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João Lázaro, diretor da APAV: “A violência doméstica é um problema coletivo”

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres conversámos com o diretor da APAV sobre uma das mais graves questões sociais do nosso tempo.

João Lázaro
João Lázaro
25 de novembro de 2017 às 21:31 Carlota Morais Pires

Entre 2013 e 2016 a APAV registou um total de 29.619 processos de apoio a vítimas de violência doméstica em Portugal. As estatísticas dizem-nos que 85,5% destas queixas são apresentadas por mulheres. Têm entre 36 e 45 anos, são casadas e parte integrante de uma família nuclear, com filhos. "Se olharmos para os números, percebemos que as vítimas são quase na sua totalidade do sexo feminino, mas também é importante ter em conta que estes dados refletem os casos denunciados e que ainda há um enorme estigma a associar a violência à masculinidade", explica João Lázaro, presidente da direção da APAV, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. "Naturalmente, o nosso enquadramento cultural tem um grande impacto nos casos de violência. Quando os homens são vítimas de violência raramente a denunciam." Em entrevista à Máxima, João Lázaro avança ainda que quase 35% das situações de violência doméstica ocorrem entre cônjuges, 15,6% acontecem entre companheiros e 12,5% dos casos registados denunciam situações em que os filhos são violentos com os pais.

"A violência doméstica abrange muito mais do que os maus tratos físicos a que normalmente a associamos ? 40% das queixas denunciam situações de maus tratos psicológicos e verbais, mas que também existem quando a violência é física. A ofensa e a humilhação fazem parte da relação que é estabelecida pelo agressor, que quer isolar a vítima e afastá-la do seu círculo social, isto é, minar as relações com a família e amigos, criar insegurança e baixar a autoestima. Muitas vezes a vítima é manipulada para que deixe de trabalhar e, desta forma, fique dependente do agressor, não só emocionalmente como financeiramente", explica o diretor da APAV, alertanto para o perfil dos casos mais comuns que tem acompanhado de perto nos últimos anos. 

Os números parecem não enquadrar ou corresponder à perspetiva do que será uma sociedade ocidental do século XXI, mas João Lázaro garante que os dados estatísticos não revelam uma subida dos casos de violência ? apenas um aumento significativo das denúncias, o que é, ainda assim, um sinal de transformação. "É necessária uma mudança de mentalidades, tem de ser maior, mas penso que já estamos a fazer esse caminho. As pessoas deixaram de virar a cara para o lado para começarem a denunciar os casos de violência à sua volta. Recebemos chamadas com denúncias de familiares e amigos, mas também de vizinhos e colegas de trabalho. A violência doméstica passou a ser um problema coletivo e é muito importante que assim seja." 

Importa também estar atento aos primeiros sinais, a começar precisamente pelo isolamento social, mas também pela ansiedade e dificuldade de concentração, sentimento de culpa, depressão, perturbações do sono, mudanças súbitas de humor, raiva e medo. "A APAV está preparada para dar apoio psicológico às vítimas, mas também para ajudá-las a encaminhar todo o processo jurídico que é necessário em casos conjugais, por exemplo", esclarece João Lázaro. 

"A solução para a violência doméstica passa pela educação das novas gerações, porque é uma questão que ainda está essencialmente associada à existência de uma sociedade patriarcal e ao domínio masculino. A desigualdade de género ainda está na raiz do problema e são impressionantes os casos de violência no namoro, já na adolescência." 

Este sábado, dia 25 de novembro, assinala-se o Dia Internacional da Violência Contra as Mulheres, decretado pela Assembleia das Nações Unidas em 1999.   

"A violência doméstica abrange muito mais do que os maus tratos físicos a que normalmente a associamos ? 40% das queixas denunciam situações de maus tratos psicológicos e verbais, mas que também existem quando a violência é física. A ofensa e a humilhação fazem parte da relação que é estabelecida pelo agressor, que quer isolar a vítima e afastá-la do seu círculo social, isto é, minar as relações com a família e amigos, criar insegurança e baixar a autoestima. Muitas vezes a vítima é manipulada para que deixe de trabalhar e, desta forma, fique dependente do agressor, não só emocionalmente como financeiramente", explica o diretor da APAV, alertanto para o perfil dos casos mais comuns que tem acompanhado de perto nos últimos anos. 

Os números parecem não enquadrar ou corresponder à perspetiva do que será uma sociedade ocidental do século XXI, mas João Lázaro garante que os dados estatísticos não revelam uma subida dos casos de violência ? apenas um aumento significativo das denúncias, o que é, ainda assim, um sinal de transformação. "É necessária uma mudança de mentalidades, tem de ser maior, mas penso que já estamos a fazer esse caminho. As pessoas deixaram de virar a cara para o lado para começarem a denunciar os casos de violência à sua volta. Recebemos chamadas com denúncias de familiares e amigos, mas também de vizinhos e colegas de trabalho. A violência doméstica passou a ser um problema coletivo e é muito importante que assim seja." 

Importa também estar atento aos primeiros sinais, a começar precisamente pelo isolamento social, mas também pela ansiedade e dificuldade de concentração, sentimento de culpa, depressão, perturbações do sono, mudanças súbitas de humor, raiva e medo. "A APAV está preparada para dar apoio psicológico às vítimas, mas também para ajudá-las a encaminhar todo o processo jurídico que é necessário em casos conjugais, por exemplo", esclarece João Lázaro. 

"A solução para a violência doméstica passa pela educação das novas gerações, porque é uma questão que ainda está essencialmente associada à existência de uma sociedade patriarcal e ao domínio masculino. A desigualdade de género ainda está na raiz do problema e são impressionantes os casos de violência no namoro, já na adolescência." 

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