Que filmes ir ver ao cinema em maio?
Festivais de cinema, filmes imperdíveis, livros que recordam realizadores de eleição. Conheças as sugestões cinematográficas deste mês.

Primeiros amores
Com uma única aparição no filme Eu Sou o Amor, de Luca Guadagnino, em 2009, e filha da brilhante Tilda Swinton, a atriz Honor Swinton Byrne é a estrela do filme The Souvenir, escrito e realizado por Joanna Hogg. Passada nos anos 80, esta é uma história parcialmente biográfica sobre um amor vivido entre Julie (Honor), uma jovem realizadora de cinema, e Anthony, um homem intrigante e duvidoso (Tom Burke). Tilda Swinton também se junta ao elenco, como mãe de Julie, um papel fundamental nesta realização aclamada pela crítica e vencedora do Grande Prémio do Júri na categoria Drama, no Festival de Sundance deste ano. Segundo o crítico de cinema Richard Dawson, da Vanity Fair, o filme é "uma biografia profundamente sentida e bonita" e de acordo com a revista The Atlantic, no filme a jovem atriz Honor "mostra-se uma revelação", o que só por si vale, sem margem para dúvidas, uma ida ao cinema. Estreia a 17 de maio.

Traição e pátria
Trevor Nunn, o conhecido diretor de teatro inglês que realizou o filme Noite de Reis (1996) com Helen Bonham Carter, cujo argumento se baseou na comédia de Shakespeare, aventurou-se novamente na realização. Em Red Joan retrata-se, em retrospetiva, a vida de espionagem de Joan Stanley que durante a II Guerra Mundial passa de uma mera estudante de Física, em Cambridge, para ser a espia britânica mais antiga do KGB, os serviços secretos da União Soviética, ao trabalhar num laboratório de investigação nuclear. Anos depois e a viver descontraidamente a sua reforma, Joan é confrontada pelos serviços secretos do MI5 britânico e é acusada de 28 crimes de espionagem. Pelo meio, Joan apaixona-se pelo comunista Leo Galich e acaba por se ver confrontada com a decisão de proteger quem ama ou de trair o seu país. Judi Dench, sete vezes nomeada para o Óscar e vencedora de um deles (Shakespeare in Love, em 1998), é a protagonista deste filme, cuja versão jovem foi atribuída a Sophie Cookson. A alma do filme é precisamente Dench, que ao longo dos anos se tem reinventado nas suas prestações no cinema de forma magistral, mesmo a desempenhar um papel de espia. Estreia a 2 de maio.
Odisseia espacial

Com um elenco de atores de luxo – Tommy Lee Jones (vencedor do Óscar de Melhor Ator Secundário pelo filme The Fugitive, 1993), Brad Pitt (um dos preferidos do cinema contemporâneo, vencedor de mais de 60 prémios e nomeado para mais de 150), Ruth Negga (a apaixonante Mildred em Loving, 2016), Donald Sutherland, entre outros –, o filme Ad Astra narra a odisseia do astronauta Roy McBride (Pitt) no espaço. Com o intuito de tentar descobrir o pai (Tommy Lee Jones), desaparecido numa missão a Neptuno para investigar a possível existência de vida alienígena, McBride enfrenta os perigos do espaço ao ir em direção às orlas do sistema solar. Ao mesmo tempo que procura o pai, o astronauta tenta resolver um mistério que ameaça a vida na Terra. O filme é escrito por James Gray e Ethan Gross, sendo realizado pelo primeiro e, até à data, o seu contexto está envolto num certo secretismo, visto que não há ainda trailer nem críticas. Estreia a 23 de maio.
Justiça pelas mulheres
Aquele que pode vir a ser o filme com a melhor prestação da atriz Olivia Wilde (que se revelou na série House exibida de 2007 a 2012), A Vigilante relata uma história de delitos e mistérios passada numa Nova Iorque onde reina o crime. Esta que é a primeira longa-metragem de Sarah Daggar-Nickson (escrita, também, pela própria) conta como Sadie, uma jovem lutadora de boxe, ajuda vítimas de violência doméstica a escapar dos seus abusadores, mesmo que isso custe aniquilar a sua própria segurança e a sanidade mental. Morgan Spector, Betsy Aidem e Tonye Patano também estão no elenco deste thriller. Segundo a revista Variety, "neste filme, Olivia Wilde parece ter queimado todos os seus papéis anteriores para encontrar algo essencial, agarrando a performance de forma agonizante e enraivecida com a graciosidade e o poder que facilmente coincidem com os de Frances McDormand em Três Cartazes à Beira da Estrada (2017)". Estreia a 1 de maio.

E ainda...
Festival a ir
De 2 a 12 de maio, as salas de cinema da Culturgest, do Cinema Ideal, da Cinemateca Portuguesa e do Cinema São Jorge recebem a 16.ª edição do festival IndieLisboa. Da programação deste festival de cinema, que também integra concertos musicais, sobressai uma retrospetiva da obra da atriz dinamarquesa Anna Karina (assim batizada por Coco Chanel), estando destacada como um dos Heróis Independentes desta edição. Hoje com 78 anos, Anna Karina começou por ser modelo até ser descoberta pelo realizador Jean-Luc Godard (com quem acabaria por casar e viver de 1961 a 1967) e se ter tornado uma das musas dos anos 60 mais talentosas e autênticas da Nouvelle Vague do cinema francês. Destaque também para a exibição do filme Three Faces, do iraniano Jafar Panahi (realizador em prisão domiciliária por acusação de propaganda antirregime), que junta três atrizes em diferentes estados da sua carreira para, através delas, questionar algumas das mais enraizadas tradições da sociedade patriarcal iraniana. Mais em indielisboa.com.

Livro do mês
Sempre que ouvimos o nome Alfred Hitchcock (Londres, 1899) é inevitável pensarmos numa cena de suspense e até mesmo de terror. Um mestre na sétima arte e um dos realizadores que marcou o cinema do século passado, especialmente nesses géneros, Hitchcock assinou clássicos como Rebecca (1940), Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes (1958), Janela Indiscreta (1954) ou Psico (1960). A Taschen publicou uma nova edição do livro Alfred Hitchcock: The Complete Films, de Paul Duncan, um guia pela vida e obra do realizador londrino, desde os primórdios da sua carreira ao seu último filme, Family Plot (1976). Editado pela primeira vez em 2008, este livro de colecionador ressurge com novas e mais recentes imagens, onde se ilustram momentos dos 53 filmes de Hitchcock, bem como imagens das rodagens dos seus filmes mais emblemáticos pelas lentes de quem privou de perto com este cineasta. À venda na Taschen, €30.
Exibição imperdível

A 15 de maio, o Centro Cultural de Belém exibe Hamlet (1948), realizado, produzido e protagonizado por Laurence Olivier e o primeiro filme britânico a vencer o Óscar de Melhor Filme. Esta é uma aplaudida versão cinematográfica do clássico literário de Shakespeare que conta a história de um príncipe da Dinamarca tomado pelo sofrimento, raiva e loucura, à procura de vingar a morte do pai. A exibição (a partir de uma versão digital restaurada, em blu-ray) acontece no âmbito do ciclo de cinema William Shakespeare, no Pequeno Auditório do CCB, pelas 21 horas, e o bilhete custa €4,50.
