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Nadia Murad e Denis Mukwege vencem Nobel da Paz

Os dois foram distinguidos pela contribuição crucial para a erradicação da violência sexual na guerra.

Foto: Ill. Niklas Elmehed. Nobel Media
05 de outubro de 2018 às 10:30 Aline Fernandez

O Prémio Nobel da Paz de 2018 foi entregue ao médico congolês Denis Mukwege e à ativista de direitos humanos Nadia Murad pelos seus esforços para acabar com a violência sexual enquanto arma de guerra. De acordo com o Comité Norueguês do Nobel, Nadia Murad e Denis Mukwege "fizeram uma contribuição crucial para combater este tipo de crimes de guerra". A iraquiana Nadia Murad ficou mundialmente conhecida por ter sido uma das yazidis (comunidade étnico-religiosa curda que pratica uma antiga religião sincrética, ligada às antigas crenças da Mesopotâmia) que foi capturada em 2014 pelo grupo extremista Daesh no Iraque e tornada escrava sexual. Aos 25 anos, é ativista dos direitos humanos contra esta violência e a sua luta rendeu-lhe o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, em 2016, com a também yazidi Lamiya Aji Bashar. As suas histórias trouxeram ao mundo um vislumbre da violência e do terror espalhados pelo Daesh à medida que o grupo expandia o seu controlo territorial no Iraque e na Síria. "Nadia é a testemunha que denuncia os abusos cometidos contra si e outras", declarou Berit Reiss-Andersen, a porta-voz do Comité Norueguês do Nobel. 

Já o médico ginecologista congolês Denis Mukwege, de 63 anos, foi distinguido por décadas de trabalho com mulheres vítimas de violação na República Democrática do Congo. Há vários anos que o seu nome tem estado entre os nomeados para o prémio. Desde 1999, Mukwege fundou o Hospital Panzi na sua terra natal, onde se fazem cirurgias reconstrutivas a dezenas de milhares de mulheres que foram violadas durante a guerra civil que assolou o país durante dois anos e meio. Para Reiss-Andersen, Denis Mukwege tornou-se o "símbolo mais unificador da luta para acabar com a violência sexual nas guerras". 

Os dois galardoados deste ano já haviam recebido em anos anteriores o Prémio Sakharov para os direitos humanos, atribuído pelo Parlamento Europeu. 

Denis e Nadia venceram entre as 331 candidaturas para o Nobel da Paz de 2018 (216 das quais individuais e 115 inscrições de organizações), o segundo maior número de candidatos de sempre. O recorde foi atingido em 2016, com 376 candidaturas.

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