Mito ou verdade. Os nossos cães podem dormir connosco na cama?
Dormir com um cão pode ser uma experiência reconfortante para muitas pessoas, mas será uma boa prática para a qualidade do sono e para a nossa saúde? Conversámos com o pneumologista especialista em sono Carlos Lopes Figueiredo, para entender melhor esta questão.

A ligação entre humanos e animais de estimação vai além da companhia diária. Alguns estudos demonstram que a presença de um cão pode contribuir para a saúde emocional, reduzindo a ansiedade e proporcionando um maior sentido de segurança. Segundo Carlos Lopes Figueiredo, pneumologista especialista em sono, "alguns estudos em pessoas com dor crónica demonstraram que dormir com um animal doméstico melhora subjetivamente o sono, aumentando o conforto e reduzindo a insónia".
Além disso, a posse de um cão incentiva a atividade física, especialmente em pessoas mais velhas, o que, por sua vez, pode contribuir para uma melhor higiene do sono. Um estudo publicado na revista Human Nature sugere que partilhar o quarto ou a cama com um animal não é um fenómeno moderno, tendo sido uma prática comum ao longo da história para conforto e proteção.

Apesar dos benefícios, há preocupações relacionadas com a higiene. Os cães que passeiam na rua podem trazer germes, bactérias, vírus, fungos e parasitas para dentro de casa, o que pode representar um risco para a saúde dos tutores. "Existe muita discussão científica ativa quanto ao papel da exposição aos ‘germes’ que os animais domésticos trazem da rua", explica Carlos Lopes Figueiredo. "O mais importante é manter uma higiene adequada do animal, vigiar sinais de doença e garantir um acompanhamento veterinário regular, incluindo a vacinação". Outro ponto relevante é a possibilidade de alergias. O contacto com pelos e outros alergénios pode agravar sintomas respiratórios noturnos, especialmente em pessoas com asma ou rinite alérgica.
Dormir com um cão pode afetar a qualidade do sono de diferentes formas. Se o animal for calmo e tiver padrões de sono compatíveis com o do tutor, a presença na cama pode não causar problemas. No entanto, "sempre que a presença do animal doméstico cause disrupção do sono, principalmente em pessoas com queixas associadas ao sono, deverá ser equacionado um treino para o cão ter um local apropriado para dormir", alerta o especialista. Os cães de pequeno porte tendem a mover-se mais durante a noite, o que pode provocar despertares frequentes. Já os cães de maior porte costumam dormir períodos mais longos e, por isso, podem ser menos perturbadores.
E quanto aos gatos? Aqui a situação é diferente, pois os felinos têm hábitos noturnos e tendem a ser mais ativos durante a noite, o que pode resultar em maior disrupção do sono do dono.

Quando há bebés em casa, as recomendações são mais restritivas. "Geralmente, recomenda-se limitar o acesso não supervisionado dos animais domésticos ao bebé", diz Carlos Lopes Figueiredo. Há preocupações com segurança física, como o risco de obstrução das vias respiratórias, além da possibilidade de transmissão de infeções. Por isso, é aconselhável que o bebé durma sem a presença do animal na cama.
Conclusão: sim ou não? A resposta não é universal. Cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando o comportamento do animal, o impacto no sono do tutor e as condições de saúde envolvidas. Como destaca Carlos Lopes Figueiredo, "não existe evidência científica para, de uma forma generalizada, recomendar não dormir com animais domésticos". Se o cão não perturba o sono e está bem cuidado, partilhar a cama pode ser uma experiência positiva. Caso contrário, vale a pena considerar outras opções para garantir um descanso de qualidade para ambos.

Grávidas devem fazer massagens? Se sim, quais?
Testámos, aos oito meses, uma massagem para grávidas no The Vintage Lisbon, em Lisboa.
Três programas para aproveitar o Dia da Mulher
De Évora ao Douro, passando por Cascais, estes momentos convidam a uma pausa, com foco no relaxamento, na saúde feminina e no apoio a uma causa nobre.