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Contado por Mulheres. Clássicos da literatura lusófona são adaptados pelo olhar feminino

Laura Seixas, Rita Barbosa, Diana Antunes, Anabela Moreira e Maria João Luís são as realizadoras dos cinco telefilmes que chegam em maio ao ecrã.

Foto: Ukbar Filmes
27 de abril de 2023 Inês Aparício

De entre milhares de livros que têm como casa as estantes das bibliotecas, alfarrabistas, críticos literários e universitários, dez foram escolhidos para serem adaptados ao grande ecrã, por vozes e interpretações femininas. Daí, surgiu o Contado por mulheres, um projeto que desafiou dez artistas de diferentes áreas a dar vida a essas histórias. As primeiras cinco já estrearam no final de 2022 e a segunda leva de películas chega, agora em maio, às quartas-feiras, à RTP, em horário nobre.

É no dia 3 do próximo mês, pelas 21 horas, que o primeiro telefilme pode ser visto no canal público. A sua realização esteve a cargo de Laura Seixas, que reinterpretou Serpentina, inspirado no livro homónimo de Mário Zambujal. Passada em Oliveira do Hospital, no ano de 1995, a narrativa decorre em torno de "um guionista à procura de inspiração, um ator fracassado a tentar voltar à ribalta e uma mala de dinheiro escondida numa chaminé", é descrito em comunicado.

Segue-se Jogos de Enganos, uma história inspirada no livro Pequenos Burgueses, de Carlos de Oliveira. Rita Barbosa pegou no leme deste telefilme, que regressa à Alcobaça de 1943, para "uma comédia de maus costumes e boas famílias". Depois é a vez de Pio dos Mochos, que partiu da obra de Soeiro Pereira Gomes, Contos Vermelhos, para ganhar uma nova vida pelas mãos de Diana Antunes.

A quarta-feira seguinte é dedicada a Há-de Haver uma Lei. Anabela Moreira pegou no livro com o mesmo título, de Maria Archer, e criou "um jogo de intrigas familiar, com uma morte por desvendar". Para terminar este ciclo de telefilmes, chega ao ecrã A Hora dos Lobos, realizado por Maria João Luís. Com base na Alcateia, de Carlos de Oliveira, a também atriz mergulhou na vida de um pescador de Cantanhede, Leandro, "que acaba numa quadrilha procurada por toda a vila".

Todas estas películas surgiram de um desafio lançado, quer pela RTP, quer pela Pandora da Cunha (Ukbar Filmes), para encontrarem pequenas histórias de autores lusófonos que representassem a realidade portuguesa dos últimos 100 anos e mostrassem como evoluiu nesse tempo.

Houve uma procura por descentralizar as narrativas, saindo dos principais centros urbanos e deslocando-se para a região centro, com uma "diversidade histórica, cultural e paisagística que os telefilmes precisavam". Foi assim que as gravações acabaram em Oliveira do Hospital, Alcobaça, Miranda do Corvo, Tomar e Cantanhede.

No que diz respeito à primeira temporada, a estreia ficou marcada a 16 de novembro de 2022 e contou com filmes realizados por Sofia Teixeira Gomes, Ana Cunha, Cristina Carvalhal, Daniela Ruah e Fabiana Tavares.

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Educação, Telefilmes, Mulheres, Literatura, Cinema, Descentralização, Portugal
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