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Empregadas desaparecidas, amas roubadas e outras tragédias que estão a afetar os mais ricos

Com as mansões de campo a terem de ser encerradas devido à falta de pessoal, que mais terão os pobres dos ricos de aguentar?

Foto: Graeme Hunter/Graeme Hunter - © HBO/ IMDB
22 de janeiro de 2022 às 08:00 Máxima

No verão, houve escassez de chefs privados e quem esteve de férias no campo e não quis cozinhar os seus próprios ovos mexidos logo de manhã passou por momentos de grande aflição.

Detesto ser portadora de notícias tristes, mas a situação só piorou. Amas, mordomos, governantas, motoristas e guarda-costas tornaram-se tão raros quanto os sapos-corredores, mais valendo atirá-los para a lista das espécies ameaçadas.

"As coisas estão tão mal que algumas pessoas estão a fechar por completo as suas casas de campo", lamenta um designer de interiores, que segundo um artigo muito divertido acerca das crises de pessoal das gentes ricas, "recentemente teve de fazer de florista para um dos seus clientes, porque o mordomo se tinha despedido (e regressado à Europa)".

Já há alguns meses que oiço amigos a queixarem-se das suas dificuldades para encontrarem uma ama. Ou em manterem a ama que têm quando ela é boa. De acordo com um agente infiltrado, houve uma ama de um empresário de enorme sucesso que recentemente disse querer um aumento de ordenado ou ia-se embora. O empresário, que negoceia avultados contratos farmacêuticos para ganhar a vida, "cedeu no espaço de 32 segundos após o início da conversa e concedeu-lhe o que ela exigia, que eram 64 mil libras [cerca de 76.693 euros]".

Porém, esta situação não é tão desafortunada quanto a da família que regressou a casa depois de passar o verão no golfo e trouxe consigo a "ajudante" filipina. Ela criou o hábito de se encontrar com outras ajudantes e amas no seu dia de folga e pouco depois pirou-se, ao descobrir o quanto mais poderia ganhar se encontrasse um emprego permanente no Reino Unido. "A minha ama fugiu!", ouviu-se a mãe das crianças guinchar nos corredores do supermercado Waitrose de Kensington High Street, em Londres.

Eu mantenho um olho atento sobre os empregos anunciados no Radio H-P, um site que tem por alcunha o "Gumtree chique", onde os postos de trabalho disponíveis agora surgem diariamente. A vaga mais recente é para uma babysitter em St. Moritz para um período de "6-8 semanas" durante a época de esqui – para cuidar de um criança e também de um cocker spaniel. Outro alguém precisa de uma ama "com competências equestres" nas Bahamas. Tratadores de cavalos, jardineiros, governantas e "montadores de tendas para eventos" também são pedidos.

Mas, depois, as histórias devastadoras estão em todo o lado. Os construtores são outro dos problemas, uma vez que grande parte da mão de obra polaca regressou à sua terra natal. Um amigo meu que vende super-iates diz que a sua indústria também está a sofrer com escassez de tripulações e que os comandantes destes bacamartes brancos que se veem amurados em Portofino podem muito bem estar agora a ser pagos a 20 mil libras [perto de 23.960 euros] por mês, líquidos.

Outro dos tópicos favoritos da mais tagarela classe profissional é o problema que há com os táxis. A falta crónica de motoristas está a provocar o caos em empresas como a Uber e a Bolt, o que significa que os preços dispararam, as marcações de serviços podem ser subitamente canceladas e as pessoas são deixadas à deriva. A minha amiga Holly, vestida como apresentadora de circo, foi largada em Victoria por um motorista às duas da madrugada de um sábado sem saber bem onde estava. Depois de anos e anos a contarmos com Toyotas Prius para irmos para casa após uma divertida sessão de arromba no bar, o consenso geral é que afinal os táxis são capazes de não ter sido uma ideia assim tão má. 

Só Deus sabe o que o Pai Natal anda a fazer no que toca aos seus duendes, mas esperemos que tenha planeado com antecedência e tenha bastantes em stock.

Planear casamentos? Poderá ser a mais sábia alteração de carreira de sempre

As noivas estão a ser aconselhadas a comprarem os seus vestidos mal são pedidas em casamento, com um ano de antecedência se possível, devido aos problemas na cadeia de abastecimentos. É algo que não me surpreende por completo. Conheci uma organizadora de casamentos na semana passada (não para mim, aconteceu ela estar no meu bar), que disse que o setor nunca esteve tão louco e que está a receber pedidos para 2026. Segundo ela, a mania não se deve apenas a uma grande acumulação de casamentos em atraso, mas também porque houve imensas empresas dedicadas à organização de casamentos que faliram nos últimos 18 meses, o que coloca uma enorme pressão sobre as que restam. Esqueçam aquelas manchetes sobre escritórios de advogados que estão a pagar salários de seis dígitos aos estagiários: se procura uma carreira que lide com pessoas com os nervos à flor da pele e em que potencialmente terá de manter certos membros da família longe uns dos outros, eu consideraria em tornar-me organizadora de casamentos.

Créditos: Sophia Money-Coutts/The Telegraph/Atlântico Press

Tradução: Adelaide Cabral

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