A marca de beleza orgânica que nasceu de uma história de amor
Tanja Gruber, cofundadora da Max & Me, conta à Máxima como de uma história de amor nasceu uma marca de beleza orgânica cuja produção se mantém em Viena, Áustria, como no princípio.
Foto: Jakub Gulyás13 de abril de 2021 às 07:00 Joana Moreira
Tanja e Max estão casados há 12 anos. A primeira das suas criações desenhou-se rapidamente: uma marca de beleza orgânica. "Sempre quisemos fazer uma marca relacionada com plantas, mas o timming do universo foi mesmo quando nos conhecemos", conta-nos Tanja Gruber, diretamente de Viena, Áustria, onde fica a sede da Max & Me. Bastou um ano para que concretizassem o objetivo, com a marca a lançar-se oficialmente em abril de 2011, altura em que a beleza orgânica ainda não tinha sido popularizada na indústria da cosmética.
"Já tinha preocupações em viver um estilo de vida holístico, desde fazer uma alimentação orgânica a usar mobiliário e tecido também orgânicos", lembra Tanja. Não tardou para que começasse a fazer testes de produtos. "Só para mim, para a família e amigos", recorda. Hoje, ainda é ela quem faz a formulação dos mesmos.
A infância e a educação que teve em nada influenciaram esta forma de olhar para a vida. Até porque quando era criança usava produtos absolutamente regulares. "Os meus pais não tinham esta consciência de procurar por marcas verdes. Foi só quando saí de casa para ir viver sozinha que quis viver o meu estilo de vida, o meu estilo de vida holístico. Eu já gravitava para comida orgânica, o que, na altura, ainda não havia em todos os supermercados como há agora. Lembro-me na universidade de haver só uma pequena prateleira com uma ou duas coisas. Não era tão fácil encontrar estas coisas. Mas eu estava sempre à procura", conta. Estudou economia e acabou a trabalhar em agências de publicidade. "Estava sempre à procura de clientes como uma pastelaria orgânica ou empresas sustentáveis, com produtos orgânicos", recorda.
Foto: Jakub Gulyás
Max & Mefoi um nome a que o casal rapidamente chegou. "Adorámos a fonética, como soava, nem pensamos em alternativas. É simples!".
Mas foi preciso quase uma década para que os produtos chegassem a Portugal. O mercado da cosmética mudara - e os clientes também. A marca inaugurou-se por cá no final de 2019, com a abertura do SISU, um estúdio de beleza em Cascais que se distingue também pela predileção pelas marcas orgânicas no seu portefólio.
Hoje, a marca austríaca de cuidados de rosto e corpo tem óleos, máscaras, bálsamos e brumas. Todos os produtos continuam a ser feitos em Viena. "Fazemos intencionalmente em lotes pequenos, feitos à mão. Eu e o Max estamos na produção com mais duas pessoas. É muito importante para nós depositar a nossa energia nos produtos", assegura Tanja. Um dos mais populares produtos da gama é a máscara Sweet Serenity Mask & Wash. "É muito especial porque funciona em todo o tipo de pele e mostra resultados muito rápido", conta a cofundadora. O mel de Manuka é o ingrediente estrela, que Tanja combina com "pós e manteigas", tornando-o numa mousse com uma textura particular que, admite, demorou algum tempo a conseguir alcançar.
O crescimento implica, naturalmente, novos desafios e exigências. Mas o casal tem tentado ao máximo manter a familiaridade que caracteriza a marca. É no piso inferior da casa onde vivem com três dos seus cinco filhos que está a linha de produção de todos os produtos Max & Me. Mas não só. É numa casa do outro lado da rua que é feita toda a logística, do embalamento ao envio. "A energia aqui é muito especial", justifica Tanja. Quando já se pisavam uns aos outros e surgiu a necessidade de ter mais espaço, a solução apresentou-se sem esforço. "Pensei, ‘bem, precisamos de um sítio’. E, de repente, o vizinho da frente decidiu vender a casa!", recorda.
Os planos de expansão são um tópico de conversa recorrente e a necessidade de um espaço maior levará a que, mais tarde ou mais cedo, se torne imprescindível conquistar mais território. "Se mais alguém na vizinha sair (risos)", lança.
Ainda assim, a principal vantagem, garante, de continuar a ser uma marca pequena é permitir-lhes palmilhar o mundo em busca de ingredientes – e controlar todo o processo de perto. "Temos as nossas mãos, os nossos olhos e o nosso coração em tudo. Há uma relação com os destiladores e com os produtores e com este tipo de pessoas que nos ligam a dizer ‘acabamos de colher isto, é super fresco, querem?’ Viajamos pelo mundo, fazemos amigos e mantemos o contacto com estas relações fabulosas", descreve. "É maravilhoso sermos [uma marca] pequena ao ponto de ainda conseguirmos trabalhar com estes pequenos destiladores e produtores. Não precisamos de uma destiladora gigante", remata.
Trabalham com comunidades locais, produções familiares. Os produtos vêm de todos os cantos do mundo. "Procuramos meticulosamente por todo este bonito planeta. Nem sempre é fácil". No final, o esforço tem de ser conjunto, não tem dúvidas. "As empresas pressionam os produtores que já fazem o seu trabalho de casa. Há novas empresas que são super honestas e transparentes porque sentem que a vibe está no mercado. Veem o que o consumidor quer. Especialmente estando na Áustria. Aqui os consumidores são muito ecologicamente conscientes, a Áustria foi um dos primeiros países na União Europeia a ter agricultura biológica", diz.
Perante a recente explosão de marcas de beleza orgânicas a chegar ao mercado, Tanja Gruber diz há várias explicações para o fenómeno. "A indústria vê que há um mercado em que podem mergulhar e que tem muito sucesso. Ainda agora com a Covid-19 o negócio de marcas de beleza verde cresceu", começa por dizer, admitindo que há nomes que entram no mercado meramente pela "tendência". Mas também defende que "há cada vez mais consumidores a acordar e a consciencializar-se, ainda mais agora com a Covid-19, as pessoas querem viver um estilo de vida saudável, querem ferramentas para estar centrados, querem focar-se em coisas positivas". Isso, para Tanja, traduz-se em "viver organicamente", consumindo alimentos orgânicos ou usando produtos de beleza orgânicos.
Há anos que a testagem de cosméticos em animais é proibida, bem como a sua comercialização na União Europeia. Porém, os esforços alcançados até agora podem ser em vão se os novos requerimentos da Agência Europeia de Produtos Químicos prevalecerem.
Numa rua movimentada no coração da capital, estão "escondidas" as peças feitas à mão da Galeria Analora. Criações únicas que prometem dar vida a qualquer casa, com preços desde os 20 euros. Conversámos com a fundadora.