Elle Fanning ilumina um dia chuvoso no novo filme de Woody Allen
Timothée Chalamet, Selena Gomez e Jude Law também fazem parte do elenco de ‘Um dia de Chuva em Nova Iorque’, que estreia nos cinemas nacionais a 24 de outubro.

O protagonista do novo e 50º filme de Woody Allen como realizador e argumentista é interpretado pelo charmoso Timothée Chalamet, que consegue exibir uma sensibilidade casual e ao mesmo tempo estranha, um retrato dos Millennials de hoje. Chalamet dá vida a Gatsby Welles, de uma família rica de Manhattan, brilhante mas sem direção, que está a frequentar a sua segunda universidade, a fictícia Yardley College em Nova Iorque. Sem esforço, ganha milhares de dólares cada vez que se senta para um jogo de póquer e namora com a estudante de jornalismo Ashleigh Enright, divertidísisma na pele de Elle Fanning, numa atuação carismática e cómica.
A jovem, também rica, é do Arizona e tem a oportunidade de ir à Manhattan entrevistar o realizador Roland Pollard (Liev Schreiber). Gatsby faz planos perfeitos para um fim de semana na cidade, que incluem hotéis de luxo, refeições sofisticadas e cocktails ao som de piano e jazz. Só que Ashleigh embarca numa longa aventura com Roland, Ted Davidoff (Jude Law), o argumentista de um filme inacabado, e Francisco Vega (Diego Luna), um famoso ator e galã, que disputam a sua atenção. Ao ver o seu fim de semana romântico arruinado com a mesma rapidez com que o dia solarengo se transforma num dia chuvoso, Gatsby percorre as ruas de Manhattan e acaba por participar numa curta-metragem de um amigo, na qual, beija Chan (Selena Gomez), a irmã mais nova de uma ex-namorada.

O argumento de comédia romântica é leve, como deveria, mas os atores conduzem-no de uma maneira tão natural que, por vezes, sentimos que estamos ao lado de dois jovens a conversar num ritmo acelerado e excitante. Um dia de Chuva em Nova Iorque oferece-nos 92 minutos do esplendor e luxo de Manhattan, principalmente pelo trabalho do galardoado diretor de fotografia Vittorio Storaro, vencedor de três Óscares de Melhor Fotografia pelos filmes Apocalypse Now, Reds e O Último Imperador. Storaro e Allen trabalham juntos desde 2016 em Café Society e, provavelmente, fazem o seu melhor trabalho em equipa aqui. As personagens e a narrativa têm um quê de pertencerem a outra época, com a cinematografia digital fosca e brilhante – e também pelos aforismos de Cole Porter nos diálogos – e, ao mesmo tempo, encaixam-se na realidade de 2019. Se tiver de ter apenas uma cena em mente, tenha toda atenção na beleza da fotografia na momento em que Timothée Chalamet e Selena Gomez coversam dentro do carro, e a chuva começa a bater no vidro. É quase poético.
Woody Allen perde pontos talvez por ter forçado um final feliz coxo, mas que pode ser um triunfo aos amantes dos happy endindgs - trata-se de uma comédia romântica afinal.
O movimento #MeToo e a polémica antes do filme
"Eu trabalhei com centenas de atrizes; nenhuma delas jamais se queixou de mim, nem uma única reclamação. Trabalhei com mulheres, dei-lhes trabalho nas melhores posições, em todas as posições, há anos, e sempre lhes pagamos exatamente o mesmo do que aos homens ", disse Allen em entrevista à France24. "Fiz tudo o que o movimento #MeToo gostaria de alcançar", rematou.
Woody Allen voltou a estar envolvido em polémica devido ao suposto assédio sexual que teria cometido em 1991 contra a sua filha adotiva, Dylan Farrow, quando a mesma tinha apenas 7 anos. Na sequência do movimento #MeToo e do surgimento das denúncias de assédio sexual, Dylan tem sido extremamente sincera sobre as suas reivindicações contra Allen, questionando constantemente através dos media e das redes sociais o porquê de tantas atrizes continuarem a trabalhar com Allen, apesar das alegações.
Scarlett Johansson, que protagonizou Vicky Cristina Barcelona (2008) e vários outros filmes de Allen, já defendeu o realizador em público, afirmando que o adorava e que gostaria de voltar a trabalhar com ele a qualquer momento. Contudo, com o ressurgimento das suspeitas, a Amazon Studios chegou a cancelar a exibição do filme Um dia de Chuva em Nova Iorque nos Estados Unidos da América e dois atores, Timothée Chalamet e Rebecca Hall, afirmaram que se arrependeram de ter trabalhado com o realizador. Chalamet usou o seu Instagram para anunciar que não quer lucrar com o filme e que doará o seu ordenado ao movimento TIME’S UP, ao Centro LGBT em Nova Iorque e a RAINN (Rape, Abuse & Incest National Network, em português Rede Nacional de Assistência a Vítimas de Violação, Abuso e Incesto).
