Ricardo Quaresma: “A esperança é que esta geração cresça com alegria, com felicidade, porque hoje o mundo está um bocado perdido"
Ricardo Quaresma e Tatiana Pinto inauguraram um campo de futebol no meio do bairro de Chelas em Lisboa. Com a Lay’s RePlay comprometem-se a apoiar o desenvolvimento social através do desporto. A Máxima quis falar de esperança com ambos.

O alcatrão está quente e mal chegamos a Chelas procuramos refúgio na sombra de um prédio. Ouve-se uma azáfama ao longe. São gritos de alegria. Há crianças de várias idades, cercam as grades de um novo campo de futebol que poderão utilizar no meio do bairro de Chelas. A Lay’s RePlay impulsiona assim um programa social para os jovens da comunidade.
O futebol servirá como ferramenta de transformação e desenvolvimento. A iniciativa faz parte de um programa de escala global liderado pela PepsiCo e Lay’s, em parceria com a UEFA Foundation for Children e a Common Goal, Câmara Municipal de Lisboa e a Associação CAIS. Esta ação procura tornar o futebol um jogo único e disponível para todos.

Quaresma está rodeado de jornalistas. Sempre que pode foge para autografar as t-shirts que lhe são estendidas através das grandes deste campo verde, há cor em todos os recantos. Lembramo-nos do seu começo de carreira no Sporting e tudo o que lhe aconteceu depois. Quando nos aproximamos para lhe fazer algumas perguntas diz em tom de piada que precisa de se sentar, “tenho as pernas cansadas”, e ri-se.
Mais tarde falamos com Tatiana Pinto, vive em Espanha e nos dias em que publicamos este artigo, prepara-se com a seleção portuguesa, a jogar contra o seu país de residência na fase final da UEFA Women's Euro 2025.

Ricardo Quaresma
Sentes que o futebol pode trazer algo à educação destas crianças que estão aqui à tua volta e olham para ti?
Eu acho que a educação vem de casa. Mas, obviamente, na rua também se aprende a respeitar os valores das outras pessoas. A maior educação que temos vem de dentro de nossa casa, dos nossos pais, da cultura também de cada um, porque cada um tem a sua maneira de pensar e a sua maneira de estar.
Agora estas iniciativas são importantes porque juntam muita gente e ganhas muitas amizades, ganhas aquilo a que chamamos “rivalidade”, mas é aquela rivalidade saudável, porque quando entras num espaço destes queres ganhar. Isso é importante. É importante as crianças aprenderem a lidar com a ideia de perder e ganhar. Aprender com a competição.
Nesse sentido é importante ter estas iniciativas, ainda para mais num campo fantástico no meio de um bairro, acho que não podes pedir muito mais.

Lembras-te do momento de rutura, na tua vida, de seres miúdo e perceberes que ias fazer disto a tua vida?
Eu comecei a dar mais valor ao futebol quando ganhei o europeu de sub-16 com a seleção. Foi aí que comecei a perceber que podia ser alguém no nosso mundo do futebol. Até aí jogava por prazer. Um dos meus grandes amores é o futebol, mas foi quando comecei a perceber que podia ganhar dinheiro e que podia tirar a minha família da pobreza... porque é a realidade. (pausa) Nós éramos pobres. Então aí comecei a olhar para o futebol de uma maneira diferente, mais como uma profissão e não tanto como uma brincadeira.

O que é que te dá esperança hoje?
A esperança é que esta geração cresça com alegria, com felicidade, porque hoje em dia o nosso mundo está um bocado perdido, andamos muito na política e no racismo.
Entramos numa fase do mundo em que há muito ódio, há muita raiva, e espero que estas gerações cresçam com felicidade, respeito e admiração pelos outros. Quero que sejam felizes.
Tatiana Pinto
O que sentes que o futebol pode trazer à vida destes miúdos que crescem no bairro?
Sinto-me muito orgulhosa e feliz por estar aqui hoje a inaugurar este campo feito pela Lay’s RePlay. É um projeto global e há vários campos assim a nível mundial. Mas, acima de tudo, não só pelo futebol e pelo desporto. A questão aqui é a de trazer oportunidades aos mais jovens e a todas as gerações que ainda aí veem.
Através do desporto podemos trabalhar valores como o respeito, o espírito de equipa, a entreajuda, a partilha e a diversão. Eu acho que o mais importante nestas idades, eu passei por isso também.

Quando é que percebeste que o futebol ia ser a tua vida?
Eu acho que sempre fui uma criança muito ambiciosa e manifestava muito aquilo que eu queria. Mesmo quando as pessoas me diziam coisas do género: “tu és maluca, não é?” Tipo, eu com 6 anos quando me perguntavam, “o que queres ser quando fores grande?”, eu já dizia aos meus pais e à minha família, “eu vou ser jogadora profissional de futebol”. Diziam-me, “Isso nem existe”. Eu sempre acreditei muito, sempre tive uma família que me apoiou bastante também, nunca virei a cara à luta. E pronto, acho que foi um culminar de vários fatores que me levaram a chegar até aqui ao dia de hoje.
O que dirias às pessoas que têm medo, precisamente medo de acreditar nos sonhos?
Acima de tudo é preciso ter objetivos. E depois no dia-a-dia a ideia será de delinear os pequenos passos para que possam lá chegar. E estas crianças podem. Felizmente, este campo é espetacular e é sustentável. As crianças aqui podem brincar, sonhar, e acima tudo, as famílias podem sentir-se seguras porque sabem que os filhos estão aqui.

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