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Beleza / Wellness

A dieta cetogénica vale mesmo a pena?

É um dos métodos de emagrecimento preferido das celebridades, mas pode ter algumas consequências a longo prazo.

Foto: Getty Images
29 de maio de 2020 às 18:56 Vitória Amaral

A dieta cetogénica é uma das dietas mais populares do momento, estando na lista do top 10 de dietas do relatório de pesquizas da Google em 2019. Há quem adore este regime livre de gorduras e quem se oponha avidamente. Primeiro, porque será tão popular? 

Este método foca-se em minimizar o consumo de hidratos de carbono e aumentar o de gorduras de forma a que o seu corpo use a gordura como energia, como explica Scott Keatley, do centro de nutrição Keatly Medical Nutrition Therapy, em Nova Iorque.

Enquanto as necessidades variam de pessoa para pessoa, as regras standard da dieta implicam consumir 60 a 75% das suas calorias em gorduras, 15 a 30% em proteína e 5 a 10% de hidratos de carbono, o que geralmente equivale a comer à volta de 50 gramas de hidratos de carbono por dia (alguns seguidores mais rigorosos optam por apenas 20). Depois de entre dois a sete dias a seguir estas regras, o seu corpo entra na chamada cetose uma vez que não tem hidratos de carbono suficientes para produzir energia. É o que acontece quando começa a produzir cetonas, os compostos orgânicos que o organismo usa como um substituto desses hidratos em falta. Começa, assim, a queimar gordura para obter mais energia.

Originalmente, a dieta cetogénica foi criada para ajudar pessoas que sofriam de convulsões, não para perder peso, já que as cetonas e outros químicos produzidos por esta alimentação podem ajudar a diminuir o surgimento das mesmas. No entanto, a perda de peso acaba por acontecer por uma variedade de razões: quando consome hidratos de carbono, o seu corpo retém fluidos de forma a armazená-los para energia, perdendo este peso em água quando não os consome. Além disso, sendo fácil exagerar nos hidratos de carbono, se os substituir com gorduras naturais, é mais fácil sentir-se cheia e evitar os desejos. As cetose também promove a queima de gordura, o que pode resultar numa perda dramática de peso.

Assim, só porque não está a consumir a sua comida preferida, não significa que tenha de passar fome. Em vez disso, reforça as gorduras saudáveis através de alimentos como o azeite e o abacate, acompanhados de carnes magras como as aves, e bastantes vegetais. Já que se vai focar na gordura e na proteína, enquanto dispensa os hidratos de carbono, pode dizer adeus a qualquer tipo de cereal. O mesmo acontece a vegetais com amidos, como as batatas ou as cenouras e a legumes como grão de bico, lentilhas ou feijão. Kourtney Kardashian, que segue o regime desde 2017, partilha algumas dicas no seu blogue, como fazer "arroz" de brócolos ou de couve-flor misturado com vegetais grelhados ou em saladas, dando a impressão de estar a comer arroz a sério. O mesmo se aplica a doces, claro, mas também a certas frutas com alto teor de açúcar como as maçãs, bananas ou peras. O álcool é uma área cinzenta nesta dieta, já que muitas cervejas e cocktails estão banidos pelos seus níveis de açúcar. Se vai seguir esta dieta, considere seriamente tomar um multivitamínico, já que está a excluir alguns grupos da cadeia alimentar. 

Geralmente o seu corpo demora três a quatro dias para entrar em cetose, já que tem de esgotar as suas reservas de glucose. É comum sentir-se muito cansada no início da dieta, até que o seu corpo se adapte, já que o seu acesso aos hidratos de carbono (fonte rápida de energia) diminui drasticamente. Outros efeitos secundários podem ser a chamada "gripe cetogénica", cujos sintomas são tonturas, náusea, dores corporais ou de cabeça, além de cansaço. Felizmente esta não dura mais de uma semana, que é quando a maioria das pessoas nota uma perda de peso.

Há várias razões pelas quais a dieta cetogénica normalmente equivale a perda de peso garantida, já que a maioria dos seus seguidores reduzem o seu consumo diário às 1500 calorias por dia. Isto porque as gorduras saudáveis e proteínas magras dão-lhe a sensação de estar cheia mais depressa e durante mais tempo, aliado ao facto de ser precisa mais energia para processar e queimar gordura e proteína do que hidratos de carbono, levando à perda de peso. No entanto, esta não é uma solução milagrosa para queimar gordura, já que a gordura consumida também tem calorias, por isso o exercício físico e controlo das porções a um nível razoável também são importantes.

Alguns dos seguidores desta dieta acreditam que esta trouxe múltiplos benefícios para a sua saúde, desde curar o acne a melhorar os riscos de doença cardiovascular, embora muitas destas afirmações não estejam provadas. Não obstante, esta pode ser útil para tratar ou aliviar sintomas de epilepsia. Um estudo do Instituto Johns Hopkins Medicine seguiu pacientes epiléticos que seguiram a dieta detogénica e verificaram uma diminuição de 50% das convulsões em 36% dos pacientes depois de três meses, enquanto 16% se livraram por completo dos ataques epiléticos. Também há quem garanta que a dieta a ajudou a lidar com diabetes tipo 2, como é o caso da atriz Halle Berry, que lida com a doença desde os 19 anos. Berry prefere ver a dieta como uma mudança de estilo de vida, dando-lhe crédito pelo atraso no envelhecimento e por ajudá-la a controlar o apetite, perder a sua barriga depois de dar à luz e aumentar a sua energia.

No entanto, os especialistas não estão convencidos de que seja uma boa solução a longo prazo já que, se seguir a dieta incorretamente e, por exemplo, consumir gorduras saturadas em vez de naturais, corre o risco de causar problemas como o colesterol. A treinadora de celebridades Jilian Michaels considera este um "mau plano" e recomenda seguir uma alimentação completa, desde que se mantenha longe do açúcar processado.

Lembre-se, segundo os dados científicos obtidos até à data esta dieta não promove necessariamente a saúde dos seus ossos, cérebro ou coração, sendo melhor mantê-la temporariamente, se eventualmente a seguir.

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