, romântico, doce, leve, solar, com atmosfera meio verão europeu, meio década de 1970. São oito músicas. O Marcelo e a Mallu são coautores de várias. A Mallu está muito presente no disco, tem parcerias dela em "Rosa no Céu" e "We are Young". O António faz um dueto comigo na regravação de "La Javanaise", do Serge Gainsbourg, que é uma das minhas músicas preferidas, e eu sentia que não havia nenhuma versão feminina importante. O Gainsbourg tem uma voz grave, típica de um francês que fuma muito, então acho interessante o contraponto com a minha voz, que é feminina e delicada. E sempre achei que esta música combinava com um dueto.
E porquê "Rosa no Céu"? O título surgiu antes do disco. A Mallu e eu temos um processo criativo muito parecido. A sinestesia faz parte da forma como penso e sinto as coisas, e com ela é igual. Um dia, fomos à praia na Caparica, e notámos que o céu estava rosa, bem naquele momento fugaz, aquele lusco-fusco. Ficámos tão encantadas que tirámos milhares de fotografias. Depois disso, toda a vez que víamos que o céu estava rosa, tirávamos uma fotografia, e enviávamos uma à outra. Afinal, não é sempre que o céu está rosa. As fotografias de céu cor-de-rosa em vários lugares do mundo tornaram-se a nossa "love language". Era rosa no céu no Rio de Janeiro, em Nova Iorque, em Lisboa…
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Os seus discos anteriores também tem nome de cores, “Azul”, de 2023, e “Casa Branca”, de 2019. O "Casa Branca" tem esse nome porque é uma homenagem à casa onde nasci, que é branca. Mas não é só isso: é uma ode à minha história, à minha origem, é um lugar sagrado, elevado, então o branco representa essa luz. O "Azul" foi feito quando voltei a morar no Rio de Janeiro, que é uma cidade azul, tem o mar, tem o horizonte. E estávamos a sair da pandemia e a ver um novo horizonte. Já o rosa representa o prazer, o desfrute, é dionisíaco, é uma sobremesa, um bibelô.
Há alguma relação com Lisboa? Tenho uma música chamada "Portugal". Eu e o António fizemos uma parte da música e o Marcelo fez a letra baseada na minha história com o António. É muito linda. Há algo irónico, no entanto: a música é em inglês. Não me perguntes o motivo, simplesmente foi assim. Na realidade, a primeira música do disco que escrevi foi em inglês, a "Go Go Go", e a partir daí o Marcelo também começou a escrever algumas letras em inglês.
Qual será o repertório desta nova leva de concertos? É uma mistura porque vou apresentar-me em lugares onde nunca me apresentei, como Paris, Londres e Madrid. Então não quero fazer um espetáculo hermético fechado num disco só. Imagino que estas pessoas me vão estar a assistir pela primeira vez, então quero que conheçam o meu trabalho de forma mais holística, e façam comigo um passeio entre todos os discos e projetos, e algumas versões de músicas de que gosto. O António vai participar com "La Javanaise", "Dindi", que é uma música com quem eu tenho uma relação muito especial, e também vou cantar com ele "Zorro", que é um clássico do repertório do António.
O que mudou nos concertos com a presença do António? O primeiro concerto em que ele participou foi em junho, no Lisbon Living Room Sessions, do Ricardo Lopes, onde cantou duas músicas. E depois disso fizemos um espetáculo juntos no Rio e outro em São Paulo. O António já me havia convidado para participar numa apresentação com ele um ano antes de nos conhecermos, mas eu sou um bocado distraída, acabei por esquecer, até porque não poderia ir, já que era aqui em Lisboa, e eu estava no Brasil. Conheci-o mesmo quando fui assistir à sua apresentação no Circo Voador, no Rio. Nós os dois temos o mesmo empresário, que também era empresário do meu pai, o João Mário Linhares. O António também tem uma ligação muito forte com a música brasileira, já gravou um disco só com canções do Chico Buarque, e no disco novo, "Oração ao Tempo", tem uma participação do Caetano Veloso. Portanto, é natural que seja um romance musical.
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Como é o diálogo musical com o António? É muito lúdico, mas, ao mesmo tempo, é um trabalho como qualquer outro. O António é uma das pessoas que mais vi trabalhar na vida – o outro era o meu pai. E eu fico encantada com isso. O António também tem doze anos a mais do que eu, e está bastante à frente na carreira, portanto tem muita coisa para me ensinar, mas por outro lado eu sou brasileira, e ele é apaixonado por música brasileira, então é uma troca muito poderosa.
E como é a interseção entre a música e o amor? Conheci o António no concerto dele no Circo Voador. Antes, fui ao camarim e fomos apresentados. É lógico que antes já existia algum nível de fantasia. Mas, para mim, o clique deu-se quando o vi no palco e ele abriu a boca, fiquei: meu Deus, que coisa mais linda. Eu trabalho com música, mas sou completamente passível de todas as sensações do espetador, sou uma amante da música. E o tesão de palco é uma coisa que realmente existe. É inevitável que os assuntos e as amizades girem à volta da música. Eu nasci nesse ambiente, vim desse lugar, a minha casa sempre foi uma casa musical, portanto é um lugar muito familiar.
A sua relação com Portugal mudou nos últimos tempos, depois do casamento? A minha primeira lembrança de Portugal foi o concerto do meu pai no Mosteiro dos Jerónimos. Em 2015, a minha mãe comprou uma casa no Estoril, e passei a vir com mais frequência. É o país onde tenho mais amigos fora do Brasil. Em 2023, fiz a minha primeira turnê, e comecei a direcionar a minha carreira nesse sentido. Portanto, essa transição já ocorria bem antes de conhecer o António. Aliás, penso que é isso o rosa do céu: a transição. O rosa no céu é simultaneamente entardecer e alvorada, é a mudança de uma atmosfera para a outra, de um lugar para o outro, e por isso representa tão bem o momento que estou a viver.
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