A enigmática aura de desgraças que paira sobre o Cecil Hotel
Vale a pena ver todos os episódios do novo documentário da Netflix porque mais do que crime, mistério, drama e atividade paranormal, fala-se sobre saúde mental. Atenção, este artigo contém spoilers.
O novo documentário da Netflix Crime Scene: The Vanishing at the Cecil Hotel, dividido em quatro episódios, recupera a história de Elisa Lam, uma jovem canadiana que desaparece de forma misteriosa num dos mais famosos hotéis da zona de Skid Row, na baixa de Los Angeles. Erguido nos anos 20 do século passado, o Cecil Hotel tem um histórico de episódios arrepiantes relacionados com o submundo do crime, tendo, ao longo dos anos, estado associado à prostituição, a suicídios e homicídios, a drogas e assaltos. Além de contar este lado da história do hotel, o documentário foca a narrativa trágica que levou à morte de Elisa Lam, em 2013, aquando da sua estada num dos quartos.
A tragédia gerou teorias para todos os "estômagos", das mais óbvias às mais macabras e bizarras. Os factos são os seguintes: Eliza vivia no Canadá e decidiu fazer uma viagem sozinha pela chamada costa californiana, e um dos locais onde se hospedou foi, claro está, o Cecil Hotel, que na altura tinha uma divisão de alojamento dedicada a jovens viajantes, a Stay on Main.
Após passear uns dias pela cidade, Eliza desaparece misteriosamente durante duas semanas, até ser encontrada morta (spoiler alert) dentro de um dos repositórios de água no terraço do Cecil por um dos funcionários da manutenção e depois de alguns hóspedes se terem queixado do sabor "estranho" da água. A polícia de Los Angeles começou a investigação, e os internautas, paralelamente, também. O caso intrigou toda a comunidade de Los Angeles e do mundo, pelo cariz bizarro das ditas sincronicidades dos acontecimentos. Uma das provas visuais que chamou a atenção da imprensa internacional foi um vídeo captado no elevador do hotel. em que Elisa parece estar confusa, a fugir de alguém, e a interagir com as mãos de forma estranha e anormal. O vídeo, de cerca de cinco minutos, foi visto milhões de vezes e analisado centenas de vezes.
Embora existam teorias que apontam para homicídio ou para desfechos mais paranormais, a equipa de peritos que realizou a autópsia concluiu morte acidental por afogamento. O facto de Elisa sofrer de doença bipolar I (o tipo mais grave) e de estar a tomar quatro medicações diferentes levou os peritos a realizar um exame toxicológico que concluiu a ausência de drogas ou álcool, mas uma dose de medicação muito abaixo daquela que Elisa deveria estar a tomar. À medida que a série caminha para os últimos minutos, conseguimos perceber a severidade da doença de Elisa, que chegou a ter episódios de paranoia, segundo os relatos da irmã, com quem vivia. Além de ter sido mais do que uma vez hospitalizada, a família também adiantou que não era a primeira vez que Elisa deixava de tomar as doses dos comprimidos que lhe eram prescritos. Não se sabe, como reforçam os especialistas ao longo do documentário, se foi essa a razão que levou à sua morte, que permanece um enigma e um mistério.
Como se o caso em si não fosse bizarro o suficiente, o facto de ter sido encontrada despida, e a boiar com o corpo virado para cima, dentro do tanque, e com o alçapão deste fechado, são dados que adensam, e acrescentam tensão, a esta tragédia. Além disto, na altura em que o corpo de Elisa foi descoberto, havia um surto de tuberculose neste mesmo bairro do hotel, o Skid Row, e o nome do teste que foi feito em massa aos habitantes chamava-se Lam-Elisa (o nome da vítima ao contrário).

Sabe-se ainda que um dos últimos locais visitados por Elisa foi a livraria The Last Bookstore, e que as coordenadas do registo do domínio online da livraria (V5G 4S2, cortesia de um hacker) correspondem às coordenadas físicas do cemitério Forest Lawn Memorial Park, em Burnaby, Canadá, onde Elisa está sepultada. Mas as coincidências, ou a sincronicidade – como lhe chamam os internautas – não ficam por aqui. Também há semelhanças com o argumento de um filme com Jennifer Connelly. E mais não dizemos. Veja por si, na Netflix.

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