Problemas de memória associados à covid-19? Este estudo sugere que sim

Um quarto de 740 doentes com covid-19 acusou problemas de memória, de acordo com um estudo levado a cabo pela equipa de investigadores do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque. "Eles não conseguem pensar" escrevem investigadores.

Foto: Photo by MART PRODUCTION from Pexels
26 de outubro de 2021 às 13:03 Rita Silva Avelar

Se até agora ainda não tinha ainda sido possível tirar muitas conclusões do impacto a longo-prazo da covid-19, estudos mais recentes estão a sugerir que há sequelas mais ou menos permanentes, a surgir meses depois da recuperação do vírus. Entre as já conhecidas e divulgadas pela comunidade científica estão a inflamação do miocárdio, a fibrose pulmonar, a insuficiência renal aguda ou a perda do apetite, mas há uma outra que está a preocupar os investigadores: perda de memória e comprometimento da função cognitiva.

Um novo estudo sugere que algumas pessoas que tiveram covid-19 estão a ter dificuldades ao nível neurológico, especialmente no que toca à memória. A conclusão vem no seguimento da examinação de 740 doentes do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, nos EUA, e foi exposta num estudo divulgado na JAMA Network Open, uma revista sobre ciências biomédicas publicada pela American Medical Association.

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Os investigadores descobriram que cerca de sete ou oito meses após terem contraído a doença os pacientes apresentavam sinais de incapacidade cognitiva. "Neste estudo, descobrimos uma frequência relativamente alta de deficiências cognitivas vários meses após os pacientes terem contraído a covid-19. As deficiências no funcionamento executivo, velocidade de processamento, fluência de categoria, codificação de memória e recordação foram predominantes entre os pacientes hospitalizados", disse Jacqueline Becker e outros investigadores da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova Iorque, de acordo com o estudo, e citados pela Business Insider.

Os pacientes foram testados entre abril de 2020 e maio de 2021, todos tinham pelo menos 18 anos de idade e não tinham antecedentes de demência. A lista de novos problemas inclui dificuldades com a recordação de memórias e também a capacidade de armazenar novas memórias, conclui o estudo.

Alguns destes pacientes "não conseguem funcionar", disse a professora de psiquiatria Helen Lavretsky à NBC News. "Eles não conseguem pensar, a sua memória é prejudicada, ficam confusos quando conduzem até um luger, e [muitas vezes] não sabem como lá chegaram". Um dos efeitos a longo prazo da covid-19 é o "nevoeiro cerebral", ou a dificuldade em pensar e concentrar-se, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), o que vem reforçar as conclusões advindas do estudo.

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