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Percentagem de mulheres portuguesas que amamentam em exclusivo até aos três meses sobe para 60%

Um maior número de especialistas em aleitamento materno e uma licença parental mais longa e partilhada estão entre as causas da subida.

Foto: D.R.
06 de outubro de 2017 às 10:37 Marta Carvalho

Segundo um estudo feito pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e pela Escola Nacional de Saúde Pública, a percentagem de mulheres que amamentam em exclusivo até aos três e quatro meses de vida dos filhos aumentou quase para o dobro nos últimos 20 anos (se em 1994 apenas 35% das mães o faziam, em 2014 registaram-se 60%). O estudo foi feito com uma amostra de 5.912 mulheres com idades entre os 15 e os 55 anos e teve como base quatro Inquéritos Nacionais de Saúde.

Esta mudança de números deve-se, em parte, à formação de especialistas em aleitamento materno que começou em 1994. Segundo Isabel Loureiro, uma das autoras do estudo que conversou com o jornal Público, "começou aí o esforço de consciencialização da necessidade de manter o bebé ao lado da mãe a seguir ao parto e de promover a amamentação para além dos primeiros dias de vida".

A ideia pré-concebida de que o peso dos bebés estava diretamente relacionado com a saúde dos mesmos também tinha levado muitas mães a acreditarem que o leite artificial, que engorda mais, seria melhor que o materno, o que não se verifica. "É impossível que o leite produzido artificialmente se aproxime em nutrientes e sabor ao leite materno", explica a professora catedrática da Escola Nacional de Saúde Pública. Cada vez mais informadas, as mães que geraram esta onda de amamentação exclusiva acabaram por influenciar a alteração da licença parental: agora vai dos 120 aos 180 dias e pode ser partilhada por ambos os pais, após as seis semanas de licença pós-parto a que a mãe tem direito.

Apesar de estar ainda longe da meta da OMS, que recomenda que os bebés sejam amamentados em exclusivo até aos seis meses de vida, Isabel Loureiro acredita que o país está num bom caminho. Salienta a importância de ser criada uma política oficial de promoção do aleitamento materno, que possa esclarecer quais as melhores práticas alimentares até aos dois anos de vida e que promova a formação dos profissionais que cuidam das crianças. Mas, mais importante, pede uma "vigilância maior do cumprimento da lei": garante que ainda existem muitas empresas onde a lei, que "já proporciona boas condições relativamente à licença paternal", não é cumprida.

Neste momento, existem em Portugal 15 hospitais certificados Amigos dos Bebés e um agrupamento de centros de saúde (ACES) em Oeiras. O objetivo é agora alargar a iniciativa a empresas e locais de lazer que possam promover o aleitamento materno ao criarem "um cantinho sossegado para amamentar" e ao oferecerem um sítio onde se possa guardar o leite extraído da mama, para que a norma seja alargada a todos os espaços de uso público.

 

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