Muitas vezes sentimo-nos ansiosos, quer seja porque temos um determinado prazo para entregar um trabalho importante, porque temos de ir a um sítio que nos deixa desconfortável ou até sem razão aparente, o que nos faz criar uma série de pensamentos e sensações negativas e pode levar a uma crise de ansiedade. Isto acontece quando "existem uma série de sintomas físicos que se alimentam uns aos outros, criando uma sensação de angústia e, muitas vezes, desespero", explica Inês Chiote Rodrigues, psicóloga clínica. A crise de ansiedade é caracterizada pela ocorrência de, pelo menos, quatro destes sintomas físicos. São eles "o batimento cardíaco acelerado, aperto no peito, medo intenso, dificuldade em respirar, náuseas, tremores, dores de cabeça, suores, calafrios, tonturas, confusão mental ou tensão muscular", enumera a psicóloga clínica.
"Uma crise de ansiedade corresponde, normalmente, a um estado de exaustão mental. Como tal, o nosso corpo vai dando uma série de sinais de que alguma coisa pode não estar bem. Quanto mais atentos estivermos a esses sinais, dando as respostas que o nosso corpo e mente precisam, menor a probabilidade de ter uma crise. É como se a crise de ansiedade fosse já o nosso corpo a gritar, porque não aguenta mais!", esclarece Inês Chiote Rodrigues. Pode acontecer a qualquer pessoa, embora sejam mais propensas de ocorrer em pessoas geneticamente predispostas para se sentirem ansiosas, perfis mais perfecionistas, dependentes de drogas ou medicamentos, ou devido a experiências traumáticas ou circunstâncias de vida mais stressantes.
Perante uma crise de ansiedade, um dos maiores erros cometidos é deixarmo-nos levar pelos pensamentos. "Se repararmos bem, a ansiedade é provocada, a maior parte das vezes, pela antecipação", começa por dizer a psicóloga. Somos invadidos por pensamentos como "não vou conseguir" ou "de certeza que aconteceu algo de mal e por isso é que ainda não me ligaram", "acabando por viver todo um filme mental com um cenário negativo (e às vezes de terror) que só nos deixa ainda mais ansiosos", explica. "Tanto na parte dos sintomas físicas como na parte dos pensamentos, tudo é uma questão de foco. Quanto mais nos focamos nessas sensações ou pensamentos, mais dimensão eles ganham."
Assim sendo, saiba o que fazer quando está perante uma crise de ansiedade e, melhor ainda, crie hábitos que evitem que esta aconteça.
Aprenda a normalizar
Independentemente da razão que a leva a ficar ansiosa, "frases como ‘o meu corpo está apenas a reagir, não me vai acontecer nada de mal’ ou ‘é normal estar ansioso porque só estou a pensar coisas negativas’ podem ajudar", aconselha Inês Chiote Rodrigues.
Ponha em prática técnicas de relaxamento
"Técnicas de relaxamento e distração são fundamentais para diminuir a ansiedade. Tente, nesses momentos, respirar mais lenta e profundamente, deitando todo o ar cá para fora. Ao mesmo tempo que exercitamos uma respiração mais lenta e profunda, o cérebro começa a enviar sinais ao corpo de que está tudo bem e não há perigo, pelo que o corpo começa a descontrair", explica. "Como a ansiedade é uma questão de foco, procurar retirar o foco dos sintomas e dos pensamentos é essencial. Tentar observar o que o rodeia e utilizar o raciocínio numérico para se distrair (conte quantas árvores vê, quantas cores diferentes vê) são apenas alguns exemplos que podem ajudar a acalmar."
Adote um estilo de vida saudável
Para prevenir as crises de ansiedade, Inês Chiote Rodrigues aconselha que adote os "três essenciais: alimentação, exercício físico e sono". Deve, portanto, "comer de três em três horas, pratos variados e com diferentes cores e nutrientes, assim como beber 1,5 litros de água por dia". No desporto, pratique-o com regularidade, "pois libertamos uma série de hormonas de bem-estar que nos acalmam", e não tem de ir ao ginásio, já que "caminhadas diárias de 30 minutos são suficientes para este efeito". Para descansar e repor energia para o novo dia, a psicóloga recomenda que "tentar dormir sete ou oito horas por dia é essencial".
Faça algo de que gosta
É importante que se envolva em atividades de lazer "que a ajudem a ‘desligar’ do piloto automático do dia a dia", tais como "ler, dançar, passear, cantar, estar com os amigos, tudo aquilo que a faça sentir-se melhor".
Medite
A meditação ajuda-a "a estar mais focada no momento presente e mais atenta a si, pelo que não se deixará levar tão facilmente por pensamentos negativos e conseguirá retirar maior prazer das coisas por estar mais no momento presente e não na antecipação constante que a deixa ansiosa", explica Inês Chiote Rodrigues. Para iniciar esta prática, há inúmeras aplicações para o telemóvel e livros que a podem ajudar.