'Cruella', um filme da Disney sem princesas nem romance
Emma Stone é escandalosamente má neste live-action dedicado à história de uma das suas personagens mais marcantes da Disney, aqui em versão punk e com um guarda-roupa a matar.
Chegou finalmente o momento de um vilão da Disney ter direito ao seu próprio filme e a escolha não podia ser mais deliciosa. "Nasci má e ligeiramente louca", diz Emma Stone no tom divertidamente perverso da sua Cruella e está dado o mote do novo live-action da Disney. Há sarcasmo e sentido de humor, mas também tristeza, amizade e linhas cinzentas – apesar de Emma Thompson como Baroness ser claramente a má da fita, ninguém aqui é perfeito. Afinal, não se pode olhar para o mundo a preto e branco, mesmo que o famoso cabelo de Cruella nos diga o contrário.
Realizado por Craig Gillespie (Eu, Tonya), o filme segue a história de Cruella desde a infância, quando ainda se chamava Estella, época em que já se debatia com os seus dois lados de menina mal comportada que tenta corresponder às expetativas da mãe. O destino troca-lhe as voltas e Estella acaba por se juntar a um grupo de criminosos – assalta de dia e cria roupa quando pode, é uma artista. Para Emma Stone, foi uma alegria deixar-se levar por uma personagem tão exagerada, mas que ao mesmo tempo sabe o que quer, comenta na apresentação à imprensa, através do Zoom, e por isso não teve grandes dúvidas em aceitar. "Na verdade, não foi um processo assim tão direto. Há quatro anos, existia uma ideia da Disney que foi passando por vários argumentistas e várias propostas e a certa altura senti até que poderíamos nunca fazer o filme. É que apesar de ser uma personagem tão divertida e interessante, em que mundo é que a queríamos colocar? Acho que o facto de termos escolhido os anos 70 mostra que ela é a Cruella dos 101 Dálmatas, mas também não é, porque criamos toda uma nova história para ela", diz a atriz.


Por razões que ficamos a conhecer logo no início do filme, a grande obsessão de Estella é vingar-se de Baroness, designer de Moda implacável e influente, uma Emma Thompson a divertir-se como nunca. "Há vários anos que queria fazer uma vilã a sério", diz a atriz inglesa na mesma conferência de imprensa. Passei décadas a interpretar aquilo a que a minha mãe chama ‘boas mulheres a usar vestidos’. E agora pude interpretar uma mulher má a usar vestidos! Oh meu deus e que vestidos! Na verdade eles vestiam-me a mim." São também da Baroness os dálmatas que dão nome ao clássico de 1996 e que Cruella odeia anos mais tarde, mas não vamos fazer spoiler.


A viagem à Londres dos anos 70 vai da banda-sonora, cheia de clássicos da época, à Moda – punk com traços de Vivienne Westwood e Alexander McQueen, pensada pela responsável de guarda roupa do filme, Jenny Beavan, que viveu a sua juventude precisamente nesta década. "Não sou uma designer de moda, mas uma contadora de histórias através da roupa", disse aos jornalistas na mesma apresentação do filme. "Na verdade, na minha vida real, não tenho interesse em roupa. Eu adoro é contar histórias através dela." Só Emma Stone muda 47 vezes de look, entre um vestido que muda de cor com fogo e outro que implica a sua chegada num camião do lixo. Divertimento sem culpas, portanto.

Por muitas diferenças que existam entre as duas grandes protagonistas do filme, Stone e Thompson concordam num ponto: há qualquer coisa de punk numa mulher forte. "Ficou sempre muito interessada no lado negro de uma personagem feminina porque é muito raro aparecer as personagens femininas poderem ser assim", diz Thompson. "Todas devemos ser simpáticas e boazinhas. E más mães são simplesmente imperdoáveis." Stone acrescenta: "É um filme sobre como as nossas fraquezas se podem transformar na nossa força."

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