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As ameaças da extrema-direita (e o que implicam para Portugal)

Só no último mês, dois grupos neonazis portugueses têm-se manifestado e até ameaçado quem representa a luta contra a discriminação racial no país.

Foto: Getty Images
17 de agosto de 2020 às 16:10 Vitória Amaral

Na sequência do movimento "Black Lives Matter" iniciado nos EUA, os protestos contra a discriminação racial despoletados pelos inúmeros homicídios contra afro-americanos pelas mãos da polícia tiveram repercussões até na sociedade portuguesa. No entanto, esta expressão mundial (e depois local) contra o racismo sistemático revelar-se-ia um precedente da emergência da extrema-direita em Portugal.

No início do mês, membros do grupo neonazi "Resistência Nacional", composto por antigos militantes da Nova Ordem Social, Partido Nacional Renovados e dos Portugal Hammer Skins, manifestaram-se à porta da organização antirracista SOS Racismo. Este episódio foi apelidado pela instituição como "parada Ku Klux Klan" pela semelhança dos ornamentos usados pelos participantes com os do grupo terrorista norte-americano de supremacia branca: casacos com capuz, máscaras brancas e tochas. Na página do Facebook da "Resistência Nacional", o grupo ter-se-á manifestado contra o "racismo antinacional" e numa "homenagem aos polícias mortos em serviço". Um dos dirigentes do SOS Racismo, Mamadou Ba, confirmou ao Público que pensa que este acontecimento estará relacionado com o vandalismo de que a instituição foi vítima em julho.

Já na passada terça-feira, 11 de agosto, três deputados foram ameaçados pelo movimento de extrema-direita "Nova Ordem de Avis- Resistência Nacional" e incentivados a abandonarem os cargos políticos que ocupam e o país num prazo de 48 horas, sendo tomadas "medidas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português" caso não o fizessem. Esta ameaça foi enviada num email para a Associação SOS Racismo com uma lista de pessoas a quem a mesma se aplicava, incluindo as deputadas do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua e Beatriz Gomes Dias, assim como a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.

No dia seguinte, uma carta aberta de grupos antirracistas de várias partes do país (como a SOS Racismo, movimento Negro, Afrolis, Djass, Consciência Negra, Femafro ou Aurora Negra) pediu aos responsáveis políticos e instituições que combatam o racismo e aumento da expressão da extrema-direita em Portugal, demonstrando solidariedade às vítimas de ataques raciais. Intitulada "O silêncio é cúmplice", a iniciativa pede ainda que os mesmos deem "um sinal inequívoco e público sobre a inaceitabilidade de atos e organizações políticas e partidárias racistas".

A iniciativa destacou ainda que "no curto espaço de quatro semanas, a sociedade portuguesa foi palco de manifestações racistas", apelando a "uma resposta célere e um posicionamento explícito das entidades competentes num Estado de direito democrático".

Em resposta à RTP, o movimento "Resistência Nacional" descartou qualquer envolvimento nas ameaças, garantindo que procede "sempre dentro da legalidade", apesar da coincidência parcial no nome com a "Nova Ordem de Avis". Na sequência destes acontecimentos, a Polícia Judíciária vai ouvir as três deputadas em questão e já ouviu Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, estando todas as contas nas redes sociais e páginas do movimento "Resistência Nacional" na internet sob investigação. Na mesma entrevista da televisão pública, o movimento considera-se independente de "movimentos do passado", acrescentando que a sua prioridade é a "defesa do património cultural português e identidade das suas gentes".

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