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Beleza

Testemunho. Como passei a abdicar de penteados em cerimónias e porquê

A escolha estilo de cabelos a levar a um evento é quase tão stressante quanto a escolha do resto do look, mas quando se tem o cabelo com a mínima onda a solução parece óbvia - alisar o cabelo. Será assim?

Foto: @IMDB/ O Sexo e a Cidade
16 de outubro de 2024 às 16:31 Lara Duarte / Com Rita Silva Avelar

Vivi a minha vida a achar que os jeitos que tinha no cabelo não eram suficientemente ondulados e, como tal, assumia que o meu cabelo era classificado como liso. Há um ano, o algoritmo do Tik Tok atacou-me de tal maneira que me apercebi da possibilidade de o meu cabelo ser muito mais ondulado do que eu achava. Por vezes, conforme a vontade dele e da minha paciência para o arranjar, chego a ter dias de cabelo encaracolado. Escadeei o cabelo, comprei espuma e creme de caracóis e revirei as gavetas lá de casa até encontrar um pente de quando a minha irmã tinha uma permanente (ela sim, com cabelo liso - daqueles que nem um gancho segura) e o sempre estranho difusor, esse acessório extra que sempre nos parece inútil quando vem incluído na compra de um secador. Nunca me senti tão bem com o meu cabelo e a partir daí só o uso mais liso e escovado quando tenho muita preguiça, assumindo todo o frizz que essa decisão acarreta.

Foto: Getty Images

Ao mesmo tempo que a (por vezes problemática) clean girl aesthetic foi adotada, as rotinas de cabelo encaracolado em raparigas que não sabiam ter cabelo com nenhum tipo de padrão de caracol foi também crescendo, mas em pequenos nichos, nas redes sociais. A clean girl aesthetic é criticada pela falta de visibilidade de pessoas de diferentes etnias, tamanhos e, surpresa das surpresas, cabelo encaracolado. Parece que o volume do cabelo não encaixa na estética do pequeno bun colado à cabeça quase fazendo esquecer que o cabelo está lá. Mulheres com caracóis prendem o cabelo com gel a conter os fios mais rebeldes há muitos anos, mas parecem não ter lugar nesta subcultura que adotou a sua técnica.

Foto: Getty Images

Há pouco tempo tive um batizado e inicialmente tinha decidido apanhar o cabelo. A verdade é que os nervos eram muitos, já que ia conhecer toda a família afastada do meu namorado, mas isso fez-me decidir ir o mais "eu" possível, com toda a confiança que os meus envergonhados caracóis me oferecem. Sei, porém, que o meu problema não é minimamente comparável com o das mulheres negras que ainda são vítimas de preconceito pelo seu cabelo, e pela forma como o penteiam desde sempre.

Ao ter aceitado os meus caracóis tardiamente, numa altura em que a famosa Carrie Bradshaw voltou a influenciar uma nova geração (Gen Z, sim, apanhada, insiro-me lá) fez com que os assumisse com muito mais carinho e gratidão por finalmente conhecer o meu cabelo. Eu, que não passei a minha adolescência a assistir a todas as cenas de makeover em filmes que esticavam o cabelo para deixar as personagens mais bonitas (e tiravam os óculos, claro), senti-me imune às críticas de que o meu cabelo não seria profissional, não era arrumado o suficiente, que não estaria à altura de um evento tão cerimonial como um batizado. A diferença que faria se essas makeovers passassem por as ensinar a definir os seus caracóis, uf!

Foto: @IMDB/ O diário de uma Princesa

Na mesma rede social onde descobri que tinha caracóis, têm sido partilhados vídeos de noivas que pedem a familiares para lhes arranjarem o cabelo, as únicas que sabem como o fazer de forma a ficar com o seu cabelo natural no seu expoente máximo, para o grande dia do seu casamento. Cheguei a ver até um vídeo de uma noiva que explicava que o único pedido do seu noivo era que usasse o seu cabelo natural no dia do casamento: ela, felizmente, fez-lhe a vontade. A decisão de serem o seu eu mais autêntico e natural no dia mais importante da sua vida é um ato de coragem, de se afirmarem contra a pressão social que sofreram a vida toda e que oprimiu gerações anteriores.

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Lembro-me de, há alguns anos, uma amiga minha com cabelo encaracolado ir ao cabeleireiro arranjar-se para uma cerimónia. A cabeleireira, como muitas outras, não sabia como definir os seus caracóis e, assim, alisou o cabelo dela e encaracolou-o com calor. Lembro-me de já na altura me ter inquietado terem alisado o cabelo sem necessidade, já que ela queria caracóis, mas mais definidos do que o normal.

A inspiração na internet é escassa para penteados em dias festivos com caracóis naturais e o penteado mais elogiado do batizado foi, como é óbvio, a menina de cabelo esticado, apanhado num rabo de cavalo, sem um flyaway à vista. No meu caso, reparei no cabelo com caracóis hidratados e definidos da minha amiga Maria - hei de lhe pedir recomendações.

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