Concertos & discos para setembro
Concertos imperdíveis de ícones como Maria João Pires ou Maria Bethânia, ou discos novos de emblemáticos nomes como Pixies ou Iggy Pop - conheça o roteiro musical do mês.
Recomeços sonoros
O fim do verão está longe de assinalar o fim de uma temporada musical: a rentrée traz outras sonoridades com uma nova vaga de concertos promissores. Ausente dos palcos nacionais há algum tempo, Maria João Pires abre uma exceção e regressa ao alinhamento da Gulbenkian Música, na companhia da soprano arménia Talar Dekrmanjian, para um concerto inédito a 23 de setembro. É um dos três recitais que a brilhante pianista portuguesa traz à Gulbenkian (bilhetes a partir de €24). Antes, é a vez da inconfundível voz de Maria Bethânia encantar os palcos do Coliseu do Porto, a 14, e do Coliseu de Lisboa, a 18 e 19 (a partir de €25). Yann Tiersen encerra o trio de imperdíveis para este mês e tem encontro marcado a 29, no Campo Pequeno, em Lisboa, e a 30, no Coliseu do Porto (a partir de €20).

Clássicos infalíveis
Há nomes impossíveis de esquecer na música por mais anos que passem. É o caso de Devendra Banhart, cuja peculiar sonoridade dentro do folk psicadélico continua ser inimitável, a qual revela o seu décimo disco, Ma, que tem um twist de música country (a 13). A história repete-se com Iggy Pop, a lendária voz de The Passenger ou de Lust for Life, que em fim de carreira pede "liberdade" com o álbum Free (a 6). "Queria ser livre. Vivi a minha vida, até agora, na crença de que esse sentimento é tudo o que vale a pena perseguir; tudo o que se precisa – não de felicidade ou amor necessariamente, mas a sensação de ser livre", disse, de acordo com a editora discográfica. Também a lendária banda de rock Pixies apresenta um disco disruptivo, Beneath the Eyrie (a 13), que se fará ouvir na capital a 25 de outubro, no Campo Pequeno.
Dueto imperdível

Há uma linguagem que liga Pedro Burmester a Mário Laginha: é a da música clássica que é a base de formação de ambos. E a partilha de um talento sem medidas. Amigos, cúmplices e autores de um disco em conjunto (Duetos, 1994) e com vivências de 20 anos a partilhar palcos, estes artistas juntam-se para um concerto a quatro mãos. A 20 de setembro reúnem-se no CCB para um concerto cujo repertório inclui o Grande Tango, de Astor Piazzola, o Concerto para dois pianos, de Mário Laginha, a Balada n.º 1 op. 23, de Chopin, na sua abordagem clássica (Pedro Burmester a solo) e na versão de Mário Laginha (solo), incluída no CD Mongrel, o Prelude a l’après midi d’un faune, de Debussy, e La valse, de Maurice Ravel. A partir de €20, às 21h30.
Vozes do Brasil
Raro é quando um artista grava um disco e não tem, antes, uma série de músicas naquele mundo a que chamamos de cibernético, em canais como o YouTube ou o Spotify. Com Tainá, jovem artista oriunda da Nova Marabá, no Pará, o segundo maior estado do Brasil, foi diferente. Sonhos é o nome do seu disco de estreia e pouco – ou muito pouco – se sabe sobre esta jovem com voz de embalar, a não ser que lutou – e muito – para se formar em Música, tendo de trabalhar como secretária de um instituto de música, em São Paulo, para poder ir às aulas (e acordando todos os dias às 5 horas). Sabe-se também que, recentemente, surpreendeu o músico norueguês Erlend Oye (do coletivo The Kings of Convenience) que a ouviu cantar à porta do Capitólio, em Lisboa, o cineteatro onde o artista ia dar um concerto (convidando-a, depois, para atuar nas primeiras partes dos seus próximos concertos, em Portugal). Com 22 anos, Tainá tem descendência indígena e morou em várias partes do Brasil antes de se estabelecer com a família em Portugal. A 12 de setembro canta no Convento de São Francisco, em Coimbra (bilhetes a €5).

Shining star
Um ícone consagrado e imortal para algumas gerações, Bruce Springsteen (New Jersey, EUA, 1949) celebra o seu septuagésimo aniversário em setembro (a 23). Premiado com várias distinções, inclusive 20 Grammys (e nomeado para 50) e um Óscar de Melhor Canção Original, Streets of Philadelphia, para o filme Filadélfia, de 1993, Springsteen lançou recentemente o álbum Western Stars que é muito aplaudido pela crítica (o seu décimo nono). Em Bruce Springsteen: From Asbury Park, to Born To Run, to Born In The USA, uma edição especial da Rizzoli, estão reunidos mais de 150 retratos da autoria de David Gahr que, de forma nostálgica e emocionante, revelam um jovem Bruce Springsteen em raros momentos fora e em cima do palco. Desde as gravações do disco The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle, com a E Street Band, aos ensaios antes do lançamento do inédito e premiado Born to Run, de 1975, até à tour deste disco, Gahr imortalizou mais de uma década (1973-1986) em fotografias que neste livro surgem a par da narrativa de Chris Murray. À venda em www.rizzoliusa.com, por $39,95.
