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Presença de microplásticos nos ovários põe fertilidade em risco

É a primeira vez que são encontrados microplásticos no fluido folicular ovárico humano.

Microplásticos no fluido folicular afetam fertilidade feminina, segundo estudo
Microplásticos no fluido folicular afetam fertilidade feminina, segundo estudo Foto: Pexels
10 de novembro de 2025 às 15:36 Madalena Haderer

Uma investigação realizada numa clínica de fertilidade em Salerno, Itália, analisou a possível presença de microplásticos no fluido folicular de 18 mulheres que estavam a ser submetidas a e detectou-os em 14 dos casos. O estudo, revisto por pares e publicado na revista médica Ecotoxicology and Environmental Safety, afirma tratar-se da primeira vez que se encontram microplásticos no fluido folicular ovárico humano, algo que levanta toda uma série de questões sobre o potencial impacto destas substâncias tóxicas na . Luigi Montano, investigador da Universidade de Roma e autor principal do estudo, considerou as conclusões “muito alarmantes”.

O fluido folicular é o líquido que preenche o interior dos folículos, pequenas bolsas que se encontram dentro dos ovários e onde os óvulos se desenvolvem antes da ovulação. É uma substância que contém uma mistura complexa de hormonas, proteínas, enzimas, nutrientes, açúcares, aminoácidos e outras moléculas que criam o ambiente ideal para o crescimento e amadurecimento do óvulo, preparando-o para a fecundação. De acordo com os autores da investigação, contaminar estes processos com partículas de plástico pode ter implicações para a fertilidade, o equilíbrio hormonal e a saúde reprodutiva em geral.

Estas preocupações vêm somar-se às que surgiram em 2023, quando um estudo, também liderado por Luigi Montano, encontrou microplásticos no fluido seminal humano. Essa descoberta é referida neste outro estudo sobre o fluido folicular, sublinhando os autores que “embora atualmente falte evidência dos efeitos na reprodução em humanos [da presença de microplásticos no fluido seminal], vários estudos em animais demonstram alterações significativas na função reprodutiva masculina”. E continua: “Em ratos machos expostos durante seis semanas a partículas de poliestireno em solução salina, observou-se uma redução na motilidade dos espermatozoides, um aumento nas formas anormais e uma diminuição nos níveis de testosterona.”

Vale a pena explicar que fluido seminal e sémen (ou esperma) são coisas diferentes, ainda que relacionadas. O fluido seminal é o líquido produzido pelas glândulas acessórias masculinas – principalmente a próstata, as vesículas seminais e as glândulas bulbouretrais – e contém substâncias como enzimas, frutose, proteínas e outras moléculas que nutrem e protegem os espermatozóides, além de facilitar o seu transporte. Já o sémen é o conjunto formado por espermatozóides em associação com o fluido seminal. Ou seja, o esperma é o produto final da ejaculação, enquanto o fluido seminal é onde os espermatozóides "nadam".

Embora, de acordo com Montano, os homens sejam mais susceptíveis aos efeitos tóxicos destas substâncias, as mulheres, acrescentou, também podem ser afectadas. Estudos em animais associaram a presença de microplásticos a disfunções ováricas e problemas de saúde, como a redução da maturação dos ovócitos e uma menor capacidade de fertilização. Outro estudo com ratos mostrou alterações no tecido ovárico.

Em jeito de contexto, o estudo explica ainda que e dos produtos da sua degradação no ambiente tornou-se uma emergência global. “Todos os anos, são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico, e esse número deverá continuar a crescer – estima-se que, até 2050, a produção anual atinja 1,1 mil milhões de toneladas”, pode ler-se na introdução.” Devido ao seu tamanho diminuto, estas partículas espalham-se facilmente por todo o lado, tendo sido encontradas “no ar, mares, águas doces, solos e até na cadeia alimentar [...], acabando por chegar ao corpo humano”. De acordo com os investigadores, “o consumo elevado de água engarrafada em garrafas de PET é uma das maiores fontes [de contaminação]”, sendo que, num estudo de 2024, “foi detectada uma concentração entre 110.000 e 370.000 de partículas por litro”.

“Juntamente com outros contaminantes ambientais”, escrevem os especialistas, “os microplásticos têm sido associados ao declínio da fertilidade humana”. Um relatório de 2023 da Organização Mundial da Saúde “estima uma prevalência global de infertilidade de 17,5% entre casais, e uma meta-análise recente registou uma queda global de 62,3% na contagem total de espermatozóides entre 1973 e 2018”.

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